Como defender a educação - Wanda Hoffmann
Araras, Lagoa do Sino, Sorocaba, São Carlos
Folha de São Paulo publica esclarecimentos da Reitora da UFSCar acerca do campus Lagoa do Sino
Folha de São Paulo publica esclarecimentos da Reitora da UFSCar, Wanda Hoffmann, acerca do campus Lagoa do Sino:
Este texto é um contraponto ao artigo escrito por Marilene Felinto, publicado nesta Folha em 20 de outubro de 2019, sob o título "Campus doado por Raduan Nassar ilustra ataques a universidades".
O artigo diz que eu, atual reitora da UFSCar, Wanda Hoffmann, aleguei não ter recursos para cumprir o acordo de doação do campus Lagoa do Sino, em Buri (SP).
Lagoa do Sino era o nome da fazenda do escritor Raduan Nassar, doada por ele à universidade em 2011. O acordo com o doador, formalizado em 2011, previa que até fevereiro de 2017 deveriam ser construídos 25 mil m². Em cinco anos de acordo -de 2011 a 2016- haviam sido construídos pouco mais de 8 mil m². Assumi o cargo de reitora da UFSCar em novembro de 2016, e o prazo para a construção dos 25 mil m² era fevereiro de 2017. Para que em minha gestão pudesse cumprir o acordo, deveríamos construir os 17 mil m² restantes em três meses. É possível construir 17 mil² em três meses?
Naquele momento, envolvi-me diretamente em uma dura negociação para que o campus Lagoa do Sino permanecesse com a UFSCar, pudesse continuar gerando e difundindo conhecimento, e transformando vidas também nessa importante região do estado de São Paulo. A partir dessa negociação conseguimos repactuar o acordo de doação, deixando como obrigação da UFSCar chegar a 12,5 mil m² de construções ou infraestrutura, em três anos a partir da assinatura da repactuação, e assim manter um campus da UFSCar em Lagoa do Sino com ensino público, gratuito e de qualidade.
Estamos finalizando a obra do ciclo 2 de área acadêmica (3.418 m²) e avançando outras obras para, dessa forma, cumprirmos integralmente os compromissos assumidos em 2017 e continuarmos também a missão de formar pessoas com qualidade e promover o desenvolvimento.
O artigo da sra. Marilene diz também que a reitoria da UFSCar extinguiu "em uma só canetada" o "conselho gestor" da fazenda. O que houve foi uma adequação de governança, para que as decisões e a gestão da fazenda ocorressem segundo o previsto no Estatuto e no Regimento Geral da universidade.
O campus Lagoa do Sino tem oito anos, e as ações realizadas nos últimos dois anos mostram avanços nunca alcançados anteriormente: escritura e registro do campus no cartório de imóveis; aprovação de plano diretor físico-ambiental; apoio a eventos, experimentos e projetos acadêmicos; reforma e construções.
Também merecem destaque melhorias na condução da fazenda produtiva, com investimento em compra de equipamentos (balança de carga, sistemas de proteção patrimonial, guaritas); contratação de seguro safra; contratação de alunos do próprio campus como auxiliares técnicos e estagiários; e parcerias com produtores e fornecedores de cidades vizinhas, incentivando o desenvolvimento regional.
O artigo em questão traz ainda análise sobre o meu posicionamento político. Segundo a autora, demonstrei alinhamento à política de desmonte da educação pública. Defendi a educação pública e mais recursos para a educação na Câmara dos Deputados (Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, em 3 de outubro de 2019) e no Senado Federal (Comissão de Educação, Cultura e Esporte, em 17 de setembro deste ano). Pleiteei, ainda, verbas para as universidades junto à bancada paulista dos 70 deputados federais (1º de outubro de 2019).
Talvez o que incomode a autora seja o fato de a reitora ter uma postura de dialogar com todos os governantes, do Executivo ou do Legislativo, não importa o partido. A universidade não pode estreitar sua visão de mundo. Gestores públicos devem dialogar com governantes de todos os partidos! Em um debate político saudável ganha a universidade, a educação, o país. Vamos defender a educação trabalhando por ela!
