Estudante indígena da UFSCar escreve livro didático para ensinar idioma nativo às crianças de seu povo
Araras, Sorocaba, São Carlos
O estudante indígena Luciano Ariabo Quezo, graduando do curso de Letras da UFSCar, escreveu o livro didático Língua e Cultura Indígena Umutina no Ensino Fundamental para ensinar a língua Umutina-Balatiponé a alunos do 4º ano da escola indígena de seu povo, Julá Paré. Foram impressos 180 exemplares do material, que é composto por exercícios bilíngues (umutina-português) e dividido em quatro unidades, abordando a História do Povo; Artesanatos; O corpo humano com classes animais; e por último as narrativas do povo.
Formado por cerca de 600 pessoas, os Umutina vivem em uma reserva em Barra do Bugres, no interior do Mato Grosso, onde moram índios de diferentes etnias. Há apenas uma escola indígena na região e o ensino das línguas locais dependia, antes da disponibilização do livro, exclusivamente da vontade e do esforço dos integrantes da própria aldeia. Luciano, que além de autor é também o ilustrador do livro, notou que havia a necessidade de produzir materiais que auxiliassem os professores no exercício do ensino do idioma originário quando analisava, por meio de um outro projeto de pesquisa apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em quais situações eram trabalhadas a língua materna na escola Julá Paré.
O indígena é uma das poucas pessoas que falam Umutina no mundo. Aos 25 anos, o estudante conta que aprendeu a falar a língua com um ancião que era seu vizinho. Às vezes eu dormia na casa dele, e desde muito novo eu já tinha interesse em saber mais sobre a história e a cultura do povo local a que eu também pertenço, relata o indígena. O ancião, com mais de 100 anos, faleceu em 2004, e atualmente não existem mais idosos com o conhecimento tão amplo quanto o dele. O estudante conta que como não foram todos os jovens que tiveram o privilégio de aprender um pouco da língua, ele quer reforçar a revalorização do idioma. Como forma de apoiar esta luta enquanto acadêmico em Letras, encontrei essa maneira de colaborar. Com esse livro quero despertar cada vez mais nos jovens o interesse sobre a história e a cultura do povo, através de um produto social imprescindível para uma sociedade, a língua, relata Luciano.
Apesar de ser o primeiro projeto de autoria de um indígena apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o trabalho não é a primeira iniciativa. Para a construção do livro didático, o estudante buscou outras produções indígenas e o resultado surgiu de diversas inspirações. Durante o processo também houve uma consulta e o acompanhamento dos professores e lideranças que iriam futuramente receber o material. Além de professores, as crianças e as pessoas mais velhas, Luciano conta que a intenção é que o material atinja o povo de maneira mais abrangente, pois seu conteúdo é formado por atividades que exigem pesquisas fora da sala de aula e algumas indagações com o propósito de formar diálogo entre a criança e seus pais, não ficando essa responsabilidade somente aos professores e os mais velhos.
O estudante está certo de que com a realização desse trabalho ele pode motivar outros indígenas a fazerem mais livros didáticos. Tenho certeza que este resultado gera um impacto positivo sim, e que certamente incentiva os demais parentes indígenas a construírem projetos e submetê-los à agência ou fazerem até mesmo sem apoio algum, como já acontece há muito tempo, relata o indígena.
Luciano pretende dar continuidade a esse projeto. Enquanto isso não ocorre, ele participa de outras atividades que possuem a mesma relevância, como integrante do grupo de pesquisa Linguagens, Etnicidades e Estilo em Transição (LEETRA), no Departamento de Letras (DL) da própria UFSCar. O grupo tem como uma das metas produzir diversos materiais que tratam de temáticas de povos indígenas, baseando-se na lei 11.645/08, que prevê a inclusão de elementos da cultura indígena nos currículos de todas as escolas brasileiras.
Formado por cerca de 600 pessoas, os Umutina vivem em uma reserva em Barra do Bugres, no interior do Mato Grosso, onde moram índios de diferentes etnias. Há apenas uma escola indígena na região e o ensino das línguas locais dependia, antes da disponibilização do livro, exclusivamente da vontade e do esforço dos integrantes da própria aldeia. Luciano, que além de autor é também o ilustrador do livro, notou que havia a necessidade de produzir materiais que auxiliassem os professores no exercício do ensino do idioma originário quando analisava, por meio de um outro projeto de pesquisa apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em quais situações eram trabalhadas a língua materna na escola Julá Paré.
O indígena é uma das poucas pessoas que falam Umutina no mundo. Aos 25 anos, o estudante conta que aprendeu a falar a língua com um ancião que era seu vizinho. Às vezes eu dormia na casa dele, e desde muito novo eu já tinha interesse em saber mais sobre a história e a cultura do povo local a que eu também pertenço, relata o indígena. O ancião, com mais de 100 anos, faleceu em 2004, e atualmente não existem mais idosos com o conhecimento tão amplo quanto o dele. O estudante conta que como não foram todos os jovens que tiveram o privilégio de aprender um pouco da língua, ele quer reforçar a revalorização do idioma. Como forma de apoiar esta luta enquanto acadêmico em Letras, encontrei essa maneira de colaborar. Com esse livro quero despertar cada vez mais nos jovens o interesse sobre a história e a cultura do povo, através de um produto social imprescindível para uma sociedade, a língua, relata Luciano.
Apesar de ser o primeiro projeto de autoria de um indígena apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o trabalho não é a primeira iniciativa. Para a construção do livro didático, o estudante buscou outras produções indígenas e o resultado surgiu de diversas inspirações. Durante o processo também houve uma consulta e o acompanhamento dos professores e lideranças que iriam futuramente receber o material. Além de professores, as crianças e as pessoas mais velhas, Luciano conta que a intenção é que o material atinja o povo de maneira mais abrangente, pois seu conteúdo é formado por atividades que exigem pesquisas fora da sala de aula e algumas indagações com o propósito de formar diálogo entre a criança e seus pais, não ficando essa responsabilidade somente aos professores e os mais velhos.
O estudante está certo de que com a realização desse trabalho ele pode motivar outros indígenas a fazerem mais livros didáticos. Tenho certeza que este resultado gera um impacto positivo sim, e que certamente incentiva os demais parentes indígenas a construírem projetos e submetê-los à agência ou fazerem até mesmo sem apoio algum, como já acontece há muito tempo, relata o indígena.
Luciano pretende dar continuidade a esse projeto. Enquanto isso não ocorre, ele participa de outras atividades que possuem a mesma relevância, como integrante do grupo de pesquisa Linguagens, Etnicidades e Estilo em Transição (LEETRA), no Departamento de Letras (DL) da própria UFSCar. O grupo tem como uma das metas produzir diversos materiais que tratam de temáticas de povos indígenas, baseando-se na lei 11.645/08, que prevê a inclusão de elementos da cultura indígena nos currículos de todas as escolas brasileiras.
08/04/2015
13:00:00
11/05/2015
23:59:00
Eduardo Sotto Mayor
Não
Não
7301