Pesquisa da UFSCar sobre acessibilidade na velhice realiza parceria com Centro de Estudos na França

São Carlos
Analisar aspectos relacionados à acessibilidade e funcionalidade de um núcleo habitacional para idosos de baixa renda. Este é o principal objetivo de uma pesquisa desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa Direito, Cidade e Envelhecimento, do Departamento de Gerontologia (DGero) da UFSCar. Iniciado em 2013 com auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o estudo, intitulado “Espaço urbano e moradia: perspectivas da acessibilidade e funcionalidade na velhice”, é coordenado pelas professoras Luzia Cristina Monteiro e Vania Aparecida Gurian Varoto, ambas do DGero. O intuito é identificar aspectos de acessibilidade de edificações no condomínio Recanto Feliz, localizado no município de Araraquara (SP) e exclusivo para pessoas de baixa renda e que tenham mais de 60 anos. “Também verificamos aspectos de acessibilidade urbana ao redor do condomínio, bem como aspectos funcionais dos moradores, do espaço e da vizinhança de acordo com a percepção dos envolvidos quanto às normas e legislações de acessibilidade vigentes no país”, explica a professora Cristina.

O local, criado em 2010, está sob gestão da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, que é uma das parceiras do estudo, assim como o Ministério Público da Comarca de Araraquara – especificamente as Promotorias de Justiça do Idoso e a Promotoria do Urbanismo e Meio Ambiente. Além disso, as coordenadoras ampliaram as parcerias do projeto e contam com apoio do grupo de pesquisa Centre de recherche sur l'espace sonore et l'environnement urbain (Cresson), laboratório da Ecole Nationale Supérieure d'Architecture de Grenoble, na França. “No período de 30 de maio a 3 de junho, realizamos encontros com os pesquisadores e alunos de doutorado do Cresson e divulgamos nossa pesquisa com o intuito de nos aproximarmos desta equipe, considerada referência em ambiência urbana em todo o mundo”, conta a professora Cristina. 

Construído em área de uma antiga estação ferroviária, o Recanto Feliz conta com 33 residências e o conjunto não segue os padrões recomendados para abrigar os idosos preconizados pelo Desenho Universal. Há apenas duas unidades adaptadas para pessoas com mobilidade reduzida. Em sua visita à França, a docente Cristina mostrou os estudos feitos até então e melhorias já implantadas no local, como: construção de cerca na parede de um muro de arrimo, permitindo maior segurança dentro do alojamento do espaço comum das moradias; construção de muros e limpeza da terra; nivelamento do terreno; reconstrução de tetos para melhor conforto dos idosos; dentre outras. De acordo com a docente, a parceria com o Cresson é importante para aumentar ainda mais as benfeitorias que ainda serão feitas no espaço, já que pretendem aplicar os conhecimentos científicos e a metodologia utilizados no centro francês. “Tivemos acesso à bibliografia e à documentação científica do laboratório, o que auxiliará no andamento de nossas pesquisas”, conta. Com isso, os diagnósticos levantados pelo Grupo de Pesquisa da UFSCar representam um avanço no estudo das moradias e ambientes para idosos no Brasil. “As moradias necessitam contemplar atributos – objetivos e subjetivos – para que as pessoas idosas de baixa renda, que dependem da realização de políticas públicas habitacionais, possam alcançar direito à moradia digna como direito fundamental da pessoa humana”, esclarece Cristina.

A docente afirma que, posteriormente, o estudo pode ser replicado em outros locais de moradia para pessoas idosas e refletem, para a UFSCar, a importância de possuir o primeiro Departamento de Gerontologia do Brasil. “O fato de o Departamento contar com pesquisadores que visam o estudo do Direito à Cidade e da própria Dignidade da Pessoa Humana para pessoas idosas de baixa renda é um de seus diferenciais e traz excelência em pesquisas da área”, ressalta.

Além de promover o compartilhamento de informações no âmbito acadêmico, a parceria do DGero com o Cresson também possibilitou a divulgação da pesquisa da UFSCar no blog do laboratório francês. O texto na íntegra pode ser lido em lcv.hypotheses.org/11064.
08/06/2016
13:00:00
19/06/2016
0:01:00
Adriana Arruda
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Grupo de Pesquisa da UFSCar no Recanto Feliz, em Araraquara (SP). Foto: Divulgação
8597