Estudos desenvolvidos na UFSCar e na Univap analisam o desenvolvimento de cimento para tratamentos ortopédicos

São Carlos
Pesquisas realizadas em parceria entre a UFSCar e a Universidade do Vale do Paraíba (Univap) analisaram o comportamento de cimento de aluminato de cálcio em meio biológico simulado. Os resultados são promissores e apontam para a utilização do material cerâmico em tratamentos ortopédicos com menores efeitos adversos nos pacientes. Os estudos são conduzidos pelos professores Victor Pandolfelli, do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar, e Ivone Regina Oliveira, da Univap.

O professor Pandolfelli explica que o cimento de aluminato de cálcio apresentou, em estudos laboratoriais, vantagens em comparação ao polimetilmetacrilato (PMMA), material que é muito utilizado na fixação de implantes e no preenchimento ósseo em intervenções ortopédicas. O PMMA apresenta algumas deficiências com relação a propriedades de manuseio e biocompatibilidade, como geração de calor e lesões em tecidos ao redor do local de aplicação e reações do sistema imunológico, caso partículas tóxicas do polímero caiam na corrente sanguínea. Para estudos, foram analisados o comportamento do cimento de aluminato de cálcio em solução simuladora de fluido corporal. "O trabalho mostra que as composições desenvolvidas e avaliadas usando o cimento de aluminato de cálcio apresentaram superior bioatividade quando comparada ao material comercial PMMA, sem os efeitos colaterais acima apontados", destaca o professor Pandolfelli.

O professor Pandolfelli destaca que a experiência em materiais cerâmicos com alta estabilidade, possibilitou a aplicação do aluminato de cálcio em sistemas biológicos. O primeiro projeto com o material envolveu sua aplicação em tratamentos ortodônticos, mas com a realização de novos estudos, foi possível ampliar seu uso em outras aplicações no corpo humano.

A professora Ivone é egressa do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da UFSCar e realizou seus estudos sob orientação do professor Pandolfelli. Para o docente, a parceria entre as universidades é importante para a disseminação dos conhecimentos relacionados ao desenvolvimento de materiais cerâmicos e também por ampliar suas aplicações. "Nossa grande dificuldade foram os testes biológicos. No decorrer do tempo, a professora Ivone criou condições na Univap para realização de testes em condições próximas às do corpo humano", afirma Pandolfelli.

Para o docente, o desenvolvimento científico exige união entre os pesquisadores de diversas áreas, para a realização de projetos com finalidades que atendam às necessidades da sociedade. “A maioria dos desafios na ciência implicam em parcerias. Os problemas a serem resolvidos são multi e interdisciplinares e exigem trabalhos em grupo”, defende o docente.

A pesquisa “Caracterização de composições a base de cimento de aluminato de cálcio em contato com solução simuladora de fluido corporal” foi premiada como o melhor trabalho apresentado no 60º Congresso Brasileiro de Cerâmica, realizado em Águas de Lindóia (SP) entre os dias 15 e 18 de maio. O trabalho também contou com a participação de Talita Luana de Andrade, graduanda em Engenharia Química na Univap. Mais informações sobre as pesquisas podem ser obtidas pelo email vicpando@ufscar.br.
09/06/2016
13:00:00
17/06/2016
0:01:00
Enzo Kuratomi
Sim
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Pesquisas do professor Pandolfelli visam a aplicação de materiais cerâmicos. Foto: Acervo CCS
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