Autor de livro publicado pela EdUFSCar recebe o prêmio Jabuti
São Carlos
O livro "Gonçalves Dias: o poeta na contramão - Literatura e Escravidão no Romantismo Brasileiro", publicado pela EdUFSCar, com autoria de Wilton José Marques, professor do Departamento de Letras da Universidade, recebeu, recentemente, o Prêmio Jabuti 2011, pela 3ª colocação na categoria "Teoria e Crítica Literária". "Receber um prêmio como o Jabuti, um dos mais importantes do país, é motivo de alegria, já que, no limite, isso não deixa de ser um reconhecimento do trabalho intelectual que, na maioria das vezes, é sempre solitário", diz o autor.
A obra aborda o papel do escritor Gonçalves Dias na sociedade brasileira escravista do século XIX, em um momento em que a maioria dos intelectuais brasileiros era remunerada pelo Estado e se omitia diante de assuntos como a escravidão. "Pela primeira vez, um escritor do romantismo e funcionário público criticava de forma implacável a sociedade, o Estado e, em especial, o sistema escravista. Talvez pelo tema abordado na ocasião, este texto tenha sido relegado ao ostracismo pela crítica da época", relata Wilton.
A gênese deste livro nasceu do encontro entre uma afirmação de Roberto Schwarz, crítico literário e professor, e uma obra de Gonçalves Dias chamada Meditação. Segundo o crítico, o favor, mediador das relações sociais, levou os escritores românticos a não tocarem no tema da escravidão de maneira mais explícita, disfarçando, em suas interpretações do Brasil, a violência que ocorria na esfera da produção. No entanto, apesar de Meditação situar-se numa posição marginal à história literária, Gonçalves Dias produziu uma obra que se caracteriza não apenas por ser avessa às expectativas românticas oficiais, mas que se traduz num gesto inconteste de denúncia. "A publicação de Meditação, em 1850, representa simbolicamente uma verdadeira afronta à política do favor e, ao mesmo tempo, reflete o desejo do poeta de interferir, ao menos literariamente, no aperfeiçoamento do processo formativo da sociedade brasileira, cuja ascensão à civilidade, para ele, passava pelo fim do trabalho escravo", comenta.
O tema foi pesquisado por Wilton José Marques num projeto de pós-doutorado, em 2002 e 2003, financiado pela FAPESP, no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da UNICAMP. Posteriormente a pesquisa foi concluída em 2008 na UFSCar no Departamento de Letras. "Num desses lances do acaso, o texto de Meditação caiu em minhas mãos. Depois de ficar muito intrigado com o tom do texto e, ao mesmo tempo, constatar que não existia nenhum estudo específico sobre este material, resolvi transformar minhas inquietações num projeto de pós-doutorado".
Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) é o poeta romântico que consagrou o indianismo na poesia brasileira. Não é o poeta do abolicionismo, mas é atribuído ao poeta maranhense ter sido o primeiro grande autor canônico do Romantismo brasileiro a criticar abertamente a escravidão."Outro dado interessante é o fato de o texto ter sido publicado, na revista Guanabara, ao longo do primeiro semestre de 1850, ano da implementação da Lei Eusébio de Queiroz que proibiu o tráfico de escravos no país", relata o autor.
O livro "Gonçalves Dias: o poeta na contramão - Literatura e Escravidão no Romantismo Brasileiro" está disponível para venda na Livraria da EdUFSCar, localizada na área Norte do campus São Carlos e também pela internet. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (16) 3351-8962.
A obra aborda o papel do escritor Gonçalves Dias na sociedade brasileira escravista do século XIX, em um momento em que a maioria dos intelectuais brasileiros era remunerada pelo Estado e se omitia diante de assuntos como a escravidão. "Pela primeira vez, um escritor do romantismo e funcionário público criticava de forma implacável a sociedade, o Estado e, em especial, o sistema escravista. Talvez pelo tema abordado na ocasião, este texto tenha sido relegado ao ostracismo pela crítica da época", relata Wilton.
A gênese deste livro nasceu do encontro entre uma afirmação de Roberto Schwarz, crítico literário e professor, e uma obra de Gonçalves Dias chamada Meditação. Segundo o crítico, o favor, mediador das relações sociais, levou os escritores românticos a não tocarem no tema da escravidão de maneira mais explícita, disfarçando, em suas interpretações do Brasil, a violência que ocorria na esfera da produção. No entanto, apesar de Meditação situar-se numa posição marginal à história literária, Gonçalves Dias produziu uma obra que se caracteriza não apenas por ser avessa às expectativas românticas oficiais, mas que se traduz num gesto inconteste de denúncia. "A publicação de Meditação, em 1850, representa simbolicamente uma verdadeira afronta à política do favor e, ao mesmo tempo, reflete o desejo do poeta de interferir, ao menos literariamente, no aperfeiçoamento do processo formativo da sociedade brasileira, cuja ascensão à civilidade, para ele, passava pelo fim do trabalho escravo", comenta.
O tema foi pesquisado por Wilton José Marques num projeto de pós-doutorado, em 2002 e 2003, financiado pela FAPESP, no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da UNICAMP. Posteriormente a pesquisa foi concluída em 2008 na UFSCar no Departamento de Letras. "Num desses lances do acaso, o texto de Meditação caiu em minhas mãos. Depois de ficar muito intrigado com o tom do texto e, ao mesmo tempo, constatar que não existia nenhum estudo específico sobre este material, resolvi transformar minhas inquietações num projeto de pós-doutorado".
Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) é o poeta romântico que consagrou o indianismo na poesia brasileira. Não é o poeta do abolicionismo, mas é atribuído ao poeta maranhense ter sido o primeiro grande autor canônico do Romantismo brasileiro a criticar abertamente a escravidão."Outro dado interessante é o fato de o texto ter sido publicado, na revista Guanabara, ao longo do primeiro semestre de 1850, ano da implementação da Lei Eusébio de Queiroz que proibiu o tráfico de escravos no país", relata o autor.
O livro "Gonçalves Dias: o poeta na contramão - Literatura e Escravidão no Romantismo Brasileiro" está disponível para venda na Livraria da EdUFSCar, localizada na área Norte do campus São Carlos e também pela internet. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (16) 3351-8962.
09/03/2012
14:24:54
19/03/2012
10:00:00
Mariana Ignatios
Sim
Não
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