Estudo traça estratégias de participação para decisões em gestão da água
Araras, Lagoa do Sino, Sorocaba, São Carlos
Com resultados inovadores, tese da UFSCar recebeu Prêmio Capes na área de Cîências Ambientais
Como é possível fortalecer a representação e a participação dos segmentos sociais envolvidos nas decisões de gestão de recursos hídricos no Brasil? Essa foi uma das questões que norteou a tese de doutorado desenvolvida por Flávia Darre Barbosa junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCAm) da UFSCar. Com foco nos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs), Barbosa identificou os principais desafios para propor uma nova abordagem do processo participativo na gestão da água e dos recursos hídricos no Brasil.
A relevância dos resultados fez com que a tese, realizada entre 2015 e 2019, recebesse da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) o Prêmio Capes de Teses - Edição 2020 na área de Ciências Ambientais. O trabalho foi orientado pelo professor Frederico Yuri Hanai, do Departamento de Ciências Ambientais (DCAm) da UFSCar, e coorientado pelo engenheiro Paulo Augusto Romera e Silva (in memorian), do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo.
"O tema gestão de água e recursos hídricos, no Brasil e no mundo, requer muito cuidado, atenção e inovação, sobretudo com o avanço de impactos socioambientais significativos nessa área como, por exemplo, a escassez hídrica e a qualidade da água", defende a autora da tese premiada, que destacou o apoio e os ensinamentos de seus orientadores, imprescindíveis para a qualidade e repercussão de seu trabalho.
Ela explica que os CBHs são fundamentais para o processo participativo em uma gestão efetiva e sustentável dos recursos hídricos, mas que ainda existem grandes desafios a serem superados nos Comitês. "Desafios que envolvem questões políticas e institucionais, instrumentos de gestão, comunicação e informação, qualidade de representação entre outros. Por isso, é preciso continuar fortalecendo os CBHs para que se avance no processo participativo, com ampla participação de todos os segmentos - Poder Público (Federal, Estadual e Municipal); sociedade civil organizada; e dos usuários de água. É preciso inserir a participação popular, da comunidade que está na ponta, que está ao lado do rio que transborda, da água que precisa ser tratada", recomenda.
Nesse sentido, a pesquisa elencou 29 desafios dos CBHs, reunidos em sete grupos estratégicos: Questões políticas institucionais; Institucionalização e atuação do CBH; Instrumentos de gestão dos recursos hídricos; Comunicação, Informação, Conhecimento e Divulgação; Representação e representantes no CBH; Articulações; e Participação no CBH.
Dentro dos sete grupos estratégicos a tese também aponta o que é preciso ser feito para o fortalecimento dos Comitês, como por exemplo, o aumento das articulações com outras políticas públicas; transparência ao processo de gestão; comunicação e divulgação; paridade de representação; equilíbrio entre as organizações que compõem a sociedade civil organizada; parcerias para a gestão da água e dos recursos hídricos; contribuição para instituições com menor capacidade financeira, entre outras ações.
Métodos e diferenciais
Em linhas gerais, explica Barbosa, os CBHs são os colegiados, que dentro do Sistema Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, devem promover o ambiente de discussão entre sociedade e Estado, nos temas e pautas referentes à gestão da água e dos recursos hídricos. A pesquisa deu ênfase para dois CBHs com métodos diferenciados: um Comitê Estadual (CBH Turvo Grande - em que foi feita observação participante e aplicação de método participativo) e um Comitê Interestadual (CBH Grande- com realização de observação simples). "Mas também foi realizada aplicação de questionários e entrevistas com representantes de CBHs de vários estados brasileiros. Ao todo a pesquisa alcançou 60 CBHs", descreve a pesquisadora.
"As políticas nacional e estaduais de recursos hídricos no Brasil proporcionam o viés participativo na gestão com a criação dos colegiados, como os CBHs, o que é princípio fundamental para uma boa gestão. Porém, a participação na gestão da água vai além do que está proporcionado na legislação, pois deve envolver, e creio que de forma ampla, os representantes e a sua representatividade, os interesses dos diversos setores da sociedade e os interesses da comunidade", defende.
Um dos diferenciais que contribuiu para a premiação da tese foi relacionar esses temas, apresentando uma nova abordagem para compreender o processo participativo, em escalas e graus de participação, além de considerar a representação e a representatividade. "Como a pesquisa foi essencialmente qualitativa, procurei tratar grande parte dos dados com muito rigor, e sem utilizar programas de tratamento de dados e análises estatísticas", destaca Barbosa.
