Projeto pesquisa fim do período silencioso do cinema pernambucano
São Carlos
A história do cinema brasileiro, assim como de outros países, tem suas fases e momentos. Entretanto, em um país tão grande quanto o Brasil é difícil falar em um só cinema. Pensando nisso, a professora Luciana de Sá Correa Leitão de Araujo, do Departamento de Artes e Comunicação (DAC) da UFSCar, desenvolve uma pesquisa na qual se aprofunda na história e no fazer cinema de Pernambuco, no período aproximado de 1925 a 1930.
O período em questão é denominado por historiadores do cinema como o momento dos Ciclos Regionais. Esta denominação se dá a partir do estudo da produção cinematográfica em cidades fora do eixo Rio-São Paulo, que ocorreu de forma intensa sobretudo nos anos 20. A noção de ciclo abarca principalmente a produção ficcional destes locais, assim como as equipes técnicas e artísticas que possibilitavam a produção, além da repercussão na imprensa local. As cidades que tiveram seus ciclos foram Campinas (SP), Cataguases (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE), entre outras.
A alta produção na década de 20 aconteceu sobretudo pela já consolidada formação da linguagem cinematográfica no período silencioso. Juntamente com a possibilidade técnica das cidades e de mão de obra especializada tanto para filmagem quanto para revelação das películas, a produção de filmes de ficção e documentários - chamados de naturais - só teve queda no começo dos anos 30 com a chegada do cinema sonoro e suas exigências técnicas.
A realização da pesquisa incluiu a análise dos jornais Diário de Pernambuco e Jornal
do Comércio em suas edições diárias de 1925 a 1930, além de outros jornais em datas significativas, como estreias de filmes ou surgimento de novas produtoras. Sem exatamente um foco preciso, mas com a intenção de aprofundar o conhecimento no cinema pernambucano do período, Araujo levantou todos os dados disponíveis que envolvessem o fazer cinematográfico seguindo-os em ordem cronológica. O levantamento histórico de produtoras, realizadores, filmes lançados, atores envolvidos, salas de cinema, formas de distribuição e exibição, críticas, etc. permitiu corrigir e descobrir atividades até então desconhecidas pela bibliografia existente. Por exemplo, foi possível corrigir a data de lançamento dos dois últimos filmes de ficção do período silencioso "Destino das rosas" e "No cenário da vida". Os filmes foram lançados em 1930 e não em 1931, como afirmam textos sobre a história do cinema, o que permite compreender melhor esse final do período do cinema silencioso em Pernambuco.
Outro dado importante que foi percebido durante a pesquisa foi existência de uma atuação de jovens críticos de cinema. "Quer dizer, se constitui nesse período uma atividade crítica consistente, o que até então eu desconhecia, já que esse aspecto não é abordado nos textos memorialistas do diretor Jota Soares ou em outros trabalhos sobre aquele período", conta a pesquisadora.
Por mais que as características de produção entre as diferentes cidades dos chamadas Ciclos Regionais tenham familiaridade e que para o estudo histórico a definição dos ciclos seja útil, ela não compreende a totalidade do cinema local. Um dos objetivos da pesquisadora é justamente colocar em questionamento esta denominação. A historiografia básica aponta nos ciclos, fundamentalmente, o desenvolvimento dos filmes de ficção e a exibição em grandes salas. Entretanto, a pesquisadora coloca que os filmes naturais tinham grande importância para a manutenção da atividade cinematográfica, sendo estes filmes boa parte do que era produzido.
A partir de questionamentos e investigações Araujo pode aprofundar o que se conhecia até então sobre o fim do período silencioso do cinema de Pernambuco. Para ela, é de extrema importância que se pesquise o funcionamento das diferentes etapas do processo audiovisual, seja produção, distribuição ou exibição, nos diversos pontos do país, seja atualmente ou em outros tempos. Com os cursos de cinema espalhados pelo território é importante que se valorize a atividade local, afirma a historiadora.
É neste contexto que se inseriu a pesquisa da mestranda em Imagem e Som da UFSCar Maria Cristina Couto Melo, em sua iniciação científica. Cristina pesquisou a exibição de filmes brasileiros em São Carlos na década de 1970. Ela conta que "a ideia de mapear essa exibição na cidade de São Carlos ocorreu a partir do interesse de descobrir como que era a exibição de filmes nessa época fora do eixo Rio-São Paulo." Além disso, Melo acredita que "os estudos sobre cinema devam hoje se debruçar sobre as pequenas cidades, os pequenos pólos de consumo e produção, pois da mesma forma que as capitais tem expressiva contribuição na formação da história do cinema nacional e da compreensão dele na atualidade, as cidades do interior também contribuem para esse processo", relata a estudante.
