Saber quem são os profissionais de inteligência competitiva no Brasil é a proposta de mestranda da UFSCar
Lagoa do Sino
A importância da consolidação da profissão de Inteligência Competitiva (IC) no Brasil diante dos desafios enfrentados atual e futuramente pelas organizações em ambientes competitivos é o foco do projeto de mestrado de Karin Gomes da Silva Rocha, estudante do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (PPGCTS) da UFSCar. O estudo tem orientação do professor Roniberto Morato Amaral, do Departamento de Ciência da Informação (DCI), que também é pesquisador do Núcleo de Informação Tecnológica em Materiais (NIT/Materiais) da Universidade e atua no desenvolvimento e aplicação de conhecimentos e tecnologias à atividade de inteligência competitiva tecnológica e organizacional. O título da pesquisa, que foi iniciada em março de 2015, é "Análise do profissional e da produção científica em inteligência competitiva no Brasil utilizando a Plataforma Lattes e a rede social Linkedin".
No Brasil, a IC começou a ser realizada nos anos 1990 e pode ser utilizada por qualquer organização, seja privada ou governamental, de pequeno ou grande porte, nacional ou multinacional. De acordo com a pesquisadora, a profissão de IC busca identificar tendências do mercado, desenvolver análises estratégicas, descobrir oportunidades e mapear riscos por meio de metodologias científicas. Corresponde, portanto, ao processo contínuo de monitoramento e análise estratégica dos cenários e conjunturas mercadológicas em que determinada empresa está inserida. A IC engloba, ainda, as ações de coletar, analisar e aplicar, legal e eticamente, informações relativas às capacidades, vulnerabilidades e intenções dos concorrentes, ao mesmo tempo em que monitora o ambiente competitivo em geral. "A atividade de IC apoia os processos de tomada de decisão e planejamento estratégico das empresas ao providenciar insights sobre qual direção seguir no ambiente competitivo", explica Karin.
Um exemplo de trabalho de IC citado pela pesquisadora é o da empresa Sony. "A Kodak e a Fuji monopolizaram a concorrência sem ficar atentas ao restante do mercado. A Sony desenvolveu a câmera digital e superou as duas ex-potências do mercado fotográfico. A Sony utilizou-se de Inteligência Competitiva. Se a Kodak e a Fuji tivessem utilizado a IC, poderiam ter mantido a superioridade". Esse é o papel do profissional desta área - manter sob monitoramento clientes, fornecedores, tecnologia, preços, enfim, todos os fatores relacionados ao mercado.
Roniberto, que além de professor da UFSCar é um profissional de IC vinculado ao NIT/Materiais, conta como é o mercado de trabalho nesta área. "No Brasil é possível identificar iniciativas de IC na área de energia, telecomunicações, bancária, varejo e farmacêutica, dentre outras, confirmando que a IC pode ser utilizada por qualquer organização independente do setor industrial no qual esteja inserida", relata o docente. Especificamente no NIT/Materiais, a principal atuação dos profissionais desta área acontece na prospecção tecnológica, já que identifica tendências e maturação do desenvolvimento de tecnologias. "Por exemplo, as empresas têm interesse em saber quais tecnologias são utilizadas e que são de domínio dos concorrentes e, ainda, compará-las com as suas competências e soluções. Já as agências de fomento precisam tomar decisões sobre investimentos futuros, visando apoiar áreas estratégicas para o desenvolvimento social e econômico do País. Por isso, identificar as tendências tecnológicas é fundamental para orientar a elaboração e avaliação das políticas públicas em ciência e tecnologia", explica Roniberto. O professor conta que diversas agências de fomento, como a Fapesp, bem como universidades públicas, como a Unesp e a USP, e empresas privadas, como a 3M e a Renault, já contrataram o serviço de IC oferecido pelo NIT.
Na opinião do docente, os profissionais que atuam em IC precisam ser hábeis na manipulação e combinação de múltiplas técnicas de coleta e análise de informações, sobre a organização e seu ambiente de atuação. "O NIT compreende professores da área de materiais e ciência da informação. Esses professores atuam na execução e coordenação dos projetos de IC. Os alunos de pós-graduação são envolvidos nas atividades de coleta, tratamento e análise das informações. Também atuam no desenvolvimento de soluções tecnológicas para viabilizar os projetos", explica.
