Professor do campus Sorocaba realiza pesquisa que constata alto número de mortes em hospitais psiquiátricos do Município e região

Sorocaba
Durante uma pesquisa iniciada no ano passado sobre o elevado número de leitos em hospitais psiquiátricos de Sorocaba e região (total de 2.792 leitos distribuídos entre sete hospitais), o professor do campus Sorocaba da UFSCar Marcos Garcia constatou também a ocorrência de um número elevado de mortes nesses hospitais. Sua pesquisa apontou que 459 pacientes morreram nesses estabelecimentos entre os anos de 2006 e 2009 – média de uma morte a cada três dias. Nesta quinta-feira, dia 31 de março, o professor participa de uma audiência pública em Brasília, promovida pela Secretaria de Direitos Humanos, onde mostrará os dados da pesquisa para a secretária Maria do Rosário e para o Coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde Roberto Tykanori. O professor Marcos, doutor em Psicologia Social pela USP, explica que seu estudo está em fase preliminar e terá continuidade com o trabalho do Grupo de Pesquisa "Saúde Mental e Sociedade", já autorizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq,) formado por dez integrantes entre professores universitários (UFSCar, UNIP e UNISO) e profissionais da área. Marcos explica que a expectativa da pesquisa foi a de conhecer a realidade dos manicômios e contribuir para que a reforma psiquiátrica ocorra na região de Sorocaba. Para o docente, os leitos psiquiátricos, quando necessários, devem ser disponibilizados em hospitais gerais. "No Brasil já existe uma lei federal de 2001, indicando que os manicômios são um método de tratamento do passado", explica. A condição mal esclarecida das mortes, constatadas na pesquisa, chamou a atenção do professor. "Os atestados de óbito são vagos e registrados como parada respiratória e demência. Demência não é causa de morte", esclarece Garcia. Ele também chama a atenção para o fato de mais de 50% das mortes terem acontecido nos meses de inverno e 45,93% delas entre pacientes na faixa etária de 40 a 59 anos. "Isso leva a crer que esses pacientes não tiveram o tratamento adequado. Podem ter sido mal alimentados ou mal aquecidos", observa. O docente atribui esse alto número de morte à falência do modelo manicomial. O elevado número de mortes em manicômios foi um dos motivos que levaram à reforma psiquiátrica em países europeus a partir da década de 50 no século passado. O número insuficiente de funcionários e o tratamento baseado na segregação, são outros fatores que contribuem para essas mortes. Em seu relatório de pesquisa foi constatado que o número de leitos na região de Sorocaba é cinco vezes maior do que a legislação recomenda, levando-se em consideração o número de habitantes do local. Dos sete hospitais que fazem parte da pesquisa, seis são particulares e apenas um é dirigido por uma entidade beneficente sem fins lucrativos. Outras informações sobre a pesquisa podem ser obtidas pelo do telefone (15) 3229-5948 ou pelo e-mail mgarcia@ufscar.br.
30/03/2011
14:42:00
08/04/2011
10:00:00
Márcia Dias
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