Grupo de Pesquisa da UFSCar distribui materiais sobre a cultura indígena às escolas de ensino fundamental

São Carlos
No dia 10 abril o Grupo de Pesquisa Interdisciplinar “Linguagens, Etnicidades e Estilo em Transição” (LEETRA), do Departamento de Letras (DL) da UFSCar, em parceria com o Programa de Ações Afirmativas da Universidade e a Secretaria de Educação de São Carlos, realiza a distribuição de materiais que abordam a cultura indígena às escolas do ensino fundamental em função da lei 11.645/08, que prevê a inclusão de elementos dessa cultura nos currículos de todas as escolas brasileiras.

Graduandos de diferentes cursos e pós-graduandos da UFSCar e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), que integram o LEETRA, foram os responsáveis pela produção de oito revistas que abordam assuntos diferenciados, como artes e resistência Guarani, etnogeografia, educação ambiental e línguas indígenas. As 400 cópias impressas de cada uma das edições serão distribuídas a professores da rede municipal de ensino de São Carlos para apoiá-los em sala de aula. Nos materiais há sugestões de atividades, como jogos colaborativos para alfabetização e letramento. Os volumes também trazem uma lista de leituras que podem ser realizadas de forma complementar.

Segundo a lei 11.645/08, o conteúdo programático das escolas de ensino fundamental brasileiras deve incluir diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, tais como o estudo da luta dos povos indígenas no Brasil, a cultura indígena brasileira e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

A professora Maria Silvia Cintra Martins, docente do DL da UFSCar e coordenadora do LEETRA, conta que anteriormente a essa lei o espaço destinado aos indígenas era limitado. A professora explica que, apesar da literatura infanto juvenil de temática indígena ser encontrada nas bibliotecas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, o assunto era tratado de forma estereotipada e restrito ao dia 19 de abril, Dia do Índio. “Com a lei já se propicia melhor. Ela nos dá uma coragem, nos dá um horizonte para poder conversar com os professores, que de modo geral tem sim uma forma de acolhimento e uma vontade de conhecer mais”, relata a docente.

A iniciativa da realização desse projeto partiu do indígena Luciano Quezo, graduando do curso de Letras da UFSCar e também integrante do LEETRA. Foi ele quem articulou com o Programa de Ações Afirmativas da UFSCar para propor a realização desse trabalho em parceria com a Secretaria de Educação de São Carlos. Luciano também é autor de um dos volumes do material de apoio. Segundo a professora Maria Silvia, é cada vez mais importante que os indígenas sejam chamados para falar sobre si. “Essa tem sido uma defesa dos próprios: que eles sejam chamados a falar de si, sobre sua cultura, sobre sua literatura. Tradicionalmente, desde 1500, os indígenas são sempre tematizados a partir do olhar do outro e é importante que comece cada vez mais a despontar o olhar do indígena sobre si mesmo”.

Para a coordenadora do LEETRA trabalhar a questão indígena na escola é fazer com que o país conheça a si próprio. “Uma lei voltada a exploração da temática indígena vem contribuir para um conhecimento melhor da nossa identidade brasileira”, comemora Maria Silvia. Os pesquisadores pretendem agora analisar a forma de recepção na rede de ensino das revistas e possivelmente vir a reeditá-las com algumas alterações. O LEETRA também pretende desenvolver aplicativos para dispositivos móveis de cunho educativo que trabalhem essa temática.

A distribuição dos materiais de apoio ocorre no Museu da Ciência e Tecnologia de São Carlos, às 14 horas. O evento é destinado a diretores e gestores da rede municipal de ensino, mas aberto a todos os interessados.
09/04/2015
17:00:00
11/05/2015
23:59:00
Eduardo Sotto Mayor
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