A partir deste cenário atual, a pesquisadora do PPGCTS pretende entender quem são os profissionais que trabalham com Inteligência Competitiva, onde e como atuam. "Para responder essas questões, utilizo um método que compreende a análise de documentos e a bibliometria, que é a amostra de dados que, neste caso, é composta por currículos, artigos de periódicos e projetos de pesquisa em andamento, recuperados de forma automatizada junto à Plataforma Lattes e ao Linkedin", explica Karin.
Dados levantados
Com os dados da Plataforma Lattes, Karin conta que foi possível identificar o perfil de atuação dos profissionais cadastrados nela e suas formações acadêmicas e, ainda, as principais temáticas e conceitos abordados pela produção científica brasileira em IC. "Um dado curioso que descobri foi que a grande maioria dos profissionais de IC está cadastrada no Linkedin e não no Lattes, apesar da maioria, 62% trabalhar em universidades e de 49,6% serem doutores".
Até o momento, a mestranda estudou 1.434 currículos cadastrados na Plataforma Lattes e também estudará 6.364 no Linkedin. Ela descobriu também que os profissionais têm formações variadas, mas a maior porcentagem participa ou participou de programas de pós-graduação de Administração, seguidos por Engenharia de Produção e Ciência da Informação.
Outro dado levantado pela pesquisadora foi que 82% destes profissionais está no Sudeste do País e que a maioria trabalha em universidades. Foram identificadas 1.498 organizações em que estes profissionais se encontram. Ela observou que 928 delas, ou seja 62%, são universidades. As empresas somam 219 organizações, cerca de 15%. Entretanto cabe ressaltar que as informações advêm de uma base de dados voltada para atuações mais acadêmicas e científicas, o que pode ter trazido o viés da baixa concentração desses profissionais em ambientes empresariais, esclarece Karin. As Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT) seguem em terceiro lugar com 115 (8%). E o restante dos profissionais está vinculado aos centros de educação, governo, bancos, associações, dentre outras.
Na opinião da pesquisadora, descobrir quem são os profissionais de IC no Brasil é uma ação fundamental. "Aspectos relacionados à competências, formação e profissionalização foram discutidos por alguns autores mas ainda há necessidade de ampliar o conhecimento das especificidades da atuação, da formação e do desenvolvimento do conhecimento da IC no Brasil", constata.
Depois de comparar as informações nas duas plataformas (Lattes e Linkedin), Karin pretende desenvolver um projeto de doutorado para confirmar como se dá a prática desses profissionais. "A proposta final é propor melhorias para a prática de IC no Brasil", prevê a pesquisadora.
No Brasil, a IC começou a ser realizada nos anos 1990 e pode ser utilizada por qualquer organização, seja privada ou governamental, de pequeno ou grande porte, nacional ou multinacional. De acordo com a pesquisadora, a profissão de IC busca identificar tendências do mercado, desenvolver análises estratégicas, descobrir oportunidades e mapear riscos por meio de metodologias científicas. Corresponde, portanto, ao processo contínuo de monitoramento e análise estratégica dos cenários e conjunturas mercadológicas em que determinada empresa está inserida. A IC engloba, ainda, as ações de coletar, analisar e aplicar, legal e eticamente, informações relativas às capacidades, vulnerabilidades e intenções dos concorrentes, ao mesmo tempo em que monitora o ambiente competitivo em geral. "A atividade de IC apoia os processos de tomada de decisão e planejamento estratégico das empresas ao providenciar insights sobre qual direção seguir no ambiente competitivo", explica Karin.
Um exemplo de trabalho de IC citado pela pesquisadora é o da empresa Sony. "A Kodak e a Fuji monopolizaram a concorrência sem ficar atentas ao restante do mercado. A Sony desenvolveu a câmera digital e superou as duas ex-potências do mercado fotográfico. A Sony utilizou-se de Inteligência Competitiva. Se a Kodak e a Fuji tivessem utilizado a IC, poderiam ter mantido a superioridade". Esse é o papel do profissional desta área - manter sob monitoramento clientes, fornecedores, tecnologia, preços, enfim, todos os fatores relacionados ao mercado.
