UFSCar realiza pesquisa inédita sobre sal do Himalaia

Sorocaba, São Carlos
Composição e autenticidade do sal são os principais focos do estudo
Um oceano que secou há mais de 200 milhões de anos, na Cordilheira do Himalaia, no continente asiático, originou um sal puro, sem poluição, de cor rosa e com mais de 80 elementos. Essas são algumas características do famoso sal do Himalaia, cada vez mais popular no Brasil. O tema, ainda pouco estudado, tem sido foco de pesquisas do grupo "Modelagem computacional do estado sólido", cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e liderado pela professora Corinne Arrouvel, do Departamento de Física, Química e Matemática (DFQM-So) do Campus Sorocaba da UFSCar.

"O mercado do 'sal de luxo' está crescendo no Brasil. O preço do sal de Himalaia pode ser muito alto [até R$ 300 por kg] e muitas dúvidas estão sendo levantadas sobre sua origem, sua cor e os efeitos do consumo sobre a saúde", explica a professora. "A cor rosa vem do ferro oxidado, sem dúvida. Estou querendo comprovar isso de maneira científica", especifica a professora; além do sódio e do cloro, ela já identificou 11 elementos no sal, entre eles, cálcio, magnésio, potássio e ferro.

"Nosso projeto busca identificar a composição do sal e, também, as diferenças-chave entre sais coloridos falsos e sais verdadeiros". Inclusive, um artigo inédito, intitulado "Sais coloridos falsos e verdadeiros: o caso do sal rosa do Himalaia", já foi submetido para publicação em uma revista científica por Arrouvel e sua equipe, que é composta por Vinicius Poppst, aluno do curso de licenciatura em Biologia; Yara Santos, Karen Ouverney dos Santos e Heloisa Cristine Cruz, estudantes da licenciatura em Química; e Ronaldo Pinheiro, técnico do DFQM-So, da UFSCar.

Autenticidade
Para garantir a autenticidade do sal do Himalaia, Arrouvel indica que o consumidor pode pedir nas lojas um documento com CNPJ da empresa distribuidora. Em casa, para aferir se o sal é verdadeiro, é possível realizar processos de filtração, decantação ou testes com ácidos e bases, procedimentos descritos em detalhes no artigo. "O sal do Himalaia não reage a soluções ácidas e básicas. O falsificado pode mudar até de cor", compara a pesquisadora. No teste de filtragem, no qual uma solução de sal com água passa por um filtro de papel, a mistura sai limpa, se o sal for verdadeiro. Já no processo de decantação, uma mistura de sal com água deve descansar, no mínimo, duas horas. Depois da decantação, a água fica clara (e não colorida). Caso fique colorida, é indício de sal falsificado.

Além disso, de acordo com Arrouvel, "a fórmula do sal comum é NaCl (cloreto de sódio) com iodo adicionado. Não há os minerais na composição do sal refinado. Já o sal do Himalaia contém oligoelementos e minerais bons para a saúde". Mas a professora faz um alerta: "O problema é que o brasileiro consome sal demais". Para ela, a popularidade do sal do Himalaia é fruto de ações em marketing, uma vez que existem outros sais da mesma categoria como, por exemplo, o sal rosa do Peru.

Futuramente, a pesquisadora da UFSCar busca obter financiamento para valorizar o trabalho em encontros nacionais com a equipe; para poder estudar outros sais por meio de análises químicas, com equipamentos de melhor exatidão; e também para desenvolver colaborações internacionais. "Tenho uma colaboração em andamento na Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima. Com isso, poderei obter o sal rosa do Peru e comparar os minerais presentes nesse sal com os minerais do sal de Himalaia", conclui Arrouvel.
06/11/2017
13:00:00
25/11/2017
23:59:00
Denise Britto
Não
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Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Pesquisa já identificou mais de 11 elementos no sal do Himalaia (Foto: Pixabay)
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