Continuidade e descontinuidade entre os governos FHC e Lula são temas de estudos do campus Sorocaba da UFSCar

Sorocaba
Aspectos dos governos Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luiz Inácio Lula da Silva são temas de três projetos de pesquisa de alunos do curso de Ciências Econômicas do campus Sorocaba da UFSCar. Os trabalhos são coordenados pelo docente da Instituição José Marcos Nayme Novelli e atuam sobre fatores como continuidade e descontinuidade entre os governos FHC e Lula. A pesquisa de continuidade é quando não há mudança no setor econômico, isto é, não alterando o sistema já implantado do outro governo. Enquanto a descontinuidade, resulta em averiguar em qual ponto a economia mudou em relação ao governo anterior. Segundo o docente Novelli, o interesse pelo tema surgiu em 2002 a partir de um pronunciamento do então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), que assegurava que, em caso de vitória, respeitaria os contratos nacionais e internacionais implementados no governo anterior (FHC). O professor aponta que o estudo é importante para compreender a reforma do Estado brasileiro, ocorrida na década de 1990 e configura-se entre os poucos trabalhos desenvolvidos na área da Administração Pública. "Este projeto parte da reforma do Estado adotada na década de 1990, que introduziu a administração pública gerencial e produziu mudanças significativas no desenho institucional do Estado. O que insere essa pesquisa é bastante vasto e marcado pela ausência de trabalhos empíricos sobre a administração pública no Brasil, sobretudo no que tange ao levantamento de dados quantitativos acerca das mudanças pelas quais a burocracia pública federal passou nos últimos oito anos", relata Novelli. Lucas Alexandre da Silva, estudante do sexto semestre do curso de Ciências Econômicas, ingressou no projeto em 2009 e seus estudos buscam analisar a continuidade macroeconômica dos governos FHC e Lula. O projeto tinha por objetivo conhecer o regime de metas da inflação e investigar sua parte teórica do nas Atas do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que tem como função definir as diretrizes da política monetária e a taxa básica de juros do País. O estudante concluiu seu projeto acadêmico no final do primeiro semestre de 2010 e afirmou que dentro as Atas do Comitê demonstraram uma manutenção da política macroeconômica – crescimento da produção e consumo, o pleno emprego, a estabilidade de preço e controle inflacionário -, do governo FHC, em especial da política monetária, pelo governo Lula. Além de Alexandre da Silva, Robson Poleto Santos, sexto semestre, também está fazendo o mesmo processo, o de continuidade, embora com outro título: Política Econômica na era Lula: da continuidade à transição. O projeto iniciou-se no primeiro semestre de 2010 e busca averiguar as diferenças existentes na política econômica entre os primeiro e segundo mandatos de Lula, e verificar se isso representou um rompimento com a ortodoxia vigente. Em uma primeira avaliação, o aluno aponta que "nos mandatos de Lula houve uma inflexão marcada pela interrupção da política neoliberal de ajustamento no primeiro mandato para o início de um novo ciclo de desenvolvimento, iniciado com a implementação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)". O trabalho de Poleto Santos está em fase de coleta de dados sobre a continuidade e as conclusões serão finalizadas posteriormente. Outro trabalho conduzido por Novelli é desenvolvido pela aluna Eunice Tamaki, sexto semestre, do curso de Ciências Econômicas. A estudante está elaborando uma pesquisa que aborda a descontinuidade entre FHC e Lula. O trabalho de Eunice tem como tema "O Estado e Burocracia no Brasil: a reconstrução da Administração Pública (2003-2010)", que teve início em no final de 2009. O projeto da aluna parte da pesquisa burocracia pública do Estado brasileiro. "Este trabalho traz como hipótese que nos últimos oito anos (2003-2010) foram adotadas políticas voltadas à reconstrução da capacidade de intervenção estatal a partir da reconstituição e valorização de carreiras do Estado, e que essas políticas significam uma reversão das políticas patrocinadas durante os dois governos Cardoso (1995-2002)", explica a estudante. O maior desafio do estudo, de acordo com Tamaki, é avaliar quais foram as modificações pelas quais a burocracia pública federal passou nos dois governos de Lula (2003-2010). Novelli enfatiza que o desenvolvimento dos projetos de pesquisa é importante para reunir informações sobre a gestão do Brasil. "A partir do levantamento de dados quantitativos dos últimos oito anos, bem como da literatura sobre Administração Pública no Brasil, espera-se avançar no conhecimento científico sobre o Estado brasileiro e sua burocracia pública", revela o docente. De acordo com o professor, os projetos de pesquisa são uma forma de complementar a formação dos alunos, pois é de extrema importância estudar e coletar dados sobre esses dois fatores: continuidade e descontinuidade entre governos brasileiros. A expectativa é dar continuidade aos estudos sobre a administração pública brasileira e Política Econômica na era Lula: da continuidade à transição, em 2011.
16/11/2010
14:08:00
26/11/2010
10:00:00
Valdinei Queiroz
Não
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