UFSCar desenvolve pesquisas sobre emoções no processo de interação humano-tecnologia

São Carlos
Desenvolver pesquisas sobre a interação humano-computador, com foco nas interfaces e nas relações entre as pessoas e a interação com as tecnologias. Foi essa linha de pesquisa desenvolvida no Departamento de Computação (DC) da UFSCar que levou o aluno de doutorado da USP, Vinícius Gonçalves, a buscar parceria da UFSCar em seu estudo, que analisa a utilização de informações captadas por ferramentas tecnológicas para combater o estresse.

Segundo a docente do DC, Vânia Paula de Almeida Neris, esse interesse na parceria com a UFSCar nasceu a partir dos resultados de uma pesquisa de mestrado na linha de pesquisa das emoções, feita por Rogério Campanari Xavier com sua orientação. “Na pesquisa, percebemos que apenas perguntar para o usuário como ele estava se sentido, do ponto de vista emocional, não era suficiente. Assim, surgiu a necessidade de ter outros parâmetros para obter uma resposta emocional para verificar que sentimento essa solução de tecnologia desperta na pessoa”, explica.

A pesquisa de Rogério propôs uma abordagem híbrida, isto é, uma junção de métodos para avaliação de resposta emocional. “Essa visão de trabalhar com diferentes pontos de dados é resultado dessa pesquisa de mestrado. É uma visão de que, para se ter uma resposta emocional frente a soluções de tecnologias, é preciso ter vários parâmetros, incluindo respostas/relatos e reações fisiológicas, tais como respiração, frequência cardíaca e reações motoras, bem como avaliação de especialistas. A ideia foi identificar como lidar com essas diferentes fontes de informação e chegar a uma resposta”, explica Vânia.

Com base nessa pesquisa, a docente conta que a parceria da UFSCar contribui para o trabalho da USP orientando como relacionar diferentes fontes de informação para traçar o estado emocional de uma pessoa. Já a USP tem experiência em desenvolver infraestruturas para o processamento dos dados, coletados por meio de sensores tais como câmera, microfone e sensor de frequência cardíaca. O estudo, que conta com a parceria das duas universidades, tem a orientação do professor Jó Ueyama do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), da USP, em São Carlos e, recentemente, conta também com a parceria da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, onde Vinícius faz doutorado-sanduíche. De acordo com a USP, a previsão é de que a pesquisa “Framework para captura, análise e classificação automatizadas da experiência emocional de usuários em tempo interação” seja finalizada em 2016.

Tecnologia e Saúde
Na mesma linha de pesquisa sobre interação humano-tecnologia e emoções, o DC desenvolve há mais de um ano uma atividade de extensão no Hospital Espírita de Marília. Vânia conta que um dos alunos do curso de bacharelado em Sistemas de Informação (à distância) da UFSCar, Bruno Armentano, falou sobre essas pesquisas em emoções com o diretor do hospital psiquiátrico, que também é pai do aluno. A diretoria se interessou em desenvolver uma solução em tecnologia no contexto do hospital.

A atividade consiste no desenvolvimento de jogos terapêuticos para pacientes depressivos e para jovens dependentes químicos de 14 a 18 anos. Trata-se, segundo Vânia, de um projeto pioneiro de recuperação desses jovens, que já tinham contato com videogame. “Portanto, os jogos podem ser mais uma ferramenta de auxílio na reabilitação desses pacientes, que é um processo bastante influenciado pela resposta emocional. Se a solução de tecnologia visa auxiliar esses pacientes, então, as soluções de tecnologia devem levar em conta aspectos emocionais. Isso é considerado no design, no momento de concepção e na avaliação, feita posteriormente”, explica a docente.

A atividade conta com a participação de uma equipe multidisciplinar, incluindo as docentes Silvia Helena Zem Mascarenhas, do Departamento de Enfermagem e, mais recentemente, Fabiana de Souza Orlandi, do Departamento de Gerontologia, além da equipe do hospital com profissionais das áreas de psicologia, terapia ocupacional, enfermagem e fisioterapia.

Mais pesquisas
A UFSCar ainda desenvolve, por meio do Grupo de Pesquisa Laboratório de Interação Flexível e Sustentável (LIFeS), pesquisas em outras frentes. “Além da avaliação de resposta emocional com solução de tecnologia, nós também buscamos auxiliar os designers que vão gerar essas soluções a tomar as decisões que considerem respostas emocionais”, sintetiza Vânia, coordenadora do LIFeS.

Segundo a docente, há mais um projeto de mestrado em desenvolvimento por Renata Germano Bianchi, que investiga como o designer pode despertar um conjunto de emoções no usuário. A pesquisa busca orientar como o designer deve eleger os elementos de interface para serem colocados em um determinado projeto.

Outro estudo, de Iniciação Científica, em desenvolvimento por Ilgner Lino Vieira, visa construir um player de música para funcionar no celular. O diferencial do dispositivo é reagir à resposta emocional do usuário. “Em um primeiro momento, o usuário informa seu estado emocional e, a partir disso, é possível fazer uma seleção de músicas para reforçar ou trocar aquele estado emocional”, explica Vânia. A previsão é que em março já seja feito o primeiro teste.
12/12/2014
13:00:00
05/01/2015
22:00:00
Enzo Kuratomi
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