Pesquisa desenvolvida na UFSCar aponta grande risco cardiovascular nos moradores da cidade de São Carlos

São Carlos
O estudo, coordenado pela professora Angela Leal do Departamento de Medicina, analisou aspectos socioeducacionais e fisiológicos da população
Um estudo realizado por pesquisadores da UFSCar mostra que a síndrome metabólica é altamente prevalente na cidade de São Carlos e a gravidade do problema tem relação direta com os níveis educacionais da população. A pesquisa foi coordenada pela professora Angela Leal, do Departamento de Medicina (DMed), e contou com a participação de estudantes de graduação e docentes dop DMed e dos departamentos de Fisioterapia (DFisio) e Estatística (DEs) da UFSCar. A síndrome estudada pelos pesquisadores da Universidade envolve um conjunto de fatores de riscos metabólicos, ocasionados pela resistência à ação da insulina, o que aumenta as chances de um indivíduo desenvolver doenças cardíacas, derrames e diabetes. Os principais sintomas da síndrome são a hipertensão arterial, obesidade e aumento da circunferência da cintura. O estudo adotou os parâmetros da síndrome metabólica a partir de dois dos principais critérios internacionais: o da Federação Internacional de Diabetes, que inclui a variável da circunferência abdominal e o National Cholesterol Education Program - Adult Treatment Panel 3 (NCEP-ATPIII). A pesquisa contou com a participação de 1.116 pessoas da cidade de São Carlos, com idades entre 30 e 79 anos. Os dados da amostra populacional foram colhidos entre agosto de 2007 e junho de 2008. Para que os índices fossem representativos, foi realizado um trabalho de amostragem dirigido por Jorge Oishi, professor aposentado do DEs. "Adotamos uma metodologia científica para que os resultados fossem precisos e confiáveis, com uma margem de erro de apenas 3% no número obtido, para mais ou para menos, em relação a população verdadeira”, explica Oishi. A partir da avaliação das amostras de coleta de sangue, pressão arterial, medição de peso e circunferência abdominal, aplicação de questionários sobre condições de saúde e indicativos sociodemográficos, a pesquisa concluiu que existe uma clara associação entre os problemas metabólicos e a condição educacional. Quanto mais baixo o nível educacional, maior o risco de síndrome metabólica. “As pessoas que não têm acesso à informação dificilmente terão conhecimento acerca dos riscos de doenças cardiovasculares, por isso o índice está alto e esbarra na questão do nível educacional”, afirma Leal. O estudo também detectou a influência da faixa etária, o peso e a cor da pele na incidência de síndrome metabólica. O levantamento de dados permitiu verificar que a prevalência da síndrome metabólica foi de 35,7% entre os homens e de 38% entre as mulheres. Com o critério que inclui avaliação da circunferência abdominal, a prevalência sobe para 45,3% entre os homens e para 45,5% entre as mulheres. Os números mostram que a prevalência da síndrome metabólica é muito alta. Entre as mulheres, a circunferência abdominal aumentada foi quase duas vezes mais frequente que entre os homens: 66,5%, contra 37,4%, segundo a pesquisa. De acordo com os critérios de diagnóstico adotados, 13,5% dos indivíduos pesquisados apresentaram diabetes mellitus. Um estudo concluído pelo mesmo grupo em 2009, também sob coordenação de Leal, já havia concluído que a prevalência de diabetes mellitus chegava a 13,5% entre os habitantes de São Carlos. O número sugeria um aumento na prevalência da doença em relação a estudos anteriores feitos no Brasil. Angela Leal afirma que a pesquisa pode contribuir para a adoção de políticas na área da saúde e educação. Na opinião da professora, a aplicação de medidas que permitam o maior acesso às informações podem contribuir para queda na incidência de doenças. "Oferecemos à cidade uma pesquisa baseada em metodologia com tecnologia científica no intuito da população e dos setores públicos de saúde tomarem conhecimento dessa realidade. Hoje uma das maiores crises que o Brasil enfrenta é na educação e, para que as pessoas tenham acesso à informação, é preciso que o nível educacional aumente", analisa a pesquisadora, que destaca ainda a importância das pesquisas desenvolvidas na UFSCar, que integram departamentos de diferentes áreas do conhecimento e permitem que os resultados e analises sejam mais amplos. Para o professor Oishi, a utilização de métodos estatísticos contribuem para uma melhor percepção do contexto da saúde em São Carlos e, a partir de estudos e pesquisas, é possível apontar diretrizes e ações que melhorem as condições da população. "Nunca foi feito uma pesquisa desse porte na cidade. O conhecimento científico da verdade permite ver a gravidade do problema, fazendo com que as pessoas se cuidem mais", afirma. A pesquisa continuará em andamento. Existem outros dados que estão sendo estudados e analisados pela professora Leal e podem ser divulgados em breve.
11/08/2011
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05/09/2011
8:00:00
Patrícia Lelli
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