Grupo de pesquisa do CCA busca nova função para plantas irrigadas com água salgada

Araras
A pesquisa sobre o "Primeiro policultivo experimental de carpa-capim com camarão marinho, Litopenaeus vannamei, em águas continentais" foi realizada pela docente do Centro de Ciências Agrárias (CCA), campus Araras da (UFSCar), Luciana Thie Seki Dias. A pesquisa partiu de um estudo que visa a produção de plantas irrigadas com águas salobras do nordeste brasileiro para alimentação de animais ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos). O estudo foi realizado em parceria com o pesquisador Fábio Rosa Sussel, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e o aluno Carlos Haruo Mom, do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UFSCar.

A partir dos resultados positivos desse estudo inicial, surgiu a necessidade de testar essa alimentação em novas espécies, neste caso os peixes, especificamente a carpa-capim, por ser herbívora. O principal objetivo do ensaio foi a necessidade de novas espécies para uma utilização nobre dessas plantas irrigadas por águas salobras. Outra meta foi diminuir o custo de ração para peixes já que eles poderiam se alimentar com essas plantas. Projetos desenvolvidos anteriormente mostraram que a tilápia se adaptava bem em águas salgadas. Então, a aluna Mayara Caroline Pinheiro Machado, do curso de Engenharia Agronômica da UFSCar, realizou testes com diferentes gradientes de concentração de sal, chegando à conclusão de que a carpa-capim resistiria bem a até 6% de sal na água.

Estes estudos, aliados às necessidades de pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no semiárido do nordeste brasileiro, culminaram em um projeto piloto de criação de carpas-capim com camarão marinho nas dependências da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Pirassununga (SP), com financiamento do Banco de Desenvolvimento Nacional (BNDES) e apoio da SANSUY.

A partir daí, foi avaliado o desenvolvimento das carpas-capim, alimentadas com as rações artesanais produzidas em Petrolina (Pernambuco), através de pesquisas realizadas por Luiz Carlos Hermes, da Embrapa. O estudo apontou o alto potencial produtivo de algumas plantas que tiveram irrigação com águas salobras e residuárias de peixes para alimentação animal.

"Impermeabilizamos um viveiro escavado e elevamos a alcalinidade e salinidade da água para a criação de carpas-capim em tanques-rede em consórcio com o camarão marinho. Ele foi adicionado na tentativa de melhorar a qualidade de água do viveiro, uma vez que os camarões são organismos bentônicos, que cuidam do biomonitoramento da água", explicou Luciana.

As carpas receberam quatro rações artesanais confeccionadas a partir das plantas do semiárido e uma comercial como controle. Já os camarões, apesar de terem sobrevivência baixa, apresentaram um crescimento surpreendente. "Em 116 dias pesaram em média 17 gramas de peso vivo. Um resultado satisfatório para um experimento piloto que iremos repetir no próximo verão", contou a pesquisadora sobre a conclusão dessa etapa do trabalho.

A sobrevivência das carpas ficou acima de 95%, suportando bem 6% de sal na água. O crescimento ficou dentro do esperado para a espécie, porém não foi possível atingir o tamanho comercial já que o tempo de cultivo do camarão foi limitante para a espécie. Com esses resultados, a pesquisa poderá ser aplicada diretamente em áreas rurais do semiárido brasileiro, para a criação de rações para peixes a partir dessas plantas irrigadas com água salgada.

Este experimento piloto deverá ser repetido a partir de setembro como trabalho de iniciação científica do aluno Carlos Haruo Mon, sofrendo algumas alterações de ordem técnica, como o tamanho inicial das carpas que será maior para que alcancem o tamanho comercial.
22/05/2012
15:01:35
02/06/2012
23:59:00
Arthur Belotto
Não
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