A pesquisa de Araujo está em fase de redação e deve ser publicada no próximo ano. Entretanto, há diversos artigos publicados sobre o tema, em anais de congresso e capítulos de livros da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual. Os filmes do período estudado, brasileiros ou estrangeiros, muitas vezes são de difícil acesso ao público em geral, mas podem ser encontrados em eventos como a Jornada Brasileira de Cinema Silencioso, que ocorre anualmente na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.
O período em questão é denominado por historiadores do cinema como o momento dos Ciclos Regionais. Esta denominação se dá a partir do estudo da produção cinematográfica em cidades fora do eixo Rio-São Paulo, que ocorreu de forma intensa sobretudo nos anos 20. A noção de ciclo abarca principalmente a produção ficcional destes locais, assim como as equipes técnicas e artísticas que possibilitavam a produção, além da repercussão na imprensa local. As cidades que tiveram seus ciclos foram Campinas (SP), Cataguases (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE), entre outras.
A alta produção na década de 20 aconteceu sobretudo pela já consolidada formação da linguagem cinematográfica no período silencioso. Juntamente com a possibilidade técnica das cidades e de mão de obra especializada tanto para filmagem quanto para revelação das películas, a produção de filmes de ficção e documentários - chamados de naturais - só teve queda no começo dos anos 30 com a chegada do cinema sonoro e suas exigências técnicas.
A realização da pesquisa incluiu a análise dos jornais Diário de Pernambuco e Jornal
do Comércio em suas edições diárias de 1925 a 1930, além de outros jornais em datas significativas, como estreias de filmes ou surgimento de novas produtoras. Sem exatamente um foco preciso, mas com a intenção de aprofundar o conhecimento no cinema pernambucano do período, Araujo levantou todos os dados disponíveis que envolvessem o fazer cinematográfico seguindo-os em ordem cronológica. O levantamento histórico de produtoras, realizadores, filmes lançados, atores envolvidos, salas de cinema, formas de distribuição e exibição, críticas, etc. permitiu corrigir e descobrir atividades até então desconhecidas pela bibliografia existente. Por exemplo, foi possível corrigir a data de lançamento dos dois últimos filmes de ficção do período silencioso "Destino das rosas" e "No cenário da vida". Os filmes foram lançados em 1930 e não em 1931, como afirmam textos sobre a história do cinema, o que permite compreender melhor esse final do período do cinema silencioso em Pernambuco.
Outro dado importante que foi percebido durante a pesquisa foi existência de uma atuação de jovens críticos de cinema. "Quer dizer, se constitui nesse período uma atividade crítica consistente, o que até então eu desconhecia, já que esse aspecto não é abordado nos textos memorialistas do diretor Jota Soares ou em outros trabalhos sobre aquele período", conta a pesquisadora.
Por mais que as características de produção entre as diferentes cidades dos chamadas Ciclos Regionais tenham familiaridade e que para o estudo histórico a definição dos ciclos seja útil, ela não compreende a totalidade do cinema local. Um dos objetivos da pesquisadora é justamente colocar em questionamento esta denominação. A historiografia básica aponta nos ciclos, fundamentalmente, o desenvolvimento dos filmes de ficção e a exibição em grandes salas. Entretanto, a pesquisadora coloca que os filmes naturais tinham grande importância para a manutenção da atividade cinematográfica, sendo estes filmes boa parte do que era produzido.
A partir de questionamentos e investigações Araujo pode aprofundar o que se conhecia até então sobre o fim do período silencioso do cinema de Pernambuco. Para ela, é de extrema importância que se pesquise o funcionamento das diferentes etapas do processo audiovisual, seja produção, distribuição ou exibição, nos diversos pontos do país, seja atualmente ou em outros tempos. Com os cursos de cinema espalhados pelo território é importante que se valorize a atividade local, afirma a historiadora.
É neste contexto que se inseriu a pesquisa da mestranda em Imagem e Som da UFSCar Maria Cristina Couto Melo, em sua iniciação científica. Cristina pesquisou a exibição de filmes brasileiros em São Carlos na década de 1970. Ela conta que "a ideia de mapear essa exibição na cidade de São Carlos ocorreu a partir do interesse de descobrir como que era a exibição de filmes nessa época fora do eixo Rio-São Paulo." Além disso, Melo acredita que "os estudos sobre cinema devam hoje se debruçar sobre as pequenas cidades, os pequenos pólos de consumo e produção, pois da mesma forma que as capitais tem expressiva contribuição na formação da história do cinema nacional e da compreensão dele na atualidade, as cidades do interior também contribuem para esse processo", relata a estudante.
A pesquisa de Araujo está em fase de redação e deve ser publicada no próximo ano. Entretanto, há diversos artigos publicados sobre o tema, em anais de congresso e capítulos de livros da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual. Os filmes do período estudado, brasileiros ou estrangeiros, muitas vezes são de difícil acesso ao público em geral, mas podem ser encontrados em eventos como a Jornada Brasileira de Cinema Silencioso, que ocorre anualmente na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.
25/09/2012
14:47:24
30/09/2012
23:59:00
Débora Taño
Sim
Não
5010