Integração entre a UFSCar e os serviços de saúde de São Carlos contribuem para prevenção do uso abusivo de álcool
São Carlos
Em São Carlos, a articulação entre o Departamento de Enfermagem (DEnf) da UFSCar e Unidades de Saúde da Família (USF) adotaram medidas educativas e ações preventivas para identificar usuários com problemas causados pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas e orientá-los sobre os problemas que podem ser evitados. As atividades, coordenadas pela professora Sonia Regina Zerbetto, do DEnf, mobilizam estudantes de graduação em projetos de pesquisa e extensão e promovem a capacitação profissional durante o desenvolvimento de estratégias de rastreamento e intervenção breve relacionados ao consumo de álcool, com entrevistas junto aos usuários das unidades de saúde.
A Intervenção Breve consiste em uma ação que identifica problemas com o uso, abuso e dependência de álcool em usuários das Unidades Saúde da Família de São Carlos e do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), motivando os usuários a mudarem de comportamento, ou seja, buscarem a abstemia ou redução no padrão de consumo de bebidas alcoólicas. Para a avaliação, são utilizados os Testes para Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool (AUDIT), desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde e divulgado pelo Programa de Ações Integradas para Prevenção e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas na Comunidade (PAI-PAD) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
A capacitação na rede de saúde é uma parceria entre Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos, a UFSCar, através do Denf, e PAI-PAD. Estamos capacitando os profissionais da rede municipal de saúde para a aplicação do AUDIT e, assim, rastrear usuários das USFs conforme os níveis de consumo, divididos em baixo risco, uso de risco, uso nocivo e provável dependência, no âmbito da prevenção, salienta Zerbetto.
O trabalho envolve diversos profissionais, como médicos, dentistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários que, com base em perguntas referentes ao consumo de álcool, podem avaliar os riscos de dependência do paciente e adotar práticas preventivas que incentivem a pessoa a diminuir e até a parar com o consumo de bebidas alcoólicas. A intervenção breve tem um caráter preventivo. Quando identificado que a dependência e o uso de bebidas é abusivo, é indicado o tratamento no CAPS AD. Aí, então, agendamos e fazemos o acompanhamento, salienta Zerbetto. Geralmente, quem procura o atendimento é a família do dependente. Em outros casos, os usuários de álcool buscam os serviços de saúde por causa de outros problemas decorrentes do uso de álcool, como hipertensão, diabetes, problemas hepáticos e cirrose.
Os aconselhamentos levam em consideração o padrão de uso e o contexto em que está inserido o paciente, como a situação familiar, social e econômica e estabelecem metas de consumo que pode ser a redução gradual até a abstemia. Também são discutidos entre o profissional e o usuário quais os fatores de risco que influenciam no consumo de álcool. A partir das respostas apresentadas, os profissionais podem orientar os pacientes para evitar problemas decorrentes do uso de bebidas alcoólicas. Zerbetto afirma que, mesmo quando a intervenção breve apresenta resultados positivos, com a redução e abstêmia do consumo de álcool, é realizado um acompanhamento para evitar uma recaída e a retomada dos hábitos de ingestão de bebidas alcoólicas. O usuário tem que estar motivado e o profissional pode levantar alternativas, junto com o paciente, para atividades terapêuticas que recuperem a auto-estima, como trabalhos, estudos, atividades culturais, conta a professora. Dessa forma, a intervenção não atua apenas nas relações entre doença e tratamento, mas estende a outras esferas sociais. A professora Zerbetto explica que interações com os familiares, a inserção de pacientes em grupos ligados à atividades culturais, desportivas e de economia solidária mostram resultados positivos na integração social. Temos que trabalhar com um olhar ampliado. Articulamos todos os recursos que o município propicia para aumentar a rede de apoio e suporte social. Às vezes o usuário participa de uma rede social pequena, formada por pessoas que também são usuárias de álcool, e temos que mostrar a ele que existem outras possibilidades de inserção, aponta a professora.
Na avaliação da terapeuta ocupacional Gisele Giovannetti, do CAPS AD de São Carlos, a Intervenção Breve é uma importante ferramenta no tratamento de usuários de bebidas alcoólicas, pois o atendimento pode ser feito nas unidades de saúde próximas às residências da população. A atuação de uma equipe multidisciplinar, composta por estudantes, professores e pesquisadores da área da saúde, na opinião da terapeuta ocupacional, amplia a visão e as possibilidades de tratamentos. Com a parceria do Departamento de Enfermagem da UFSCar, pensamos conjuntamente em maneiras de atingirmos esse nosso objetivo, para assim efetivarmos a prevenção do uso abusivo de álcool e drogas. É muito importante também, a participação de alunas da universidade, atualmente dos cursos de Enfermagem e Terapia Ocupacional, nos serviços de saúde, trazendo novos olhares e novos questionamentos provocando um pensar mais ampliado da equipe, acredita Giovannetti.
