Pesquisa avalia os efeitos da empatia em cuidadores de pessoas idosas

Araras, Sorocaba, Lagoa do Sino, São Carlos
Análises indicaram que o treinamento de empatia diminui níveis das preocupações psicológicas

Uma pesquisa de doutorado na área de Psicologia da UFSCar avaliou os efeitos e a eficácia de um treinamento de empatia para cuidadores de pessoas idosas. O estudo, que está na fase final, contou com a participação de um total de 30 cuidadores, remunerados e não remunerados, de pessoas idosas de diferentes regiões do Brasil. Eles participaram de um treinamento de empatia com cinco encontros online. Os cuidadores preencheram um questionário sociodemográfico e medidas para avaliar empatia e seus domínios afetivo e cognitivo, sobrecarga, impacto do cuidado, sintomas depressivos e psiquiátricos antes, imediatamente após e em mais três momentos após a intervenção (15, 30 e 60 dias). 

"Acreditamos que o treinamento de empatia é mais uma nova estratégia de baixo custo que pode ser realizada com cuidadores de pessoas idosas com intuito de minimizar os impactos negativos que estão relacionados ao cuidado como, por exemplo, a sobrecarga do cuidador e os sintomas depressivos. Além disso, possibilita ao cuidador o autocuidado", concluiu o pesquisador Madson Maximiano-Barreto, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi) da UFSCar e responsável pelo estudo. "Um outro ponto importante é que a realização dessa intervenção online pode facilitar a participação de cuidadores do Brasil com características distintas, permitindo o compartilhamento de experiências e o suporte social entre os cuidadores, principalmente em situações atípicas, como a pandemia da Covid-19, que culminou no distanciamento social".

A pesquisa, intitulada "Empatia e preocupações psicológicas em cuidadores de pessoas idosas: revisão sistemática e efeitos do treinamento de empatia", tem orientação do professor Marcos Hortes Nisihara Chagas, do PPGPsi/UFSCar, e da professora Bruna Moretti Luchesi, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A intervenção foi desenvolvida no período de junho a outubro de 2022. As análises indicaram que o treinamento de empatia diminuiu os níveis das preocupações psicológicas: impacto do cuidado, sobrecarga e sintomas depressivos. "Além disso, identificamos que o treinamento aumentou ou manteve os níveis da empatia cognitiva ao longo de 15, 30 e 60 dias após a intervenção. O treinamento, com foco na empatia cognitiva, diminuiu as preocupações psicológicas dos cuidadores de pessoas idosas e aumentou os níveis dessa habilidade ao longo do tempo", concluiu Madson Maximiano-Barreto.

O pesquisador explica que a empatia é uma habilidade social importante na interação entre indivíduos que estão inseridos na sociedade (por exemplo, cuidador e receptor do cuidado) e que possui dois principais domínios: afetivo e cognitivo. "A empatia afetiva é capaz de permitir ao indivíduo se colocar no lugar do outro, mas, para além disso, vivenciar os mesmos sentimentos e emoções, sejam eles positivos ou negativos - como alegria, tristeza, medo, raiva, ansiedade, entre outros. Já a empatia cognitiva possibilita ao sujeito compreender os sentimentos e emoções do outro, no entanto, isso implica no afastamento dessas emoções e sentimentos - por exemplo: eu compreendo seus sentimentos, mas eu preciso entender que essa demanda pertence ao outro e não ao indivíduo empatizante", explica Maximiano-Barreto. 

Ele conta que o Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental, Cognição e Envelhecimento - ProViVe, coordenado pelo professor Marcos Chagas na UFSCar, vêm desenvolvendo estudos sobre o assunto desde 2018. "O grupo tem identificado que a empatia afetiva tem associação direta com as preocupações psicológicas, podendo ser considerada mais um fator para sobrecarga dos cuidadores, enquanto que a empatia cognitiva associa-se inversamente, sendo então considerada um fator protetor", conclui.

A pesquisa também foi vinculada ao projeto de extensão "Treinamento de empatia on-line para cuidadores de idosos", aprovado pela Pró-Reitoria de Extensão (ProEx), coordenado pela docente Keika Inouye, do Departamento de Gerontologia (DGero). Além de Maximiano-Barreto, o projeto contou com participação das pesquisadoras da UFSCar Luana Rocha e Larissa Correia, doutorandas em Enfermagem; Ana Carolina Ottaviani, pós-doutoranda em Gerontologia; Diana Monteiro, pós-doutoranda em Enfermagem; além das integrantes do grupo ProViVe-UFSCar, Daiene Fabrício e Ana Julia Bomfim. A vinculação da pesquisa a um projeto de extensão possibilitou aos cuidadores receberem um certificado comprovando a sua participação na pesquisa. 

Mais informações sobre o estudo podem ser solicitadas ao pesquisador responsável, Madson Alan Maximiano-Barreto, pelo e-mail mmaximianopsi@gmail.com. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 30891920.2.0000.5504).

26/04/2023
10:00:00
19/05/2023
23:55:00
Denise Britto
Sim
Não
Estudante, Docente/TA, Foreign Visitor, Visitante, Pesquisador
Madson Maximiano-Barreto, pesquisador da UFSCar (Foto: Acervo pessoal)
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