UFSCar e USP desenvolvem método inédito de imunização para controle da esquistossomose mansônica
São Carlos
Pesquisas realizadas no Laboratório de Parasitologia da UFSCar em parceria com o Grupo de Cristalografia do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP analisaram o efeito de enzimas recombinantes no controle da esquistossomose mansônica, doença conhecida popularmente como "barriga d'água". Na UFSCar, os estudos são coordenados pela docente Fernanda Anibal, do Departamento de Morfologia e Patologia (DMP). "O grupo da USP desenvolveu as enzimas e estudou sua estrutura cristalográfica. Na UFSCar, avaliamos o comportamento das proteínas in vivo. Foi realizada imunização com as enzimas da via de purinas e depois infectamos os camundongos com o parasito. Em seguida, avaliamos a concentração de anticorpos anti o parasito", explica Fernanda.
O grupo Cristalografia do IFSC-USP, em pesquisas coordenadas pelo professor Richard Garrat e pelo pesquisador Humberto D'Muniz Pereira, atuou na produção de enzimas recombinantes que atuam no metabolismo do Schistosoma mansoni, trematodeo causador da esquistossomose mansônica, em especial as enzimas Adenilato Quinase 1 e 2 (ADK), Hipoxantina-guanina fosfobosiltransferase (HGPRT) e Purina Nucleosídeo Fosforilase 1 (PNP). Os pesquisadores da UFSCar analisaram o comportamento do verme após a aplicação das enzimas in vivo e perceberam o aumento da capacidade imunológica dos animais através da produção de anticorpos antiparasita e redução destes nos animais.
A professora Fernanda explica que o ciclo de vida do Schistosoma se desenvolve em mamíferos e no caramujo. Para controlar a evolução da doença, os pesquisadores da UFSCar buscaram interferir neste ciclo em um dos hospedeiros, o que resultou em redução considerável no número de vermes. "Nossos resultados sugerem que a imunização com enzimas recombinantes da via de purinas de Schistosoma mansoni induz imunidade específica, através da produção de anticorpos durante a esquistossomose mansônica experimental. Dessa forma, esses resultados são promissores para o desenvolvimento de alvos proteicos imunogênicos que contribuam com o controle da esquistossomose mansônica, uma importante helmintíase de âmbito mundial", avalia a docente.
Fernanda explica que, após a aplicação das enzimas, a redução da carga parasitária pode ser consequência do aumento da concentração de anticorpos, principalmente as imunoglobulinas das classes IgG, IgG2a e IgE, que em conjunto combatem o parasita e atuam no fortalecimento do sistema imunitário. "Observamos a redução no número de ovos e vermes no organismo. Teoricamente, as enzimas interferiram no metabolismo que dificultou a reprodução", afirma Fernanda.
Além do estudo com enzimas recombinantes ser inédito no tratamento à esquistossomose, a professora Fernanda destaca que os medicamentos atualmente no mercado, como o Praziquantel (PZQ), já se mostram menos eficazes, pois algumas linhagens do trematodeo já são resistentes ao fármaco.
A professora Fernanda destaca que, no mundo, a esquistossomose afeta a saúde de aproximadamente 250 milhões de pessoas, sendo que cerca de 6 a 8 milhões delas vivem no Brasil. Por isso, além de uma vacina que proteja pessoas saudáveis da doença, também é necessário desenvolver tratamentos às pessoas infectadas pelo verme. A professora destaca que a esquistossomose é uma doença que afeta principalmente as localidades desprovidas de serviço de saneamento básico, sem tratamento de esgoto, que possibilitam a contaminação de água com organismos patogênicos. Por causa da maior incidência da patologia em regiões mais pobres, o setor farmacêutico investe pouco no desenvolvimento de tratamentos para as doenças tropicais negligenciadas, que também incluem outras enfermidades como a Leishmaniose, Doença de Chagas, Cisticercose, por exemplo. "A indústria farmacêutica não tem interesse em investir na produção de medicamentos que são direcionados para uma população que não tem condições de comprar, pois vivem em países extremamente pobres. A esquistossomose é um problema de saúde pública, principalmente em países tropicais. O tratamento de esgoto e investimento em saneamento básico podem reduzir a incidência da doença em 80%", acredita a docente.
O grupo de pesquisas coordenado pela professora Fernanda Anibal também desenvolveu um fitoterápico alternativo no combate ao parasita. O composto desenvolvido em 2011 na UFSCar atua na separação do macho e da fêmea, o que reduz a reprodução dos vermes. O tratamento diminui a viabilidade de infecção do hospedeiro intermediário sem, contudo, resultar no malestar característico, como dores no corpo e muscular, prostração, náusea e diarreia. Além disso, durante os ensaios foi constatado um efeito antiinflamatório no fígado, já que muitas vezes o ovo escapa do vaso sanguíneo e se aloja nesse órgão causando sérios problemas e também contribuiu com a diminuição da fibrose hepática nesse modelo.
