Estudo foca sonhos e dificuldades de jovens artistas em São Carlos
Araras, Sorocaba, São Carlos
Quem são e como é o trabalho de jovens que se dedicam a profissões culturais e criativas em São Carlos? Para conhecer mais sobre suas dificuldades, sonhos e necessidades, um grupo de pesquisadores em Terapia Ocupacional da UFSCar realizou a pesquisa Juventude, trabalho e profissionalização da criatividade.
Estudamos esse tema pela relevância numérica e social da juventude, pela relação entre a educação e o trabalho formal e, também, pela potência da cultura para o desenvolvimento de qualquer sociedade, explica Carla Regina Silva, docente do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade que coordenou os estudos. Além da docente, a equipe contou com duas terapeutas ocupacionais e dez estudantes de Terapia Ocupacional, Pedagogia, Psicologia e Imagem e Som.
O estudo foi realizado entre 2014 e 2015. Primeiramente, foi feito um mapeamento das atividades artístico-culturais protagonizadas por jovens de 15 a 29 anos na cidade de São Carlos. Para isso, o grupo de pesquisa fez um levantamento dos programas, serviços e ações do setor público, privado e Terceiro Setor, totalizando 121 unidades. Esse mapeamento indicou 210 grupos ou artistas individuais.
Após essa identificação inédita no município -, a pesquisa filtrou os artistas ou grupos segundo critérios do próprio estudo e analisou as possibilidades de geração de renda e de profissionalização da atividade exercida, entrevistando diretamente os jovens envolvidos. No total, foram 96 entrevistas com jovens que se dedicam a atividades circenses, dança, teatro, música, artes visuais e artes manuais, na qual foram encontrados 46 grupos e jovens que realizavam estas práticas e tinham o desejo da profissionalização e da geração de renda.
Entre as dificuldades apontadas pela pesquisa, comuns a todos os jovens, estão a falta de infraestrutura para ensaios, produção, exibição e divulgação, além da carência financeira. Necessidade de ampliação do público-alvo e de fortalecimento das categorias artísticas, além da restrição das políticas públicas são outros obstáculos. A dificuldade de organização entre a equipe e a autogestão dos trabalhos artísticos também é outro problema enfrentado, uma vez que o artista precisa de outras formações, tais como administração, gestão financeira, comunicação, experiências com processos burocráticos e jurídicos, além do aprimoramento da própria técnica e prática artística", explicam os pesquisadores.
Além da dificuldade na compra de equipamentos - que geralmente são importados, portanto sobretaxados -, também há dificuldade na valorização do profissional da área já que há dispositivos muito bons de acesso relativamente fácil pela rede mundial de computadores, conta Lorenz Gobbi Ismael, 26, estudante de Linguística na UFSCar e DJ. Sempre me interessei por música e depois de fazer playlist para algumas festinhas resolvi me engajar e tive a oportunidade de fazer um curso de DJ com uma bolsa gratuita em outra cidade. Desde então, venho me aprimorando e tocando em São Carlos e em algumas cidades da região, conta.
Sonhos e expectativas
Apesar das dificuldades e pela própria natureza das atividades às quais se dedicam , a pesquisa aponta que o discurso desses jovens é marcado por sonhos e desejos. Ter reconhecimento, visibilidade e valorização do trabalho, atingir mais pessoas e compartilhar seus processos de criação são alguns dos anseios citados.
O engajamento político, ideológico e social também marca a trajetória dos artistas, que buscam fortalecimento entre si. Minha perspectiva é me engajar mais nessa área (da música) a ponto de conseguir promover um maior intercâmbio entre profissionais 'underground' do País, talvez até de outros países, afirma Lorenz. Trocar vivências e referências com residentes de outras regiões é uma ideia que me empolga bastante, pois tenho certeza que o tom de uma balada diz muito sobre as pessoas e vice-versa, conta a estudante.
A rapper Sara, uma das entrevistadas na pesquisa, também destaca a transformação social por meio da arte. O que a gente faz com a música vai refletir na vivência e na vida de outras pessoas. Eu não escrevo uma música pra você, que é rapper, ouvir. Eu escrevo pra sua mãe que lava a louça e que vai ouvir. A minha ideia mesmo é de transformação social, declarou a jovem durante o estudo.
Os pesquisadores avaliam que é necessário identificar a emergência de políticas públicas que apoiem e promovam a profissionalização da criatividade como possíveis estratégias para grupos jovens. Em decorrência da falta de oportunidades e incentivos para esses artistas, atualmente, há uma competição pelo mercado que corrobora para a individualização dos problemas e limitação nas perspectivas dos trabalhos, apontam. A pesquisa foi realizada pelo Laboratório de Atividades Humanas e Terapia Ocupacional (AHTO) com financiamento do Programa de Extensão Universitária (PROEXT) da Secretaria de Ensino Superior (SESU) do MEC e apoio da Coordenadoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da UFSCar.
