Seminário internacional da UFSCar celebra centenário de Paulo Freire
Celebrando o centenário do Patrono da Educação Brasileira, o educador Paulo Freire, nascido em 1921, o Departamento de Educação (DEd) da UFSCar realiza, com apoio de diversas entidades nacionais e internacionais, o Seminário Internacional "Atualidade e Urgência da Pedagogia do Oprimido". O evento acontece no dia 16 de setembro, às 17 horas, pelo YouTube, e é aberto ao público.
Paulo Freire foi "um educador que propôs uma educação crítica, que parte primeiro da ?leitura do mundo? para depois fazer a leitura do livro, ambas decisivas. A escola não deve apenas ?transmitir conhecimentos?, mas formar o cidadão crítico, participativo, livre: tudo o que os fascistas detestam", analisa João Virgílio Tagliavini, professor do Departamento de Educação da UFSCar e um dos organizadores do evento.
A programação conta com os expositores José Renato Polli, doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), que apresenta o tema "Desconstruindo o lugar-comum sobre Paulo Freire por uma educação humanizadora e como direito", e Nilo Agostini, professor colaborador da Faculdade de Teologia de Santa Catarina e pós-doutor pela UFSCar, com o tema "Paulo Freire e os demitidos da vida: o despertar crítico e ético pela conscientização".
O evento tem como debatedores Kelli Mafort, pedagoga, doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e representante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), e Artieres Estevão Romeiro, doutor em Educação pela UFSCar e professor do Departamento de Ciências da Educação da Universidad Técnica Particular de Loja (UTPL), do Equador, com mediação do professor João Virgílio Tagliavini.
O Seminário é destinado a educadores, professores e estudiosos de Paulo Freire e demais interessados na temática. A transmissão ocorre pelo YouTube. Não é preciso fazer inscrição prévia. Os participantes receberão certificado. Confira a programação no cartaz do evento.
Esperançar
Durante o evento, haverá o lançamento do clipe "Esperançar". "A canção, composta entre os meses de maio e setembro de 2020, tem uma relação direta com a obra de Paulo Freire, principalmente pela assimilação da palavra ?Esperançar' em nossas vidas, que significa movimento, levantar-se, juntar-se com os outros para fazer de outro modo", explica Luiz Roberto Gomes, docente do DEd, que participou de todo o processo de composição, acompanhamento dos arranjos, produção musical e artística da música e do clipe.
A composição da música e do clipe "Esperançar" teve, ainda, a participação de André Oliveira, aluno do curso de licenciatura em Música da UFSCar, também responsável pelos arranjos, e letra de Vanderlei Barbosa, professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras. Conta ainda com a participação de vários músicos das cidades de São Carlos, Campinas e São Paulo, muitos destes egressos do curso de Música da UFSCar.
A inciativa tem o apoio de mais de 25 entidades, do Brasil e de outros países - Argentina, Cuba, Equador e Portugal. As informações mais detalhadas sobre o evento estarão disponíveis no site do DEd.
Novos diálogos
No dia 23 de setembro, às 16 horas, também está programado o encontro de avaliação do Seminário Internacional, com todos os apoiadores e, no dia 30 de setembro, acontece uma mesa-redonda, com os expositores e debatedores do Seminário, com o objetivo de repercutir a participação no evento, respondendo às perguntas e socializando as intervenções feitas no chat e que não puderem ser trabalhadas no próprio dia 16.
Sobre Paulo Freire
Paulo Reglus Neves Freire nasceu em Recife, Pernambuco, em 19 de setembro de 1921. Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Recife, estudou Filosofia e Psicologia da Linguagem ao mesmo tempo. Nunca advogou, mas sempre foi professor, sua grande vocação. Antes do golpe militar de 1964, que instalou 21 anos de ditadura no Brasil, Paulo Freire exerceu algumas funções públicas no seu estado, inaugurando um método de alfabetização de adultos revolucionário: em 45 dias alfabetizou quase 300 trabalhadores das plantações de cana. Segundo ele, o grande perigo para o status dominante é o "pobre que pensa". E para isso, ele formava Círculos de Cultura com os pobres. Por defender uma educação política (aquela que se envolve com os destinos da polis), Paulo Freire foi preso logo após o golpe de 1964, ficou 70 dias na cadeia e depois foi exilado, retornando apenas em 1980, com a proteção da Lei de Anistia, promulgada em 1979.
No exílio, no Chile, Paulo Freire publicou, como resultado de seus trabalhos práticos de educação, a Pedagogia do Oprimido, obra que será objeto deste Seminário Internacional. Foi Secretário da Educação do Munícipio de São Paulo, na gestão da Prefeita Erundina, de 1989 a 1993. Foi ainda professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e faleceu no ano de 1997. Pela Lei Federal nº 12.612, de 13 de abril de 2012, Paulo Freire foi reconhecido e declarado Patrono da Educação Brasileira.
Paulo Freire critica a "educação bancária", na qual os estudantes são passivos, como se fossem uma caixa vazia onde aqueles que sabem (os mestres) depositam o conhecimento. Seu método se pauta por uma "Educação Crítica, como prática da Liberdade, com o objetivo de transformação da sociedade na direção da justiça e da inclusão".
"Paulo Freire jamais teria sido a causa da crise da Educação no Brasil, até porque o seu método nunca foi implantado de forma abrangente. Se o fosse, certamente a educação teria sido muito melhor e não teríamos recaídas fascistas como a que temos hoje no Brasil", salienta o professor Luiz Roberto Gomes.