Crítica de cinema e repressão são temas de livro recém-lançado
São Carlos
Obra, de autoria de pesquisadora da UFSCar, analisa os principais textos sobre cinema publicados no Jornal Opinião
Como forma de resistência política ao Regime Militar, na seção de cinema do Jornal Opinião escreveram críticos como Jean-Claude Bernardet, Sérgio Augusto, Gustavo Dahl, José Carlos Avellar, Marcos Ribas de Faria e Clóvis Marques. O jornal utilizava várias estratégias para a transmissão de discursos políticos por causa da ditadura, além de ter sido pioneiro no pensamento progressista de esquerda e no debate sobre o cinema brasileiro. Uma análise de textos publicados nessa seção é o mote do livro "Crítica de cinema e repressão - Estética e política no jornal alternativo Opinião", de autoria de Margarida Maria Adamatti, pós-doutoranda na UFSCar, e que está sendo lançado pela Editora Alameda, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O Jornal Opinião foi um dos mais importantes veículos da imprensa alternativa. Criado como parte da oposição ao Regime Militar, o semanário sofreu com intensa censura prévia, prisões, ameaças de morte e um atentado a bomba. Contra a forte repressão, o jornal respondia com textos de jornalistas e intelectuais de renome, que são referência até hoje. Assim foi composta uma diversificada Tribuna da Opinião, pioneira no pensamento progressista de esquerda, que recebia forte censura estendida aos críticos colaboradores. Por exemplo, Jean-Claude Bernardet, professor da Universidade de São Paulo (USP) cassado pelo AI-5, muitas vezes precisava escrever com o pseudônimo Carlos Murao.
O livro analisa os principais textos sobre cinema publicado pelos críticos, com atenção especial ao método de análise da crítica de cinema. "Realizei entrevistas com os críticos do jornal, com os editores de cultura e tive acesso ao acervo de Jean-Claude Bernardet, com cartas, rascunhos e cadernos de anotações. Nas entrevistas, os críticos me contaram detalhes sobre os bastidores do jornal, o dia a dia da seção de cinema e os casos de censura. Nessas histórias é possível observar como os debates internos e as tensões da esquerda se fazem presentes nos textos", conta Adamatti. Dessa forma, a obra preenche uma lacuna sobre como era o exercício da crítica de cinema sob repressão e quais eram as ferramentas encontradas para informar o público sobre o cinema político e realizar a resistência na área cultural.
A autora é professora de cinema e jornalismo. Mestre e doutora pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, é pesquisadora de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som (PPGIS) da UFSCar. Dedica-se ao estudo das interfaces entre crítica cinematográfica, jornalismo, star system e história do cinema brasileiro. O livro "Crítica de cinema e repressão" é resultado da sua tese de doutorado, que contou com apoio da Fapesp e representa a somatória de mais de dez anos de trabalho sobre a crítica brasileira de cinema. Mais informações podem ser obtidas neste link.
O Jornal Opinião foi um dos mais importantes veículos da imprensa alternativa. Criado como parte da oposição ao Regime Militar, o semanário sofreu com intensa censura prévia, prisões, ameaças de morte e um atentado a bomba. Contra a forte repressão, o jornal respondia com textos de jornalistas e intelectuais de renome, que são referência até hoje. Assim foi composta uma diversificada Tribuna da Opinião, pioneira no pensamento progressista de esquerda, que recebia forte censura estendida aos críticos colaboradores. Por exemplo, Jean-Claude Bernardet, professor da Universidade de São Paulo (USP) cassado pelo AI-5, muitas vezes precisava escrever com o pseudônimo Carlos Murao.
O livro analisa os principais textos sobre cinema publicado pelos críticos, com atenção especial ao método de análise da crítica de cinema. "Realizei entrevistas com os críticos do jornal, com os editores de cultura e tive acesso ao acervo de Jean-Claude Bernardet, com cartas, rascunhos e cadernos de anotações. Nas entrevistas, os críticos me contaram detalhes sobre os bastidores do jornal, o dia a dia da seção de cinema e os casos de censura. Nessas histórias é possível observar como os debates internos e as tensões da esquerda se fazem presentes nos textos", conta Adamatti. Dessa forma, a obra preenche uma lacuna sobre como era o exercício da crítica de cinema sob repressão e quais eram as ferramentas encontradas para informar o público sobre o cinema político e realizar a resistência na área cultural.
A autora é professora de cinema e jornalismo. Mestre e doutora pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, é pesquisadora de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som (PPGIS) da UFSCar. Dedica-se ao estudo das interfaces entre crítica cinematográfica, jornalismo, star system e história do cinema brasileiro. O livro "Crítica de cinema e repressão" é resultado da sua tese de doutorado, que contou com apoio da Fapesp e representa a somatória de mais de dez anos de trabalho sobre a crítica brasileira de cinema. Mais informações podem ser obtidas neste link.
07/10/2019
13:00:00
26/10/2019
23:59:00
Fabricio Mazocco
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
A autora é pesquisadora da UFSCar. (Imagem: Reprodução)
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