Segundo os dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, realizada pelo Ministério da Saúde, 17% da população brasileira adulta consome álcool de forma abusiva. O estudo aponta 26,2% dos homens e 9,1% das mulheres entrevistadas relataram o consumo de álcool de maneira abusiva. Segundo os dados publicados na pesquisa, a frequência de consumo abusivo de bebida alcoólica foi maior entre os jovens de 18 a 24 anos, com 20,5% dos entrevistados.
A professora Zerbetto destaca que o consumo excessivo de álcool pode provocar alterações no comportamento, aumento da agressividade, baixa resistência imunológica, fraqueza, problemas cardíacos, doenças no fígado, câncer bucal e de garganta, além do aumento de risco de acidentes. Além disso, Giovannetti explica que o uso abusivo de álcool interfere na utilização de outras drogas. Na opinião da terapeuta, o tratamento prévio pode diminuir futuros casos de dependência química. A capacitação tem como objetivo principal a prevenção do uso abusivo de álcool e consequente uso de drogas, pois há uma associação entre estas substâncias. Com isso acreditamos que este trabalho de prevenção, em médio prazo, diminuirá o número de usuários de substâncias psicoativas, explica.
Além do atendimento a usuários de álcool, a professora Zerbetto também desenvolve atividades acadêmicas relativas ao consumo de outras drogas. Na opinião da docente, ainda é um número pequeno de usuários de álcool e outras drogas que buscam por ajuda profissional, por isso é importante levantar outras formas de atendimentos preventivos e tratamentos. No caso de drogas, a adesão ao tratamento é mais difícil. Para criar um vínculo entre os usuários e os profissionais da saúde é um processo bem demorado. Estamos discutindo novas abordagens terapêuticas como forma de se aproximar dos usuários, afirma a docente.
Na avaliação da professora Zerbetto, a atuação de estudantes de graduação de Enfermagem e Terapia Ocupacional na rede contribui na formação profissional. Os estudantes podem desenvolver e utilizar-se de outros recursos para a aproximação com o usuário. Por exemplo, um aluno que é músico, pode utilizar da música para propor atividades terapêuticas. A essência é a relação terapêutica entre enfermeiro e o paciente, conclui a professora.
A Intervenção Breve consiste em uma ação que identifica problemas com o uso, abuso e dependência de álcool em usuários das Unidades Saúde da Família de São Carlos e do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), motivando os usuários a mudarem de comportamento, ou seja, buscarem a abstemia ou redução no padrão de consumo de bebidas alcoólicas. Para a avaliação, são utilizados os Testes para Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool (AUDIT), desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde e divulgado pelo Programa de Ações Integradas para Prevenção e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas na Comunidade (PAI-PAD) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
A capacitação na rede de saúde é uma parceria entre Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos, a UFSCar, através do Denf, e PAI-PAD. Estamos capacitando os profissionais da rede municipal de saúde para a aplicação do AUDIT e, assim, rastrear usuários das USFs conforme os níveis de consumo, divididos em baixo risco, uso de risco, uso nocivo e provável dependência, no âmbito da prevenção, salienta Zerbetto.
O trabalho envolve diversos profissionais, como médicos, dentistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários que, com base em perguntas referentes ao consumo de álcool, podem avaliar os riscos de dependência do paciente e adotar práticas preventivas que incentivem a pessoa a diminuir e até a parar com o consumo de bebidas alcoólicas. A intervenção breve tem um caráter preventivo. Quando identificado que a dependência e o uso de bebidas é abusivo, é indicado o tratamento no CAPS AD. Aí, então, agendamos e fazemos o acompanhamento, salienta Zerbetto. Geralmente, quem procura o atendimento é a família do dependente. Em outros casos, os usuários de álcool buscam os serviços de saúde por causa de outros problemas decorrentes do uso de álcool, como hipertensão, diabetes, problemas hepáticos e cirrose.
