Referência em Sociologia da Infância, UFSCar oferece especialização

Araras, Lagoa do Sino, Sorocaba, São Carlos
Os interessados podem se inscrever até o dia 10 de abril
Culturalmente, entre todos os atores sociais, a criança é o que menos tem direito à palavra. Ela não costuma ser ouvida ou tem a importância de sua fala diminuída. Para a professora Anete Abramowicz, do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas (DTPP) da UFSCar, há um trabalho essencial a ser feito em relação a esse ator social. “Precisamos formar profissionais que tenham capacidade teórica e metodológica para ouvir as crianças e fazer com que suas falas possam ecoar na sociedade”, defende.

Uma área da ciência chamada Sociologia da Infância busca desconstruir essa cultura milenar de que a criança não deve ser ouvida, por meio da mudança de pensamento, enxergando os pequenos cidadãos também como protagonistas. Essa esfera do conhecimento, que surgiu em 1920 na Europa e nos Estados Unidos, passou a se configurar como campo científico a partir da década de 80. No Brasil, a Sociologia da Infância, que apareceu ramificada em várias áreas, como na Educação e na própria Sociologia, se consolidou no País a partir da UFSCar.

“Na UFSCar, temos um curso de Ciências Sociais e um Departamento de Educação com excelentes professores e como a Sociologia da Infância é exatamente a fronteira entre as Ciências Humanas e a Educação, houve todas as condições favoráveis para mobilizar os especialistas, aglomerando disciplinas como a Antropologia da Criança, a Geografia, a Sociologia e Filosofia da Infância”, explica Anete.

A especialista conta que a união de diversos olhares científicos foi fundamental. “Conseguimos produzir um campo de conhecimento inédito, com um grande incremento na pesquisa brasileira sobre esse tipo de análise e estamos começando a dizer quem são as crianças brasileiras e do mundo”, enfatiza. “É um conhecimento que parece simples, mas não é. Sabe-se muito pouco sobre as crianças do ponto de vista delas”, relata. É preciso, segundo Anete, que a sociedade reconheça que a criança interfere socialmente.

Visando capacitar profissionais para atuar nessa área, está aberto, até o dia 10 de abril, o período de inscrições para a segunda turma da única pós-graduação brasileira que subsidia a formação inicial, continuada e específica de profissionais da Sociologia, da Educação e da Saúde. Trata-se do Curso de Especialização em Sociologia da Infância oferecido pela UFSCar.

O curso analisa as crianças da era digital, que são totalmente diferentes das do século 19, por exemplo. Ao mesmo tempo em que são abordados temas clássicos, como mortalidade e trabalho infantil, debate-se também questões contemporâneas, como as tecnologias e a inteligência digital desenvolvida pelos representantes das novas gerações. A criança indígena também é abordada, assim como aquelas que vivem no campo ou dentro de um quarto nos grandes centros urbanos.

Anete, coordenadora da especialização, avalia os resultados alcançados na primeira turma. “A primeira turma, como o curso ainda era inédito no Brasil, teve resultados surpreendentes. Vamos formar 50 especialistas em Sociologia da Infância com grande sucesso”, comemora.

Para cursar a especialização é necessário ter ensino superior completo. Profissionais de qualquer área podem participar. A pós-graduação em Sociologia da Infância conta com docentes da UFSCar, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), que ministram disciplinas nas áreas de Sociologia, Antropologia, História da Infância, Relações Raciais e Estudos de Bebês. A carga horária será de 360 horas, com aulas quinzenais aos sábados.

Os interessados podem se inscrever por meio do site www.socioinfancia2017.faiufscar.com. A gestão administrativa e financeira do curso é da FAI.UFSCar (Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Universidade Federal de São Carlos).
23/02/2017
13:00:00
05/03/2017
23:59:00
Eduardo Sotto Mayor
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Ciência busca desconstruir cultura milenar de que a criança não deve ser ouvida. Foto: FAI.UFSCa
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