Projeto desenvolvido na UFSCar articula ações no atendimento de usuários idosos da rede pública de saúde

São Carlos
O projeto "Acolhimento Continuado", realizado por alunos de graduação em Gerontologia da UFSCar, atua no acompanhamento de idosos usuários da rede pública de saúde da região de São Carlos. Os atendimentos ocorrem no Hospital Escola Municipal Prof. Dr. Horacio Carlos Panepucci (HE), onde pessoas com mais de 60 anos são informadas e recebem apoio e suporte acerca de serviços relacionados à saúde, bem-estar e diretivas sobre políticas públicas provenientes das redes municipal, estadual e federal de atenção básica. O trabalho é orientado pela docente Vivian Ramos Melhado, do Departamento de Gerontologia (DGero), e tem apoio da Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da UFSCar. Com base em um questionário, os estudantes levantam informações sobre as condições de saúde e aspectos do cotidiano do idoso que podem resultar numa situação de maior vulnerabilidade, como por exemplo, a falta de acompanhante – quando este se fizer necessário -, o suporte familiar em se tratando do pré e pós-atendimento, o acesso e correlato seguimento do tratamento pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Programa Saúde da Família (PSF) do bairro. O acolhimento acontece em parceria com o serviço social do HE e é articulado pela assistente social Fátima Menon.

Como explica João Paulo Ferreira da Silva, graduando em Gerontologia da UFSCar e membro da equipe de Acompanhamento Continuado, o público idoso necessita de cuidados mais intensos pois alguns sofrem de limitações físicas e cognitivas características do envelhecimento, como dificuldade de locomoção e memorização, por exemplo. Por isso é importante acompanhar a utilização dos serviços da rede pública de saúde, com encaminhamento aos locais que oferecem os tratamentos específicos necessários, além do acompanhamento no correto uso de medicamentos e na ingestão de alimentação adequada. "Tivemos mais de 100 acolhimentos e percebemos que o ciclo de fragilidade é muito evidente. Nem sempre os idosos têm um suporte necessário que estabeleça a recuperação e a autonomia. Muitas vezes o atendimento carece de informações claras sobre o estado de saúde do idoso. Precisamos de uma prática mais horizontalizada de atendimento em que o indivíduo (idoso) possa ser co-participante desse processo de triagem e atendimento. O acolhimento traz a sensibilidade de ouvir e entender realidades bem heterogêneas, sobretudo, de perceber que a patologia cria-se no social e, portanto, é por ele que devemos começar", afirma o graduando. 

O atendimento continuado e integrado possibilita uma melhor recuperação da saúde do idoso, além de diminuir a reincidência e agravos de doenças, decorrente do desgaste provocado pelo deslocamento aos postos, pois nem sempre a unidade conta com o profissional ou a estrutura necessária para o atendimento. Por isso, além dos esclarecimentos sobre a situação do idoso, os estudantes de Gerontologia também atuam no correto encaminhamento dos usuários aos locais que oferecem o tratamento de saúde adequado. Para a professora Vivian, o projeto de "Acolhimento Continuado" mostra a necessidade da criação de novos modelos de assistência, que contemplem a interdisciplinaridade e a integração entre os profissionais da área da saúde como, por exemplo, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas. "Além da aplicação das políticas públicas, as pessoas que atuam na rede precisam estar comprometidas e sensíveis à dor dos usuários", afirma a professora.  

Como explica a docente Vivian, o acolhimento possibilita o desenvolvimento de ações apontadas na Política Nacional de Humanização (PNU) do Sistema Único de Saúde (SUS), com prioridade no restabelecimento da integridade do indivíduo. "O processo de humanização envolve o ato de escutar o paciente e temos que compreender a sua realidade, com sensibilidade para entender as dores, necessidades e dificuldades de cada pessoa", afirma a docente. O atendimento também contempla as indicações dos Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde, o Estatuto do Idoso e o modelo Manchester Triage System (MTS), que estabelecem procedimentos de atendimento conforme os graus de risco.

O projeto foi apresentado no IV International Colloquium of Gerontology, realizado nos dias 18 e 19 de outubro, e contou com a presença de pesquisadores internacionalmente reconhecidos da University of Oxford e de outras instituições na área de envelhecimento populacional e Gerontologia. O trabalho também foi apresentado no XXI Congresso de Iniciação Científica, (CIC), que ocorreu na UFSCar entre os dias 14 e 18 de outubro. Além disso, o trabalho concorre na categoria "Estabelecer parcerias para o desenvolvimento" do prêmio "Objetivos de Desenvolvimento do Milênio" (ODM), elaborado pela Organização das Nações Unidades (ONU), em 2000, em parceria com o Governo Federal.

Mais informações sobre o projeto podem ser obtidas pelo email joaopauloferreira@outlook.com.
11/11/2013
13:00:00
22/11/2013
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Enzo Kuratomi
Não
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