O trabalho "Comitês de Bacias Hidrográficas, representação e participação: desafios e possibilidades à gestão da água e dos recursos hídricos no Brasil" está disponível na íntegra no Repositório Institucional da UFSCar, em https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/11643. Mais informações podem ser obtidas com a pesquisadora, por meio do e-mail flavia_darre@yahoo.com.br.
A relevância dos resultados fez com que a tese, realizada entre 2015 e 2019, recebesse da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) o Prêmio Capes de Teses - Edição 2020 na área de Ciências Ambientais. O trabalho foi orientado pelo professor Frederico Yuri Hanai, do Departamento de Ciências Ambientais (DCAm) da UFSCar, e coorientado pelo engenheiro Paulo Augusto Romera e Silva (in memorian), do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo.
"O tema gestão de água e recursos hídricos, no Brasil e no mundo, requer muito cuidado, atenção e inovação, sobretudo com o avanço de impactos socioambientais significativos nessa área como, por exemplo, a escassez hídrica e a qualidade da água", defende a autora da tese premiada, que destacou o apoio e os ensinamentos de seus orientadores, imprescindíveis para a qualidade e repercussão de seu trabalho.
Ela explica que os CBHs são fundamentais para o processo participativo em uma gestão efetiva e sustentável dos recursos hídricos, mas que ainda existem grandes desafios a serem superados nos Comitês. "Desafios que envolvem questões políticas e institucionais, instrumentos de gestão, comunicação e informação, qualidade de representação entre outros. Por isso, é preciso continuar fortalecendo os CBHs para que se avance no processo participativo, com ampla participação de todos os segmentos - Poder Público (Federal, Estadual e Municipal); sociedade civil organizada; e dos usuários de água. É preciso inserir a participação popular, da comunidade que está na ponta, que está ao lado do rio que transborda, da água que precisa ser tratada", recomenda.
Nesse sentido, a pesquisa elencou 29 desafios dos CBHs, reunidos em sete grupos estratégicos: Questões políticas institucionais; Institucionalização e atuação do CBH; Instrumentos de gestão dos recursos hídricos; Comunicação, Informação, Conhecimento e Divulgação; Representação e representantes no CBH; Articulações; e Participação no CBH.
Dentro dos sete grupos estratégicos a tese também aponta o que é preciso ser feito para o fortalecimento dos Comitês, como por exemplo, o aumento das articulações com outras políticas públicas; transparência ao processo de gestão; comunicação e divulgação; paridade de representação; equilíbrio entre as organizações que compõem a sociedade civil organizada; parcerias para a gestão da água e dos recursos hídricos; contribuição para instituições com menor capacidade financeira, entre outras ações.
Métodos e diferenciais
Em linhas gerais, explica Barbosa, os CBHs são os colegiados, que dentro do Sistema Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, devem promover o ambiente de discussão entre sociedade e Estado, nos temas e pautas referentes à gestão da água e dos recursos hídricos. A pesquisa deu ênfase para dois CBHs com métodos diferenciados: um Comitê Estadual (CBH Turvo Grande - em que foi feita observação participante e aplicação de método participativo) e um Comitê Interestadual (CBH Grande- com realização de observação simples). "Mas também foi realizada aplicação de questionários e entrevistas com representantes de CBHs de vários estados brasileiros. Ao todo a pesquisa alcançou 60 CBHs", descreve a pesquisadora.
"As políticas nacional e estaduais de recursos hídricos no Brasil proporcionam o viés participativo na gestão com a criação dos colegiados, como os CBHs, o que é princípio fundamental para uma boa gestão. Porém, a participação na gestão da água vai além do que está proporcionado na legislação, pois deve envolver, e creio que de forma ampla, os representantes e a sua representatividade, os interesses dos diversos setores da sociedade e os interesses da comunidade", defende.
Um dos diferenciais que contribuiu para a premiação da tese foi relacionar esses temas, apresentando uma nova abordagem para compreender o processo participativo, em escalas e graus de participação, além de considerar a representação e a representatividade. "Como a pesquisa foi essencialmente qualitativa, procurei tratar grande parte dos dados com muito rigor, e sem utilizar programas de tratamento de dados e análises estatísticas", destaca Barbosa.
O trabalho "Comitês de Bacias Hidrográficas, representação e participação: desafios e possibilidades à gestão da água e dos recursos hídricos no Brasil" está disponível na íntegra no Repositório Institucional da UFSCar, em https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/11643. Mais informações podem ser obtidas com a pesquisadora, por meio do e-mail flavia_darre@yahoo.com.br.
07/10/2020
13:00:00
14/10/2020
23:59:00
Denise Britto
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Eng. Paulo Augusto, prof. Frederico e Flávia: trabalho premiado pela Capes (Foto: Arquivo pessoal)
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