Roniberto, que além de professor da UFSCar é um profissional de IC vinculado ao NIT/Materiais, conta como é o mercado de trabalho nesta área. "No Brasil é possível identificar iniciativas de IC na área de energia, telecomunicações, bancária, varejo e farmacêutica, dentre outras, confirmando que a IC pode ser utilizada por qualquer organização independente do setor industrial no qual esteja inserida", relata o docente. Especificamente no NIT/Materiais, a principal atuação dos profissionais desta área acontece na prospecção tecnológica, já que identifica tendências e maturação do desenvolvimento de tecnologias. "Por exemplo, as empresas têm interesse em saber quais tecnologias são utilizadas e que são de domínio dos concorrentes e, ainda, compará-las com as suas competências e soluções. Já as agências de fomento precisam tomar decisões sobre investimentos futuros, visando apoiar áreas estratégicas para o desenvolvimento social e econômico do País. Por isso, identificar as tendências tecnológicas é fundamental para orientar a elaboração e avaliação das políticas públicas em ciência e tecnologia", explica Roniberto. O professor conta que diversas agências de fomento, como a Fapesp, bem como universidades públicas, como a Unesp e a USP, e empresas privadas, como a 3M e a Renault, já contrataram o serviço de IC oferecido pelo NIT.
Na opinião do docente, os profissionais que atuam em IC precisam ser hábeis na manipulação e combinação de múltiplas técnicas de coleta e análise de informações, sobre a organização e seu ambiente de atuação. "O NIT compreende professores da área de materiais e ciência da informação. Esses professores atuam na execução e coordenação dos projetos de IC. Os alunos de pós-graduação são envolvidos nas atividades de coleta, tratamento e análise das informações. Também atuam no desenvolvimento de soluções tecnológicas para viabilizar os projetos", explica.
A partir deste cenário atual, a pesquisadora do PPGCTS pretende entender quem são os profissionais que trabalham com Inteligência Competitiva, onde e como atuam. "Para responder essas questões, utilizo um método que compreende a análise de documentos e a bibliometria, que é a amostra de dados que, neste caso, é composta por currículos, artigos de periódicos e projetos de pesquisa em andamento, recuperados de forma automatizada junto à Plataforma Lattes e ao Linkedin", explica Karin.
Dados levantados
Com os dados da Plataforma Lattes, Karin conta que foi possível identificar o perfil de atuação dos profissionais cadastrados nela e suas formações acadêmicas e, ainda, as principais temáticas e conceitos abordados pela produção científica brasileira em IC. "Um dado curioso que descobri foi que a grande maioria dos profissionais de IC está cadastrada no Linkedin e não no Lattes, apesar da maioria, 62% trabalhar em universidades e de 49,6% serem doutores".
Até o momento, a mestranda estudou 1.434 currículos cadastrados na Plataforma Lattes e também estudará 6.364 no Linkedin. Ela descobriu também que os profissionais têm formações variadas, mas a maior porcentagem participa ou participou de programas de pós-graduação de Administração, seguidos por Engenharia de Produção e Ciência da Informação.
Outro dado levantado pela pesquisadora foi que 82% destes profissionais está no Sudeste do País e que a maioria trabalha em universidades. Foram identificadas 1.498 organizações em que estes profissionais se encontram. Ela observou que 928 delas, ou seja 62%, são universidades. As empresas somam 219 organizações, cerca de 15%. Entretanto cabe ressaltar que as informações advêm de uma base de dados voltada para atuações mais acadêmicas e científicas, o que pode ter trazido o viés da baixa concentração desses profissionais em ambientes empresariais, esclarece Karin. As Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT) seguem em terceiro lugar com 115 (8%). E o restante dos profissionais está vinculado aos centros de educação, governo, bancos, associações, dentre outras.
Na opinião da pesquisadora, descobrir quem são os profissionais de IC no Brasil é uma ação fundamental. "Aspectos relacionados à competências, formação e profissionalização foram discutidos por alguns autores mas ainda há necessidade de ampliar o conhecimento das especificidades da atuação, da formação e do desenvolvimento do conhecimento da IC no Brasil", constata.
Depois de comparar as informações nas duas plataformas (Lattes e Linkedin), Karin pretende desenvolver um projeto de doutorado para confirmar como se dá a prática desses profissionais. "A proposta final é propor melhorias para a prática de IC no Brasil", prevê a pesquisadora.
02/05/2016
13:00:00
09/05/2016
0:01:00
Mariana Ignatios
Sim
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Proposta final de Karin é propor melhorias para a prática de IC no Brasil. Foto: Matheus Mazini
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