Estudos na UFSCar abordam as condições de trabalho no setor canavieiro
São Carlos
Pesquisas realizadas no Departamento de Engenharia de Produção (DEP) da UFSCar analisam a situação de trabalhadores do setor agroindustrial, em especial a produção canavieira. Coordenados pelo professor Francisco da Costa Alves, os estudos relacionam o processo de modernização da agricultura com as práticas de contratação e as condições de trabalho.
O professor Alves explica que em todo o sistema produtivo houve a intensificação da carga de trabalho. No entanto, a situação na agricultura apresenta um conjunto de elementos que contribuem para maior exposição dos trabalhadores a condições extremas de trabalho, marcados principalmente pelo esforço excessivo e baixa remuneração. Muitas pessoas se submetem a longas jornadas de trabalho, expostas a altas temperaturas e gases provenientes da queima da cana-de-açúcar durante a colheita, equipamentos de proteção individual que dificultam os movimentos e prejuízos à saúde por causa dos esforços repetitivos e desgastantes. "Passamos por um momento em que as condições de trabalho estão se deteriorando e as pessoas trabalhando cada vez mais. A situação no setor canavieiro é, no meu ponto de vista, o mais dramático porque há pessoas que estão morrendo por causa da intensificação do trabalho", avalia.
A expansão do agronegócio e a mecanização do setor contribuíram para a concentração de terras nos domínios de grandes grupos econômicos, que resultaram na expulsão de trabalhadores que se dedicavam à agricultura familiar e à produção de pequeno porte. O aumento da demanda pelo álcool combustível também possibilitou aumento nos ganhos das usinas que atuam no plantio, colheita e moagem da cana-de-açúcar. Apesar do crescimento, o setor ainda mantém regimes de trabalho que prejudicam a saúde e o bem-estar do trabalhador. "O que chama atenção é o fato do setor canavieiro ser rentável, que sempre ganhou muito dinheiro, mas explora os trabalhadores. Uma melhor distribuição da renda e investimentos em melhores condições de trabalho não prejudicaria a lucratividade das empresas", acredita o docente.
Como explica o professor Alves, a remuneração proporcional à quantidade de cana-de-açúcar colhida é prejudicial, pois responsabiliza o trabalhador pela longa jornada de trabalho, necessária para uma melhor remuneração. "Para ser rentável, grande parte dos produtos exportados são produzidos com alto grau de exploração de mão de obra. A hora paga por trabalho no Brasil é uma das mais baixas do mundo. Trabalho por produção no setor canavieiro é perverso, pois o trabalhador só sabe quanto vai receber depois que o trabalho foi feito. Além disso, algumas usinas fazem o pagamento relacionando à tonelada e à área de cana-de-açúcar colhida que resulta em uma redução de 30% a 40% por parte dos ganhos dos trabalhadores", salienta o docente.
No artigo "Por que morrem os cortadores de cana?", publicado na revista Saúde e Sociedade da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, o professor Alves apresenta dados que demonstram que a morte dos trabalhadores assalariados rurais, cortadores de cana, advém do pagamento por produção. No final do ano passado, os estudos desenvolvidos pelo professor da UFSCar embasaram a decisão do juiz do trabalho Renato da Fonseca Janon, que acatou ação civil pública movida pelo procurador Rafael de Araújo Gomes, do Ministério Público do Trabalho, contra o pagamento por produção. "Essa notícia é muito importante pois é muito bom saber que meu trabalho contribuiu para a melhoria da situação dos cortadores de cana-de-açúcar da região", afirma o docente.
O professor Alves explica que em todo o sistema produtivo houve a intensificação da carga de trabalho. No entanto, a situação na agricultura apresenta um conjunto de elementos que contribuem para maior exposição dos trabalhadores a condições extremas de trabalho, marcados principalmente pelo esforço excessivo e baixa remuneração. Muitas pessoas se submetem a longas jornadas de trabalho, expostas a altas temperaturas e gases provenientes da queima da cana-de-açúcar durante a colheita, equipamentos de proteção individual que dificultam os movimentos e prejuízos à saúde por causa dos esforços repetitivos e desgastantes. "Passamos por um momento em que as condições de trabalho estão se deteriorando e as pessoas trabalhando cada vez mais. A situação no setor canavieiro é, no meu ponto de vista, o mais dramático porque há pessoas que estão morrendo por causa da intensificação do trabalho", avalia.
A expansão do agronegócio e a mecanização do setor contribuíram para a concentração de terras nos domínios de grandes grupos econômicos, que resultaram na expulsão de trabalhadores que se dedicavam à agricultura familiar e à produção de pequeno porte. O aumento da demanda pelo álcool combustível também possibilitou aumento nos ganhos das usinas que atuam no plantio, colheita e moagem da cana-de-açúcar. Apesar do crescimento, o setor ainda mantém regimes de trabalho que prejudicam a saúde e o bem-estar do trabalhador. "O que chama atenção é o fato do setor canavieiro ser rentável, que sempre ganhou muito dinheiro, mas explora os trabalhadores. Uma melhor distribuição da renda e investimentos em melhores condições de trabalho não prejudicaria a lucratividade das empresas", acredita o docente.
Como explica o professor Alves, a remuneração proporcional à quantidade de cana-de-açúcar colhida é prejudicial, pois responsabiliza o trabalhador pela longa jornada de trabalho, necessária para uma melhor remuneração. "Para ser rentável, grande parte dos produtos exportados são produzidos com alto grau de exploração de mão de obra. A hora paga por trabalho no Brasil é uma das mais baixas do mundo. Trabalho por produção no setor canavieiro é perverso, pois o trabalhador só sabe quanto vai receber depois que o trabalho foi feito. Além disso, algumas usinas fazem o pagamento relacionando à tonelada e à área de cana-de-açúcar colhida que resulta em uma redução de 30% a 40% por parte dos ganhos dos trabalhadores", salienta o docente.
No artigo "Por que morrem os cortadores de cana?", publicado na revista Saúde e Sociedade da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, o professor Alves apresenta dados que demonstram que a morte dos trabalhadores assalariados rurais, cortadores de cana, advém do pagamento por produção. No final do ano passado, os estudos desenvolvidos pelo professor da UFSCar embasaram a decisão do juiz do trabalho Renato da Fonseca Janon, que acatou ação civil pública movida pelo procurador Rafael de Araújo Gomes, do Ministério Público do Trabalho, contra o pagamento por produção. "Essa notícia é muito importante pois é muito bom saber que meu trabalho contribuiu para a melhoria da situação dos cortadores de cana-de-açúcar da região", afirma o docente.
25/01/2013
13:00:00
13/02/2013
Enzo Kuratomi
Não
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