Uso do Contrato futuro por produtores brasileiros é projeto de estudo de docente da UFSCar
Sorocaba, São Carlos
Desde o começo do século XX o Brasil é o maior produtor de café do mundo. Com essa reflexão o docente José César Cruz Júnior, do campus Sorocaba da UFSCar, escolheu o café como produto de análise. A proposta do estudo é verificar quais os principais fatores que interferem no uso do contrato futuro na cafeicultura brasileira. A pesquisa teve início em janeiro de 2010 e terá duração de três semestres.
O contrato futuro trata-se de um mercado em que se negociam compromissos de compra e venda que serão feitos somente no futuro. Nesse mercado são negociados contratos em que uma das partes se compromete a vender e a outra a comprar um determinada mercadoria por um preço específico a ser cobrado em uma data futura. "Um agricultor possui café estocado em Julho de 2010. Ele vende contratos futuros de café na Bolsa de Mercadorias e Futuros da Bovespa pelo preço de R$ 150 a saca com vencimento em agosto. Mesmo se o produto for desvalorizado no mercado, o produtor irá receber de acordo com o valor dito anteriormente", explica César Cruz sobre o processo do contrato futuro. Para o professor, esse tipo de mercado é importante para os agricultores por garantir os valores de compra e venda dos produtos diante das possíveis oscilações de mercado.
O professor da UFSCar aponta que a opção por pesquisar o contrato futuro busca averiguar se o produtor de café conhece ou não esse tipo de negócio. Além da parte teórica sobre contratos e economia de mercado, o estudo aplicará um questionário com 24 perguntas quantitativas e qualitativas para produtores de café nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e em algumas localidades do Nordeste e do Sul do País. O objetivo das questões é avaliar a influência na decisão de adotar ou não o contrato futuro como técnica de gerenciamento do risco de preço por parte dos cafeicultores.
No doutorado, concluído em 2009, César Cruz desenvolveu uma pesquisa semelhante a esta, mas a análise tratou do uso do contrato futuro por produtores de milho. Foram avaliados 90 produtores e a maioria alegou que não negociava esse tipo de contrato por não possuir informação suficiente sobre o mercado. De acordo com o pesquisador, a conclusão do trabalho apontou que o efeito do excesso de confiança dos produtores brasileiros pode, parcialmente, explicar o baixo uso do mercado futuro de milho para garantir a proteção de preço do produto.
César Cruz acredita que o resultado da pesquisa com produtores da café será semelhante a dos produtores de milho, mas revela que o questionário atual é mais extenso e pode ampliar as conclusões. O estudo atual é desenvolvido em parceria com os professores Maria Sylvia Macchione Saes, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, e Rodrigo Lanna Franco da Silveira, do Instituto de Economia (IE) da Unicamp.
08/07/2010
11:36:00
18/07/2010
20:00:00
Valdinei Queiroz
Não
Não
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