Pesquisador da UFSCar investiga ação humana sobre comunidades de peixes
Araras, Sorocaba, São Carlos
Por que o fogo queima? Por que a lua é branca? Por que a Terra roda? são perguntas cantadas em verso e prosa, que povoam o imaginário de crianças e adultos, e que têm todas elas explicações científicas. Ou seja, a ciência nos ajuda a entender desde fenômenos físicos e químicos até a formação do universo, o comportamento do corpo humano e o funcionamento das sociedades e comunidades dos homens e dos animais. Por exemplo, você já parou para pensar sobre como os peixes se organizam e escolhem em que ponto dos rios morar? Sobre o que influencia a possibilidade de permanecerem numa região ou os leva a partir em busca de outras águas? E sobre os impactos da ação humana na ictiofauna, isto é, no conjunto de peixes que existe em determinada localidade? Pois essas questões também são objeto da ciência e são investigadas pelo professor Mauricio Cetra, do Departamento de Ciências Ambientais (DCA) no Centro de Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade (CCTS) do Campus Sorocaba da UFSCar.
Os peixes constituem o grupo mais diverso de vertebrados. De acordo com o pesquisador da UFSCar, estima-se que são cerca de 55 mil espécies de vertebrados em todo o mundo, das quais aproximadamente 28 mil são peixes. Nas águas doces neotropicais, existem atualmente 4.475 espécies válidas e cerca de 1.550 espécies ainda não descritas, segundo estimativa recente, totalizando 6.025 espécies nestes ambientes; deste total, o Brasil abriga 2.587 espécies. Para Cetra, os peixes têm inegável importância ecológica na estruturação e funcionamento dos ecossistemas; podem afetar a abundância, a composição em espécies e a distribuição de comunidades de algas, zooplâncton e invertebrados. E também é evidente a sua relevância econômica, principalmente, por sua participação preponderante na produção pesqueira mundial e para a sobrevivência de populações ribeirinhas.
Cetra estuda especificamente as espécies que vivem nos riachos e explica que a alta diversidade de peixes de água doce do Brasil deve-se, sobretudo, à presença de uma grande rede de drenagem com muitos sistemas isolados e particulares com considerável distinção ictiofaunística entre si. As águas doces do Estado de São Paulo concentram-se em quatro bacias hidrográficas: Alto Paraná, Paraíba do Sul, Ribeira de Iguape e um conjunto de pequenas drenagens situadas numa estreita faixa litorânea que fluem diretamente para o oceano Atlântico e compõem as Drenagens Costeiras ou Bacia Litorânea.
Por exemplo, na região da Serra de Paranapiacaba, no Estado de São Paulo, há muitas nascentes e riachos que correm tanto para os rios Tietê e Parapanema como para o mar, e são fonte de enorme riqueza de espécies de peixes. Temos investigado o quão diferentes são estas comunidades de peixes e quais as condições físicas, químicas e biológicas permitiram e permitem sua sobrevivência no local. Objetivamos entender também as interações entre as espécies e a estrutura física e geomorfológica que contribuem com a permanência ou estimulam a evasão, além da interferência do homem na dinâmica das comunidades, detalha o professor.
Com os resultados alcançados até o momento, as pesquisas já revelam que a ação humana é definitiva na permanência ou não das comunidades em suas regiões de origem. Algumas espécies são muito sensíveis a alterações ambientais e qualquer transformação em seu habitat pode levá-las a abandoná-lo buscando por novas moradas, explica o pesquisador. Cetra afirma que quando a erosão provocada pelo desmatamento das matas ciliares impacta o substrato no fundo dos rios, as comunidades de peixes mudam; e quando a poluição afeta a cadeia alimentar das espécies as comunidades também se alteram. Ou seja, a ação humana é determinante na biodiversidade de espécies de peixes que encontramos em cada nascente ou riacho, diz ele.
