Pesquisa visa desenvolver teste físico mais eficiente e barato para atletas usuários de cadeiras de rodas

São Carlos
Resultados esperados incluem a criação de mecanismos que minimizem os esforços da musculatura e articulações e, assim, ajudem a prevenir lesões
A avaliação física e o treinamento de atletas que utilizam cadeiras de rodas têm, em relação aos demais atletas, características bastante específicas, e ainda são difíceis de serem realizados corretamente. Aparelhos usados para medir aspectos como a função cardiovascular são grandes e caros, além de não atenderem satisfatoriamente às necessidades dos usuários. Com o objetivo de criar um novo protocolo de avaliação física e estabelecer diretrizes para o desenvolvimento de um aparelho nacional que ofereça mais eficiência a custos mais baixos, o professor José Marques Novo Júnior, do Departamento de Educação Física e Motricidade Humana (DEFMH) da UFSCar, coordena estudo que analisa o esforço muscular de atletas em cadeiras de rodas.

O estudo buscará compreender o que acontece com os músculos dos membros superiores no momento da autopropulsão, que é o movimento que o usuário de cadeira de rodas realiza para tirar a cadeira da posição estática e colocá-la em movimento. A pesquisa visa também contribuir com conhecimentos sobre como trabalhar esses músculos de forma a produzir o melhor aproveitamento da força e evitar lesões. Para isso, é preciso identificar não apenas quais músculos são utilizados na autopropulsão e em quais momentos eles são ativados, mas também a relação dos padrões de movimento com o posicionamento das articulações de ombro, cotovelo e punho. É importante também identificar o nível de neuroativação da musculatura envolvida e os parâmetros para ajustes da altura dos arcos das rodas e dos assentos das cadeiras, com foco na melhoria do desempenho do movimento.

"A acessibilidade do usuário de cadeira de rodas é prevista em lei, mas quem faz parte desse grupo, ou trabalha com ele, percebe que as condições estão longe de serem as ideais. A condição de ser usuário de cadeira de rodas não tira do indivíduo o direito nem a necessidade de praticar atividades físicas. Observadas essas questões, percebemos que a literatura atual carece de testes para a identificação do esforço físico de quem está na cadeira de rodas. Para trabalharmos essa questão precisamos partir do princípio, ou seja, primeiro entender o momento da autopropulsão", explica Novo Júnior.

O estudo será conduzido com os atletas da equipe de Handebol em cadeira de rodas da UFSCar. "Estamos finalizando os ajustes nos equipamentos e aperfeiçoando os testes para receber os atletas. Esse momento é importante também porque envolve os estudantes de graduação que fazem parte do projeto em atividades de iniciação científica. É um momento de aprendizado dos estudantes, que acompanham desde o princípio o projeto e contribuirão na análise dos resultados", relata o coordenador da pesquisa.

Os testes com os atletas consistem na captura e análise de imagens do momento da autopropulsão. Dessa forma, será possível identificar as posições dos membros superiores e, também, medir o nível de ativação neuromuscular, por meio de marcadores posicionados no corpo do atleta e na cadeira. Como resultado, espera-se criar um modelo mais eficiente de teste para avaliação física, além de caracterizar o condicionamento físico do atleta e criar mecanismos para minimizar os esforços da musculatura e das articulações envolvidas, de forma a prevenir lesões.
29/10/2013
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28/11/2013
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Mariana Pezzo
Sim
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