Na avaliação da professora Fernanda, os estudos realizados no Laboratório de Parasitologia da UFSCar mostram resultados promissores que contribuem para o controle da esquistossomose mansônica. Os estudos envolvendo as enzimas recombinantes foram publicados na dissertação de mestrado "Efeito da imunização com enzimas recombinantes do metabolismo de nucleotídeos de Schistosoma mansoni sobre o desenvolvimento da esquistossomose mansônica experimental", desenvolvida por Debora Neris, no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da UFSCar, sob orientação da professora Fernanda Anibal. Partes dos resultados das pesquisas também foram publicadas na revista International Trends in Immunity, volume 1, número 3, de julho de 2013.
O grupo Cristalografia do IFSC-USP, em pesquisas coordenadas pelo professor Richard Garrat e pelo pesquisador Humberto D'Muniz Pereira, atuou na produção de enzimas recombinantes que atuam no metabolismo do Schistosoma mansoni, trematodeo causador da esquistossomose mansônica, em especial as enzimas Adenilato Quinase 1 e 2 (ADK), Hipoxantina-guanina fosfobosiltransferase (HGPRT) e Purina Nucleosídeo Fosforilase 1 (PNP). Os pesquisadores da UFSCar analisaram o comportamento do verme após a aplicação das enzimas in vivo e perceberam o aumento da capacidade imunológica dos animais através da produção de anticorpos antiparasita e redução destes nos animais.
A professora Fernanda explica que o ciclo de vida do Schistosoma se desenvolve em mamíferos e no caramujo. Para controlar a evolução da doença, os pesquisadores da UFSCar buscaram interferir neste ciclo em um dos hospedeiros, o que resultou em redução considerável no número de vermes. "Nossos resultados sugerem que a imunização com enzimas recombinantes da via de purinas de Schistosoma mansoni induz imunidade específica, através da produção de anticorpos durante a esquistossomose mansônica experimental. Dessa forma, esses resultados são promissores para o desenvolvimento de alvos proteicos imunogênicos que contribuam com o controle da esquistossomose mansônica, uma importante helmintíase de âmbito mundial", avalia a docente.
Fernanda explica que, após a aplicação das enzimas, a redução da carga parasitária pode ser consequência do aumento da concentração de anticorpos, principalmente as imunoglobulinas das classes IgG, IgG2a e IgE, que em conjunto combatem o parasita e atuam no fortalecimento do sistema imunitário. "Observamos a redução no número de ovos e vermes no organismo. Teoricamente, as enzimas interferiram no metabolismo que dificultou a reprodução", afirma Fernanda.
Além do estudo com enzimas recombinantes ser inédito no tratamento à esquistossomose, a professora Fernanda destaca que os medicamentos atualmente no mercado, como o Praziquantel (PZQ), já se mostram menos eficazes, pois algumas linhagens do trematodeo já são resistentes ao fármaco.
A professora Fernanda destaca que, no mundo, a esquistossomose afeta a saúde de aproximadamente 250 milhões de pessoas, sendo que cerca de 6 a 8 milhões delas vivem no Brasil. Por isso, além de uma vacina que proteja pessoas saudáveis da doença, também é necessário desenvolver tratamentos às pessoas infectadas pelo verme. A professora destaca que a esquistossomose é uma doença que afeta principalmente as localidades desprovidas de serviço de saneamento básico, sem tratamento de esgoto, que possibilitam a contaminação de água com organismos patogênicos. Por causa da maior incidência da patologia em regiões mais pobres, o setor farmacêutico investe pouco no desenvolvimento de tratamentos para as doenças tropicais negligenciadas, que também incluem outras enfermidades como a Leishmaniose, Doença de Chagas, Cisticercose, por exemplo. "A indústria farmacêutica não tem interesse em investir na produção de medicamentos que são direcionados para uma população que não tem condições de comprar, pois vivem em países extremamente pobres. A esquistossomose é um problema de saúde pública, principalmente em países tropicais. O tratamento de esgoto e investimento em saneamento básico podem reduzir a incidência da doença em 80%", acredita a docente.
O grupo de pesquisas coordenado pela professora Fernanda Anibal também desenvolveu um fitoterápico alternativo no combate ao parasita. O composto desenvolvido em 2011 na UFSCar atua na separação do macho e da fêmea, o que reduz a reprodução dos vermes. O tratamento diminui a viabilidade de infecção do hospedeiro intermediário sem, contudo, resultar no malestar característico, como dores no corpo e muscular, prostração, náusea e diarreia. Além disso, durante os ensaios foi constatado um efeito antiinflamatório no fígado, já que muitas vezes o ovo escapa do vaso sanguíneo e se aloja nesse órgão causando sérios problemas e também contribuiu com a diminuição da fibrose hepática nesse modelo.
Na avaliação da professora Fernanda, os estudos realizados no Laboratório de Parasitologia da UFSCar mostram resultados promissores que contribuem para o controle da esquistossomose mansônica. Os estudos envolvendo as enzimas recombinantes foram publicados na dissertação de mestrado "Efeito da imunização com enzimas recombinantes do metabolismo de nucleotídeos de Schistosoma mansoni sobre o desenvolvimento da esquistossomose mansônica experimental", desenvolvida por Debora Neris, no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da UFSCar, sob orientação da professora Fernanda Anibal. Partes dos resultados das pesquisas também foram publicadas na revista International Trends in Immunity, volume 1, número 3, de julho de 2013.
29/07/2013
13:00:00
16/08/2013
22:00:00
Enzo Kuratomi
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