Nessa direção, a presença ou ausência de certas espécies nas comunidades são indicativos importantes do nível de preservação local, do tipo de intervenção que a região sofreu ou sofre e de quais ações podem ser tomadas para resgatar a diversidade original. Os animais traduzem como está o ambiente e são possíveis indicadores da preservação dos ecossistemas, afirma Cetra. Segundo o professor, embora seja comum a utilização de critérios químicos para identificar os danos causados aos ambientes aquáticos, avaliações desse tipo geralmente subestimam a real amplitude dos prejuízos. As metodologias mais recentes de avaliação da qualidade da água, por exemplo, empregam descritores físicos e químicos da água, mas também informações sobre a biota aquática em diferentes níveis de organização. Além disso, a estrutura física do habitat deve ser considerada na avaliação da qualidade desses ecossistemas, pois influenciam na estrutura e composição das comunidades biológicas, notadamente a dos peixes. Assim, a existência das comunidades e sua formatação atual revelam as condições ambientais e nos ajudam a buscar medidas de minimização de danos, atesta o pesquisador.
Nos estudos que desenvolve, Cetra tem utilizado o conceito de Índice de Integridade Biótica (IBI) que considera as características das comunidades de peixes tais como riqueza de espécies, composição trófica, abundância de indivíduos etc. e as correlacionam com aspectos de ocupação humana, com o intuito de identificar qual a capacidade de cada região em manter suas comunidades biológicas, preservando sua composição, diversidade e estrutura funcional. O IBI é uma das ferramentas que nos permite identificar os distúrbios ambientais e seus efeitos e, a partir daí, é possível a proposição de medidas de recuperação da biodiversidade das áreas afetadas pela ação humana, afirma o professor.
Rio Sorocaba
O pesquisador da UFSCar também empreende esforços para investigar as condições ambientais dos riachos que formam o Rio Sorocaba e que cortam a cidade, na intenção de aferir o Índice de Integridade Biótica para a cidade, conhecer os distúrbios antrópicos e contribuir com a reversão dos danos e da preservação da biodiversidade aquática local. Como estamos em uma região muito povoada e de elevada ocupação industrial, é fundamental que cuidemos da manutenção dos rios e riachos para garantirmos a diversidade biológica e a manutenção das espécies de peixes que existem na cidade, afirma Cetra.
Com o mesmo objetivo, Cetra coordena estudo nos rios que passam por Sorocaba, Pilar do Sul até Itararé, na divisa do Estado de São Paulo com o Paraná. Queremos aprofundar os conhecimentos sobre a formação das comunidades de peixes neste percurso com cerca de 300 km, avaliarmos as condições em que os peixes estão vivendo e quais rotas têm escolhido quando precisam procurar por outros lugares para viver, finaliza o professor.
Os peixes constituem o grupo mais diverso de vertebrados. De acordo com o pesquisador da UFSCar, estima-se que são cerca de 55 mil espécies de vertebrados em todo o mundo, das quais aproximadamente 28 mil são peixes. Nas águas doces neotropicais, existem atualmente 4.475 espécies válidas e cerca de 1.550 espécies ainda não descritas, segundo estimativa recente, totalizando 6.025 espécies nestes ambientes; deste total, o Brasil abriga 2.587 espécies. Para Cetra, os peixes têm inegável importância ecológica na estruturação e funcionamento dos ecossistemas; podem afetar a abundância, a composição em espécies e a distribuição de comunidades de algas, zooplâncton e invertebrados. E também é evidente a sua relevância econômica, principalmente, por sua participação preponderante na produção pesqueira mundial e para a sobrevivência de populações ribeirinhas.
Cetra estuda especificamente as espécies que vivem nos riachos e explica que a alta diversidade de peixes de água doce do Brasil deve-se, sobretudo, à presença de uma grande rede de drenagem com muitos sistemas isolados e particulares com considerável distinção ictiofaunística entre si. As águas doces do Estado de São Paulo concentram-se em quatro bacias hidrográficas: Alto Paraná, Paraíba do Sul, Ribeira de Iguape e um conjunto de pequenas drenagens situadas numa estreita faixa litorânea que fluem diretamente para o oceano Atlântico e compõem as Drenagens Costeiras ou Bacia Litorânea.
