UFSCar desenvolve sensores adesivos e tinta condutora de baixo custo

São Carlos
Tecnologia mais barata e ecológica está disponível para licenciamento
Novos sensores adesivos e descartáveis para aplicações eletroanalíticas, a partir de tinta condutora de verniz automotivo e grafite em pó, estão sendo propostos por pesquisadores da UFSCar como método alternativo mais barato e ecológico. A proposta consiste no uso de uma tinta condutora que, quando depositada sobre uma folha de papel adesivo, forma uma película fina em sua superfície - estável e sólida - compondo "eletrodos adesivos". A tecnologia permite a construção de novas arquiteturas de sensores eletroquímicos que podem ser colados sobre superfícies inertes - tais como papel, papelão, PET, PVC, entre outras - possibilitando a utilização de inúmeras bases para o desenvolvimento de pesquisas com sensores ou biossensores.

Intitulada "Dispositivos eletródicos adesivos para aplicações eletroquímicas e método de obtenção", a patente de autoria dos pesquisadores Bruno Campos Janegitz, Jéssica Rocha Camargo, Isabela Aparecida de Araújo Andreotti, Luiz Otávio Orzari, Márcio Fernando Bergamini, Luiz Humberto Marcolino Junior e Alexandre Gatti, do Departamento de Ciências da Natureza, Matemática e Educação (DCNME-Ar) do Campus Araras da UFSCar e do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Universidade, objetiva oferecer aos laboratórios de análises químicas - em especial de análises eletroanalíticas com foco no mercado de sensores e biossensores e da área eletroquímica com foco medicinal, ambiental ou alimentício - um dispositivo confiável de baixo custo, alta eficiência e com a vantajosa diminuição de resíduos.

De acordo com Bruno Janegitz, um dos inventores, a principal utilidade da tecnologia é na fabricação de sensores e na confecção e manutenção de equipamentos eletrônicos, já que a tinta condutora pode substituir circuitos elétricos, e considerando que os produtos semelhantes do mercado - tanto as plataformas de sensoriamento, quanto as tintas condutoras - são importados a um preço elevado.

Pensando nisso, o grupo de pesquisadores começou a buscar métodos mais eficazes e acessíveis para a fabricação de tintas em laboratório e dispositivos eletroquímicos. Fruto deste envolvimento foi o primeiro artigo publicado sobre sensor para dopamina e biosensor para glicose, divulgado recentemente em periódico científico de alto impacto, o Biosensors and Bioelectronics.

"Conseguimos desenvolver um produto nacional com as mesmas funcionalidades e mais barato que os produtos do mercado exterior que custam caro", destaca Janegitz. Além disso, o processo específico para o preparo das tintas possibilita uma produção em maior escala e, quando finalizado, apesar de envolver materiais solventes, o sensor adesivo não necessita de tratamento específico para descarte. "O método de produção também é muito mais fácil e rápido: em cerca de 30 minutos já se tem uma tinta pronta que poderia ser vendida para o mercado", afirma ele.

Por ser utilizada em aplicações eletroanalíticas que possibilitam análises simples sem a necessidade de grande volume de amostras, a tecnologia pode interessar a empresas nacionais e multinacionais dos setores de transporte, saúde, escritório, segurança e que atuam na fabricação de tintas, adesivos, blocos, equipamentos de proteção, produtos médicos e odontológicos, produtos elétricos e automotivos, entre outros.

Segundo Janegitz, a partir dos resultados promissores, atualmente os pesquisadores buscam otimizar o processo para transformar a tecnologia em produto rentável, disponibilizando-o para uso e benefício da sociedade, através do investimento da iniciativa privada. "Também estamos trabalhando com novas possibilidades de obtenção de tintas e criação de sensores, priorizando sempre a mesma característica de baixo custo, e investindo em novas tecnologias com impressões 3D para a fabricação de material condutor. Tudo isso poderá impactar muito positivamente a área de sensores e biossensores", conclui.
17/10/2019
13:00:00
02/11/2019
23:59:00
Tatiane Liberato
Não
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Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Bruno Janegitz mostra dispositivo no campus Araras (Foto: Tatiane Liberato/AIn UFSCar)
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