Wanda Hoffmann
Reitora da UFSCar
Fonte: Jornal Folha de São Paulo. 18 de dezembro de 2019 (A5).
folha.com/ tendencias
Este texto é um contraponto ao artigo escrito por Marilene Felinto, publicado nesta Folha em 20 de outubro de 2019, sob o título "Campus doado por Raduan Nassar ilustra ataques a universidades".
O artigo diz que eu, atual reitora da UFSCar, Wanda Hoffmann, aleguei não ter recursos para cumprir o acordo de doação do campus Lagoa do Sino, em Buri (SP).
Lagoa do Sino era o nome da fazenda do escritor Raduan Nassar, doada por ele à universidade em 2011. O acordo com o doador, formalizado em 2011, previa que até fevereiro de 2017 deveriam ser construídos 25 mil m². Em cinco anos de acordo -de 2011 a 2016- haviam sido construídos pouco mais de 8 mil m². Assumi o cargo de reitora da UFSCar em novembro de 2016, e o prazo para a construção dos 25 mil m² era fevereiro de 2017. Para que em minha gestão pudesse cumprir o acordo, deveríamos construir os 17 mil m² restantes em três meses. É possível construir 17 mil² em três meses?
Naquele momento, envolvi-me diretamente em uma dura negociação para que o campus Lagoa do Sino permanecesse com a UFSCar, pudesse continuar gerando e difundindo conhecimento, e transformando vidas também nessa importante região do estado de São Paulo. A partir dessa negociação conseguimos repactuar o acordo de doação, deixando como obrigação da UFSCar chegar a 12,5 mil m² de construções ou infraestrutura, em três anos a partir da assinatura da repactuação, e assim manter um campus da UFSCar em Lagoa do Sino com ensino público, gratuito e de qualidade.
Estamos finalizando a obra do ciclo 2 de área acadêmica (3.418 m²) e avançando outras obras para, dessa forma, cumprirmos integralmente os compromissos assumidos em 2017 e continuarmos também a missão de formar pessoas com qualidade e promover o desenvolvimento.
O artigo da sra. Marilene diz também que a reitoria da UFSCar extinguiu "em uma só canetada" o "conselho gestor" da fazenda. O que houve foi uma adequação de governança, para que as decisões e a gestão da fazenda ocorressem segundo o previsto no Estatuto e no Regimento Geral da universidade.
O campus Lagoa do Sino tem oito anos, e as ações realizadas nos últimos dois anos mostram avanços nunca alcançados anteriormente: escritura e registro do campus no cartório de imóveis; aprovação de plano diretor físico-ambiental; apoio a eventos, experimentos e projetos acadêmicos; reforma e construções.
Também merecem destaque melhorias na condução da fazenda produtiva, com investimento em compra de equipamentos (balança de carga, sistemas de proteção patrimonial, guaritas); contratação de seguro safra; contratação de alunos do próprio campus como auxiliares técnicos e estagiários; e parcerias com produtores e fornecedores de cidades vizinhas, incentivando o desenvolvimento regional.
O artigo em questão traz ainda análise sobre o meu posicionamento político. Segundo a autora, demonstrei alinhamento à política de desmonte da educação pública. Defendi a educação pública e mais recursos para a educação na Câmara dos Deputados (Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, em 3 de outubro de 2019) e no Senado Federal (Comissão de Educação, Cultura e Esporte, em 17 de setembro deste ano). Pleiteei, ainda, verbas para as universidades junto à bancada paulista dos 70 deputados federais (1º de outubro de 2019).
Talvez o que incomode a autora seja o fato de a reitora ter uma postura de dialogar com todos os governantes, do Executivo ou do Legislativo, não importa o partido. A universidade não pode estreitar sua visão de mundo. Gestores públicos devem dialogar com governantes de todos os partidos! Em um debate político saudável ganha a universidade, a educação, o país. Vamos defender a educação trabalhando por ela!
Wanda Hoffmann
Reitora da UFSCar
Fonte: Jornal Folha de São Paulo. 18 de dezembro de 2019 (A5).
folha.com/ tendencias
21/12/2019
21/12/2019
14:00:00
02/05/2020
15:00:00
Flávia Salmázio
Sim
Não
Estudante, Foreign Visitor, Pesquisador, Visitante
Vista aérea do campus Lagoa do Sino da UFSCar (Foto: Tiago Santi)
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