UFSCar produz canudos biodegradáveis a base de amido da mandioca
Araras, Lagoa do Sino, Sorocaba, São Carlos
Produto é parceria com Cefet-MG, no âmbito do Instituto Midas de Tecnologias Ambientais
Felizmente, hoje é cada vez mais conhecido o impacto da produção e do uso elevados e do descarte incorreto de materiais plásticos sobre o ambiente - muito especialmente sobre a vida nos oceanos - e, consequentemente, também sobre a saúde humana. Essa conscientização é um passo importante no combate ao problema, mas muitos outros desafios ainda precisam ser superados, incluindo o desenvolvimento de materiais alternativos que não só sejam biodegradáveis, mas também sejam produzidos a partir de fontes renováveis. Além disso, o que pouca gente sabe é que até mesmo os materiais biodegradáveis convencionais (incluindo os oxibiodegradáveis) - como aqueles usados em produtos descartáveis "ambientalmente amigáveis", como alguns copos, pratos e canudos, dentre outros - exigem condições bastante específicas para essa degradação, o que faz que também sejam problemáticos caso não sejam garantidos o descarte correto e a infraestrutura adequada para sua destinação final.
Nesse contexto, o amido - polímero natural de origem vegetal - já vem sendo usado há algum tempo como matéria-prima abundante, de fonte renovável e baixo custo para a produção de polímeros ambientalmente mais adequados. No entanto, são várias as limitações que dificultaram seu uso em larga escala até o momento. A primeira é que o amido termoplástico (TPS) apresenta dificuldades ao processamento e tem propriedades mecânicas ruins, além de absorver muita água, desfazendo-se em contato com líquidos, e de "envelhecer" mal, transformando-se em um material frágil (quebradiço) com a passagem do tempo. Para sua utilização ser possível, ele precisa ser misturado a outros compostos - poliésteres biodegradáveis -, que elevam o custo final do material e, assim, inviabilizam economicamente o seu uso em descartáveis.
Foi buscando soluções para esses desafios que Alessandra de Almeida Lucas, docente do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar, aliou a sua experiência em Engenharia ao conhecimento de Patrícia Santiago de Oliveira Patricio, docente do Departamento de Química do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG). Ambas pesquisam biopolímeros há mais de 10 anos. "Um processo que a Patrícia já dominava de modificação química aplicada ao amido da mandioca resultou em um material que, a partir de alterações que nós, aqui na UFSCar, fizemos no processo de produção das blendas e compósitos e, também, dos produtos finais, levou a um material mais estável na presença de umidade, durável e com propriedades mecânicas e térmicas aprimoradas", explica Lucas. Dentre as alterações mencionadas pela pesquisadora estão testes que permitiram a redução significativa da quantidade de outros poliésteres, chegando a porcentagens de amido que vão de 70 a 90% - com grande impacto na viabilidade econômica - e o estabelecimento de parâmetros relativos aos equipamentos utilizados e aos métodos empregados no processamento que garantiram as propriedades desejadas.
O encontro entre Alessandra Lucas e Patrícia Patricio aconteceu em uma reunião do Instituto Midas de Tecnologias Ambientais para a Valoração de Resíduos e Materiais Renováveis, um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) vinculados ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). "Naquela reunião, eu apresentei os avanços que já obtivera com o amido da mandioca, registrando que ainda faltava deixá-lo mais estável. E a Patrícia, que até ali eu não conhecia, tinha a solução", conta Lucas. Hoje, a parceria já se concretizou em projetos de extensão na UFSCar e no Cefet-MG, que contam também com a participação de empresa comprometida a levar a solução para a escala industrial e do consultor na área de plásticos, Mário Miranda. "Já estamos avançando com a produção dos canudinhos em grande quantidade e, além disso, é preciso registrar que com pequenos ajustes é possível otimizar o material para outros produtos descartáveis", esclarece a pesquisadora da UFSCar. "A grande vantagem, além do custo e da fonte renovável, é que o amido degrada em qualquer ambiente, e é biocompatível, ou seja, mesmo antes de degradar já não agride os animais marinhos", acrescenta.
Nesse contexto, o amido - polímero natural de origem vegetal - já vem sendo usado há algum tempo como matéria-prima abundante, de fonte renovável e baixo custo para a produção de polímeros ambientalmente mais adequados. No entanto, são várias as limitações que dificultaram seu uso em larga escala até o momento. A primeira é que o amido termoplástico (TPS) apresenta dificuldades ao processamento e tem propriedades mecânicas ruins, além de absorver muita água, desfazendo-se em contato com líquidos, e de "envelhecer" mal, transformando-se em um material frágil (quebradiço) com a passagem do tempo. Para sua utilização ser possível, ele precisa ser misturado a outros compostos - poliésteres biodegradáveis -, que elevam o custo final do material e, assim, inviabilizam economicamente o seu uso em descartáveis.
Foi buscando soluções para esses desafios que Alessandra de Almeida Lucas, docente do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar, aliou a sua experiência em Engenharia ao conhecimento de Patrícia Santiago de Oliveira Patricio, docente do Departamento de Química do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG). Ambas pesquisam biopolímeros há mais de 10 anos. "Um processo que a Patrícia já dominava de modificação química aplicada ao amido da mandioca resultou em um material que, a partir de alterações que nós, aqui na UFSCar, fizemos no processo de produção das blendas e compósitos e, também, dos produtos finais, levou a um material mais estável na presença de umidade, durável e com propriedades mecânicas e térmicas aprimoradas", explica Lucas. Dentre as alterações mencionadas pela pesquisadora estão testes que permitiram a redução significativa da quantidade de outros poliésteres, chegando a porcentagens de amido que vão de 70 a 90% - com grande impacto na viabilidade econômica - e o estabelecimento de parâmetros relativos aos equipamentos utilizados e aos métodos empregados no processamento que garantiram as propriedades desejadas.
O encontro entre Alessandra Lucas e Patrícia Patricio aconteceu em uma reunião do Instituto Midas de Tecnologias Ambientais para a Valoração de Resíduos e Materiais Renováveis, um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) vinculados ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). "Naquela reunião, eu apresentei os avanços que já obtivera com o amido da mandioca, registrando que ainda faltava deixá-lo mais estável. E a Patrícia, que até ali eu não conhecia, tinha a solução", conta Lucas. Hoje, a parceria já se concretizou em projetos de extensão na UFSCar e no Cefet-MG, que contam também com a participação de empresa comprometida a levar a solução para a escala industrial e do consultor na área de plásticos, Mário Miranda. "Já estamos avançando com a produção dos canudinhos em grande quantidade e, além disso, é preciso registrar que com pequenos ajustes é possível otimizar o material para outros produtos descartáveis", esclarece a pesquisadora da UFSCar. "A grande vantagem, além do custo e da fonte renovável, é que o amido degrada em qualquer ambiente, e é biocompatível, ou seja, mesmo antes de degradar já não agride os animais marinhos", acrescenta.
23/10/2019
13:30:00
09/11/2019
23:59:00
Mariana Pezzo
Sim
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Alessandra Lucas e Patrícia Patricio com o produto que desenvolveram (Foto: Arquivo pessoal)
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