Por exemplo, na região da Serra de Paranapiacaba, no Estado de São Paulo, há muitas nascentes e riachos que correm tanto para os rios Tietê e Parapanema como para o mar, e são fonte de enorme riqueza de espécies de peixes. Temos investigado o quão diferentes são estas comunidades de peixes e quais as condições físicas, químicas e biológicas permitiram e permitem sua sobrevivência no local. Objetivamos entender também as interações entre as espécies e a estrutura física e geomorfológica que contribuem com a permanência ou estimulam a evasão, além da interferência do homem na dinâmica das comunidades, detalha o professor.
Com os resultados alcançados até o momento, as pesquisas já revelam que a ação humana é definitiva na permanência ou não das comunidades em suas regiões de origem. Algumas espécies são muito sensíveis a alterações ambientais e qualquer transformação em seu habitat pode levá-las a abandoná-lo buscando por novas moradas, explica o pesquisador. Cetra afirma que quando a erosão provocada pelo desmatamento das matas ciliares impacta o substrato no fundo dos rios, as comunidades de peixes mudam; e quando a poluição afeta a cadeia alimentar das espécies as comunidades também se alteram. Ou seja, a ação humana é determinante na biodiversidade de espécies de peixes que encontramos em cada nascente ou riacho, diz ele.
Nessa direção, a presença ou ausência de certas espécies nas comunidades são indicativos importantes do nível de preservação local, do tipo de intervenção que a região sofreu ou sofre e de quais ações podem ser tomadas para resgatar a diversidade original. Os animais traduzem como está o ambiente e são possíveis indicadores da preservação dos ecossistemas, afirma Cetra. Segundo o professor, embora seja comum a utilização de critérios químicos para identificar os danos causados aos ambientes aquáticos, avaliações desse tipo geralmente subestimam a real amplitude dos prejuízos. As metodologias mais recentes de avaliação da qualidade da água, por exemplo, empregam descritores físicos e químicos da água, mas também informações sobre a biota aquática em diferentes níveis de organização. Além disso, a estrutura física do habitat deve ser considerada na avaliação da qualidade desses ecossistemas, pois influenciam na estrutura e composição das comunidades biológicas, notadamente a dos peixes. Assim, a existência das comunidades e sua formatação atual revelam as condições ambientais e nos ajudam a buscar medidas de minimização de danos, atesta o pesquisador.
Nos estudos que desenvolve, Cetra tem utilizado o conceito de Índice de Integridade Biótica (IBI) que considera as características das comunidades de peixes tais como riqueza de espécies, composição trófica, abundância de indivíduos etc. e as correlacionam com aspectos de ocupação humana, com o intuito de identificar qual a capacidade de cada região em manter suas comunidades biológicas, preservando sua composição, diversidade e estrutura funcional. O IBI é uma das ferramentas que nos permite identificar os distúrbios ambientais e seus efeitos e, a partir daí, é possível a proposição de medidas de recuperação da biodiversidade das áreas afetadas pela ação humana, afirma o professor.
Rio Sorocaba
O pesquisador da UFSCar também empreende esforços para investigar as condições ambientais dos riachos que formam o Rio Sorocaba e que cortam a cidade, na intenção de aferir o Índice de Integridade Biótica para a cidade, conhecer os distúrbios antrópicos e contribuir com a reversão dos danos e da preservação da biodiversidade aquática local. Como estamos em uma região muito povoada e de elevada ocupação industrial, é fundamental que cuidemos da manutenção dos rios e riachos para garantirmos a diversidade biológica e a manutenção das espécies de peixes que existem na cidade, afirma Cetra.
Com o mesmo objetivo, Cetra coordena estudo nos rios que passam por Sorocaba, Pilar do Sul até Itararé, na divisa do Estado de São Paulo com o Paraná. Queremos aprofundar os conhecimentos sobre a formação das comunidades de peixes neste percurso com cerca de 300 km, avaliarmos as condições em que os peixes estão vivendo e quais rotas têm escolhido quando precisam procurar por outros lugares para viver, finaliza o professor.
12/09/2016
13:00:00
19/09/2016
0:01:00
João Eduardo Justi
Sim
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Professor Mauricio Cetra. Foto: João Justi
8890