Os aconselhamentos levam em consideração o padrão de uso e o contexto em que está inserido o paciente, como a situação familiar, social e econômica e estabelecem metas de consumo que pode ser a redução gradual até a abstemia. Também são discutidos entre o profissional e o usuário quais os fatores de risco que influenciam no consumo de álcool. A partir das respostas apresentadas, os profissionais podem orientar os pacientes para evitar problemas decorrentes do uso de bebidas alcoólicas. Zerbetto afirma que, mesmo quando a intervenção breve apresenta resultados positivos, com a redução e abstêmia do consumo de álcool, é realizado um acompanhamento para evitar uma recaída e a retomada dos hábitos de ingestão de bebidas alcoólicas. O usuário tem que estar motivado e o profissional pode levantar alternativas, junto com o paciente, para atividades terapêuticas que recuperem a auto-estima, como trabalhos, estudos, atividades culturais, conta a professora. Dessa forma, a intervenção não atua apenas nas relações entre doença e tratamento, mas estende a outras esferas sociais. A professora Zerbetto explica que interações com os familiares, a inserção de pacientes em grupos ligados à atividades culturais, desportivas e de economia solidária mostram resultados positivos na integração social. Temos que trabalhar com um olhar ampliado. Articulamos todos os recursos que o município propicia para aumentar a rede de apoio e suporte social. Às vezes o usuário participa de uma rede social pequena, formada por pessoas que também são usuárias de álcool, e temos que mostrar a ele que existem outras possibilidades de inserção, aponta a professora.
Na avaliação da terapeuta ocupacional Gisele Giovannetti, do CAPS AD de São Carlos, a Intervenção Breve é uma importante ferramenta no tratamento de usuários de bebidas alcoólicas, pois o atendimento pode ser feito nas unidades de saúde próximas às residências da população. A atuação de uma equipe multidisciplinar, composta por estudantes, professores e pesquisadores da área da saúde, na opinião da terapeuta ocupacional, amplia a visão e as possibilidades de tratamentos. Com a parceria do Departamento de Enfermagem da UFSCar, pensamos conjuntamente em maneiras de atingirmos esse nosso objetivo, para assim efetivarmos a prevenção do uso abusivo de álcool e drogas. É muito importante também, a participação de alunas da universidade, atualmente dos cursos de Enfermagem e Terapia Ocupacional, nos serviços de saúde, trazendo novos olhares e novos questionamentos provocando um pensar mais ampliado da equipe, acredita Giovannetti.
Segundo os dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, realizada pelo Ministério da Saúde, 17% da população brasileira adulta consome álcool de forma abusiva. O estudo aponta 26,2% dos homens e 9,1% das mulheres entrevistadas relataram o consumo de álcool de maneira abusiva. Segundo os dados publicados na pesquisa, a frequência de consumo abusivo de bebida alcoólica foi maior entre os jovens de 18 a 24 anos, com 20,5% dos entrevistados.
A professora Zerbetto destaca que o consumo excessivo de álcool pode provocar alterações no comportamento, aumento da agressividade, baixa resistência imunológica, fraqueza, problemas cardíacos, doenças no fígado, câncer bucal e de garganta, além do aumento de risco de acidentes. Além disso, Giovannetti explica que o uso abusivo de álcool interfere na utilização de outras drogas. Na opinião da terapeuta, o tratamento prévio pode diminuir futuros casos de dependência química. A capacitação tem como objetivo principal a prevenção do uso abusivo de álcool e consequente uso de drogas, pois há uma associação entre estas substâncias. Com isso acreditamos que este trabalho de prevenção, em médio prazo, diminuirá o número de usuários de substâncias psicoativas, explica.
Além do atendimento a usuários de álcool, a professora Zerbetto também desenvolve atividades acadêmicas relativas ao consumo de outras drogas. Na opinião da docente, ainda é um número pequeno de usuários de álcool e outras drogas que buscam por ajuda profissional, por isso é importante levantar outras formas de atendimentos preventivos e tratamentos. No caso de drogas, a adesão ao tratamento é mais difícil. Para criar um vínculo entre os usuários e os profissionais da saúde é um processo bem demorado. Estamos discutindo novas abordagens terapêuticas como forma de se aproximar dos usuários, afirma a docente.
Na avaliação da professora Zerbetto, a atuação de estudantes de graduação de Enfermagem e Terapia Ocupacional na rede contribui na formação profissional. Os estudantes podem desenvolver e utilizar-se de outros recursos para a aproximação com o usuário. Por exemplo, um aluno que é músico, pode utilizar da música para propor atividades terapêuticas. A essência é a relação terapêutica entre enfermeiro e o paciente, conclui a professora.
11/09/2012
15:21:23
17/09/2012
18:00:00
Enzo Kuratomi
Sim
Não
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