Estudamos esse tema pela relevância numérica e social da juventude, pela relação entre a educação e o trabalho formal e, também, pela potência da cultura para o desenvolvimento de qualquer sociedade, explica Carla Regina Silva, docente do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade que coordenou os estudos. Além da docente, a equipe contou com duas terapeutas ocupacionais e dez estudantes de Terapia Ocupacional, Pedagogia, Psicologia e Imagem e Som.
O estudo foi realizado entre 2014 e 2015. Primeiramente, foi feito um mapeamento das atividades artístico-culturais protagonizadas por jovens de 15 a 29 anos na cidade de São Carlos. Para isso, o grupo de pesquisa fez um levantamento dos programas, serviços e ações do setor público, privado e Terceiro Setor, totalizando 121 unidades. Esse mapeamento indicou 210 grupos ou artistas individuais.
Após essa identificação inédita no município -, a pesquisa filtrou os artistas ou grupos segundo critérios do próprio estudo e analisou as possibilidades de geração de renda e de profissionalização da atividade exercida, entrevistando diretamente os jovens envolvidos. No total, foram 96 entrevistas com jovens que se dedicam a atividades circenses, dança, teatro, música, artes visuais e artes manuais, na qual foram encontrados 46 grupos e jovens que realizavam estas práticas e tinham o desejo da profissionalização e da geração de renda.
Entre as dificuldades apontadas pela pesquisa, comuns a todos os jovens, estão a falta de infraestrutura para ensaios, produção, exibição e divulgação, além da carência financeira. Necessidade de ampliação do público-alvo e de fortalecimento das categorias artísticas, além da restrição das políticas públicas são outros obstáculos. A dificuldade de organização entre a equipe e a autogestão dos trabalhos artísticos também é outro problema enfrentado, uma vez que o artista precisa de outras formações, tais como administração, gestão financeira, comunicação, experiências com processos burocráticos e jurídicos, além do aprimoramento da própria técnica e prática artística", explicam os pesquisadores.
Além da dificuldade na compra de equipamentos - que geralmente são importados, portanto sobretaxados -, também há dificuldade na valorização do profissional da área já que há dispositivos muito bons de acesso relativamente fácil pela rede mundial de computadores, conta Lorenz Gobbi Ismael, 26, estudante de Linguística na UFSCar e DJ. Sempre me interessei por música e depois de fazer playlist para algumas festinhas resolvi me engajar e tive a oportunidade de fazer um curso de DJ com uma bolsa gratuita em outra cidade. Desde então, venho me aprimorando e tocando em São Carlos e em algumas cidades da região, conta.
Sonhos e expectativas
Apesar das dificuldades e pela própria natureza das atividades às quais se dedicam , a pesquisa aponta que o discurso desses jovens é marcado por sonhos e desejos. Ter reconhecimento, visibilidade e valorização do trabalho, atingir mais pessoas e compartilhar seus processos de criação são alguns dos anseios citados.
O engajamento político, ideológico e social também marca a trajetória dos artistas, que buscam fortalecimento entre si. Minha perspectiva é me engajar mais nessa área (da música) a ponto de conseguir promover um maior intercâmbio entre profissionais 'underground' do País, talvez até de outros países, afirma Lorenz. Trocar vivências e referências com residentes de outras regiões é uma ideia que me empolga bastante, pois tenho certeza que o tom de uma balada diz muito sobre as pessoas e vice-versa, conta a estudante.
A rapper Sara, uma das entrevistadas na pesquisa, também destaca a transformação social por meio da arte. O que a gente faz com a música vai refletir na vivência e na vida de outras pessoas. Eu não escrevo uma música pra você, que é rapper, ouvir. Eu escrevo pra sua mãe que lava a louça e que vai ouvir. A minha ideia mesmo é de transformação social, declarou a jovem durante o estudo.
Os pesquisadores avaliam que é necessário identificar a emergência de políticas públicas que apoiem e promovam a profissionalização da criatividade como possíveis estratégias para grupos jovens. Em decorrência da falta de oportunidades e incentivos para esses artistas, atualmente, há uma competição pelo mercado que corrobora para a individualização dos problemas e limitação nas perspectivas dos trabalhos, apontam. A pesquisa foi realizada pelo Laboratório de Atividades Humanas e Terapia Ocupacional (AHTO) com financiamento do Programa de Extensão Universitária (PROEXT) da Secretaria de Ensino Superior (SESU) do MEC e apoio da Coordenadoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da UFSCar.
17/10/2016
13:00:00
24/10/2016
0:01:00
Denise Britto
Sim
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Professora Carla coordenou pesquisas sobre juventude e profissões criativas. Foto: Leticia Longo
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