Pesquisa olha equidade na atenção primária à saúde, com foco em mulheres

São Carlos
Projeto em desenvolvimento na UFSCar busca apoiar a capacitação de profissionais no SUS

Um projeto de pesquisa recentemente iniciado na UFSCar objetiva apoiar a criação de novas estratégias de capacitação para que profissionais envolvidos com a atenção primária à saúde lidem com desigualdades e vulnerabilidades. Intitulado "Tecnologias sociais e de saúde para o enfrentamento das iniquidades de gênero, raça e classe no campo da formação e assistência em saúde no SUS", o projeto é coordenado por Adriana Barbieri Feliciano, do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Clínica da UFSCar (PPGGC), e conta com mais 17 docentes do Programa, uma técnica vinculada à Rede Regional de Atenção à Saúde, consultores externos e bolsistas.

"Iniquidades em saúde são erros sistemáticos, que se perpetuam historicamente e, assim, perpetuam as condições de desigualdades", diz Feliciano, que é docente no Departamento de Enfermagem da UFSCar. Ela explica que o projeto nasceu de um coletivo de pesquisadoras e pesquisadores vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), destacando que a atenção primária costuma ser a principal porta de entrada para o Sistema. Assim, é grande, de um lado, a sua importância na percepção das demandas e necessidades da população em relação à saúde e, de outro, a oferta de possibilidades de atuação para suprir essas necessidades.

"Mulheres indígenas, mulheres pretas, pobres, têm menos acesso aos serviços, à assistência em saúde. É maior o risco de morrer, para essas pessoas, é nessa população que predomina a mortalidade infantil. Conhecer essa realidade, produzir conhecimento sobre ela, é o primeiro passo", situa a coordenadora do projeto. "E, uma vez identificadas iniquidades, é preciso construir com as equipes de saúde, junto com elas, formas de aumentar, no cotidiano, no processo de trabalho, a sensibilidade às vulnerabilidades e necessidades", complementa.

Com esses objetivos, a pesquisa será realizada em três cidades paulistas, de tamanhos distintos, Araraquara, Matão e Ribeirão Bonito. A equipe utilizará diferentes estratégias, como questionários, grupos focais e oficinas de trabalho junto a profissionais que atuam na atenção primária à saúde e, também, a mulheres usuárias do SUS, valendo-se da pesquisa-ação, método que pressupõe participação ativa de todas as pessoas envolvidas e que busca também a resolução dos problemas identificados no processo. No momento, o trabalho é principalmente interno, com o grupo definindo os instrumentos de coleta de dados mais adequados à pesquisa e outros detalhes necessários ao início do processo de investigação. 

O projeto foi contemplado na Chamada Nº 21/2023 - Estudos Transdisciplinares em Saúde Coletiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação e Ministério da Saúde, e está previsto para se desenrolar até fevereiro de 2027. Em junho, ele foi apresentado no Seminário de Avaliação Marco Zero das Chamadas Públicas de 2023, promovido pelo Ministério da Saúde, em Brasília.

 
21/08/2024
12:20:00
31/10/2024
23:59:00
Tiago Marconi (ICC - UFSCar)
Sim
Não
Estudante
Aprovada em edital do CNPq, pesquisa segue até 2027 (Fotos: Tiago Marconi - ICC-UFSCar)
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