Professor da UFSCar lança livro sobre poema de autor indianista
São Carlos
Propor uma nova leitura do poema Nênia à morte do meu bom amigo o Dr. Francisco Bernardino Ribeiro, de Firmino Rodrigues Silva (1815-1879), considerado um dos primeiros autores de feição indianista, é a proposta do livro "O poeta sem livro e a pietà indígena", de Wilton José Marques, docente do Departamento de Letras (DL) da UFSCar. "Procuro rediscutir a importância do poema para a literatura brasileira e apresentar também uma nova leitura do texto com o intuito de reintroduzi-lo no cânone romântico", explica Wilton.
O aparecimento da Nênia, em 16 de março de 1841 no jornal O Brasil, fez com que, ao longo do século XIX, Firmino, sem nunca ter publicado um livro de poemas, fosse considerado um dos precursores do indianismo romântico brasileiro. "Mas o poema ficou na incômoda e comum categoria de textos apenas citados, mas nunca lidos. Por isso, proponho a leitura dele neste livro levantando a questão se poderia um poeta sem livro ter alguma influência no processo de configuração temática do indianismo romântico", relata o professor.
Wilton diz que, à primeira vista, essa pergunta talvez se revele pretensiosa, no entanto ela se justifica no caso de Firmino que, ao longo da história literária oitocentista, aparece como o autor de um poema que é considerado um dos primeiros de feição indianista, o Nênia à morte do meu bom amigo o Dr. Francisco Bernardino Ribeiro. "Além de historiar o caminho da crítica oitocentista, uma nova leitura do poema ajudará a repensar sua importância na tradição romântica. A escolha deste texto é, na verdade, uma forma de tentar preencher alguns dos muitos vazios e silêncios da história literária brasileira".
O poema de Firmino focado no livro trata do sofrimento de uma mãe que chora o filho morto - ela é uma índia chamada Niterói - representada no texto tanto como a mãe do morto como também a mãe dos brasileiros, ou seja, é uma das primeiras representações literárias do nacionalismo romântico. Firmino Rodrigues Silva (1815-1879) foi jornalista e panfletário de grande destaque nos quadros do Partido Conservador e que, mais tarde, seria juiz, deputado e, finalmente, senador do Império.
O livro já está disponível e pode ser adquirido pelo site da Editora da Unicamp. Na segunda quinzena de abril, ele deverá ser lançado oficialmente na UFSCar, ainda sem data definida.
Wilton José Marques
O autor do livro "O poeta sem livro e a pietà indígena" possui graduação em História pela Unicamp (1993), mestrado em Teoria e História Literária pela Unicamp (1996) e doutorado em Letras (Literatura Brasileira) pela USP (2002). É professor associado de Literatura Brasileira e Teoria Literária do DL da UFSCar, do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da UFSCar e professor credenciado no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Unesp de Araraquara. Em 2011, recebeu o prêmio Jabuti na categoria Crítica e Teoria Literária pelo livro Gonçalves Dias: o poeta na contramão (EDUFSCar: 2010). Posteriormente, publicou onze verbetes no Le dictionaire universel des creatrices (Éditions Des Femmes, 2013) e, mais recentemente, O poeta do lá (EdUFSCar: 2014). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos temas: Gonçalves Dias, Romantismo brasileiro, Machado de Assis e Realismo brasileiro. Atualmente, trabalha em duas pesquisas que tratam das recentes descobertas de textos inéditos de Machado de Assis e José de Alencar.
O aparecimento da Nênia, em 16 de março de 1841 no jornal O Brasil, fez com que, ao longo do século XIX, Firmino, sem nunca ter publicado um livro de poemas, fosse considerado um dos precursores do indianismo romântico brasileiro. "Mas o poema ficou na incômoda e comum categoria de textos apenas citados, mas nunca lidos. Por isso, proponho a leitura dele neste livro levantando a questão se poderia um poeta sem livro ter alguma influência no processo de configuração temática do indianismo romântico", relata o professor.
Wilton diz que, à primeira vista, essa pergunta talvez se revele pretensiosa, no entanto ela se justifica no caso de Firmino que, ao longo da história literária oitocentista, aparece como o autor de um poema que é considerado um dos primeiros de feição indianista, o Nênia à morte do meu bom amigo o Dr. Francisco Bernardino Ribeiro. "Além de historiar o caminho da crítica oitocentista, uma nova leitura do poema ajudará a repensar sua importância na tradição romântica. A escolha deste texto é, na verdade, uma forma de tentar preencher alguns dos muitos vazios e silêncios da história literária brasileira".
O poema de Firmino focado no livro trata do sofrimento de uma mãe que chora o filho morto - ela é uma índia chamada Niterói - representada no texto tanto como a mãe do morto como também a mãe dos brasileiros, ou seja, é uma das primeiras representações literárias do nacionalismo romântico. Firmino Rodrigues Silva (1815-1879) foi jornalista e panfletário de grande destaque nos quadros do Partido Conservador e que, mais tarde, seria juiz, deputado e, finalmente, senador do Império.
O livro já está disponível e pode ser adquirido pelo site da Editora da Unicamp. Na segunda quinzena de abril, ele deverá ser lançado oficialmente na UFSCar, ainda sem data definida.
Wilton José Marques
O autor do livro "O poeta sem livro e a pietà indígena" possui graduação em História pela Unicamp (1993), mestrado em Teoria e História Literária pela Unicamp (1996) e doutorado em Letras (Literatura Brasileira) pela USP (2002). É professor associado de Literatura Brasileira e Teoria Literária do DL da UFSCar, do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da UFSCar e professor credenciado no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Unesp de Araraquara. Em 2011, recebeu o prêmio Jabuti na categoria Crítica e Teoria Literária pelo livro Gonçalves Dias: o poeta na contramão (EDUFSCar: 2010). Posteriormente, publicou onze verbetes no Le dictionaire universel des creatrices (Éditions Des Femmes, 2013) e, mais recentemente, O poeta do lá (EdUFSCar: 2014). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos temas: Gonçalves Dias, Romantismo brasileiro, Machado de Assis e Realismo brasileiro. Atualmente, trabalha em duas pesquisas que tratam das recentes descobertas de textos inéditos de Machado de Assis e José de Alencar.
28/03/2016
13:00:00
08/04/2016
0:01:00
Mariana Ignatios
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Professor Wilton José Marques, do DL da UFSCar. Foto: CCS-UFSCar
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