Livro infantil une ficção e realidade ao falar sobre cegonha do Pantanal
São Carlos
Publicação da EdUFSCar traz a biologia da espécie e aspectos que podem ameaçar a sua sobrevivência
Era uma vez uma família de cegonhas da espécie Cabeça-seca que se reuniu para se reproduzir com outras famílias da mesma espécie, em uma região do Pantanal. Para a sobrevivência da família, o pai precisava pescar peixes para os filhotes, mas a cada dia inventava uma desculpa diferente para não sair do ninho e se revezar com a fêmea nos cuidados com a prole. Este é o enredo do livro "João Paizão", publicado pela EdUFSCar e de autoria de Silvia Nassif Del Lama, docente da UFSCar.
A ideia da obra, que mistura elementos ficcionais e reais, surgiu do contato da autora com a natureza durante suas pesquisas de campo no Pantanal. "Neste contato com a natureza, com a espécie e com habitantes das regiões, percebi que as crianças, e os moradores do Pantanal de modo geral, desconhecem por completo a biologia das cegonhas e não têm empatia por essas aves. A ideia do livro surgiu nesta tentativa de criar um vínculo daqueles que moram naquela região, em especial as crianças, com essa espécie de ave que ocorre não apenas no Brasil, mas no continente americano desde a América do Norte até o norte da Argentina", explica Del Lama.
Se a história é ficcional, os aspectos biológicos da espécie e da região do Pantanal retratados na obra são fruto de mais de 20 anos de estudos da autora e do seu grupo de pesquisa. A escolha dessa espécie de cegonha para ser personagem principal não é ao acaso: ela foi eleita porque é sensível aos distúrbios ambientais. "É uma espécie bioindicadora. Se o ambiente é alterado, ela sofre as consequências rapidamente. Se acontecer alguma modificação no Pantanal, essa espécie vai ser a primeira a se deslocar de lá e indicar que o ambiente está alterado", explica a pesquisadora.
O Brasil possui algumas espécies de cegonhas, como o Tuiuiú, mais conhecidas do que a Cabeça-seca, que são diferentes daquelas tradicionais de estilo europeu que aparecem nos desenhos animados carregando bebês. Uma das características da Cabeça-seca que a diferencia das demais espécies é a sua forma de pescar. Essa cegonha pesca em lagoas que possuem entre 20 e 40 centímetros de profundidade; com o bico aberto, caminha nas lagoas rasas e, quando bate no peixe, o captura pelo reflexo tátil. Por pescar assim, ela depende da integridade do sistema do Pantanal e de uma boa quantidade de peixes para sustentar seus filhotes. Para se ter uma ideia, para alimentar um só filhote, durante as oito semanas que permanece no ninho, os pais Cabeças-secas têm de pescar cerca de 120 quilos de peixe e, normalmente, no ninho há dois ou três filhotes.
A escolha do cenário também é proposital. O Pantanal é uma das maiores áreas úmidas do mundo. Está localizado na região Centro-Oeste e compreende uma planície de 140 mil quilômetros quadrados. Mais de 95% da área é propriedade privada. Para conservar esse ambiente, importante para a reprodução de mais de 300 espécies de aves e outros organismos, é necessário um movimento que dissemine a ideia de que nessa área existe uma riqueza ambiental ímpar que precisa ser preservada. "Escrever histórias para crianças, que são tão abertas à aprendizagem, e tentar estabelecer vínculos entre elas e as espécies brasileiras de toda nossa fauna é um caminho promissor. Espero que outras pessoas se sintam motivadas a fazer o mesmo, porque temos de trabalhar pela conservação e, de alguma forma, achar caminhos diferentes para implementá-la", sugere a autora.
Dirigida principalmente ao público infantil, a história conta com muitas ilustrações de autoria do biólogo Karl Mokross. "Como biólogo, tomei muito cuidado para manter uma representação fiel às espécies que aparecem no livro. Nunca gostei como alguns animais eram retratados nas obras infantis. Para fazer diferente, usei como base livros sobre aves do Pantanal e fotos que a própria Silvia tirou em suas viagens", conta Mokross. As ideias para as ilustrações e o que elas deveriam representar foram sugeridas pela autora, que deu liberdade ao ilustrador para definir a forma como implementá-las.
O pontapé inicial para o desenvolvimento do livro foi há 14 anos, quando Del Lama contou com a colaboração de dois voluntários, à época estudantes de graduação da UFSCar: Alexandre dos Santos Cristino e Magno Botelho Castelo Branco. A obra, agora finalizada, será doada a 100 escolas do Ensino Fundamental da região do Pantanal.
Lançamento
O livro "João Paizão" será lançado no dia 18 de abril, data em que se comemora o Dia Nacional do Livro Infantil. O lançamento contará com duas atividades. Às 14h30, será a vez do "Bom de Bico", encontro experimental para explicar porque os bicos das aves são tão diferentes. Essa atividade é direcionada a alunos convidados de duas escolas de São Carlos e contará com a participação de oito ornitólogos. Já às 16 horas, em um evento aberto ao público, haverá contação de histórias sobre o tema do "João Paizão", com Sonia Pinheiro, contadora de histórias, e a atriz Daniela Soledade. Ambas acontecem no Espaço Infantil da Biblioteca Comunitária (BCo) da UFSCar, na área Norte do Campus São Carlos. Mais informações no site da EdUFSCar.
A ideia da obra, que mistura elementos ficcionais e reais, surgiu do contato da autora com a natureza durante suas pesquisas de campo no Pantanal. "Neste contato com a natureza, com a espécie e com habitantes das regiões, percebi que as crianças, e os moradores do Pantanal de modo geral, desconhecem por completo a biologia das cegonhas e não têm empatia por essas aves. A ideia do livro surgiu nesta tentativa de criar um vínculo daqueles que moram naquela região, em especial as crianças, com essa espécie de ave que ocorre não apenas no Brasil, mas no continente americano desde a América do Norte até o norte da Argentina", explica Del Lama.
Se a história é ficcional, os aspectos biológicos da espécie e da região do Pantanal retratados na obra são fruto de mais de 20 anos de estudos da autora e do seu grupo de pesquisa. A escolha dessa espécie de cegonha para ser personagem principal não é ao acaso: ela foi eleita porque é sensível aos distúrbios ambientais. "É uma espécie bioindicadora. Se o ambiente é alterado, ela sofre as consequências rapidamente. Se acontecer alguma modificação no Pantanal, essa espécie vai ser a primeira a se deslocar de lá e indicar que o ambiente está alterado", explica a pesquisadora.
O Brasil possui algumas espécies de cegonhas, como o Tuiuiú, mais conhecidas do que a Cabeça-seca, que são diferentes daquelas tradicionais de estilo europeu que aparecem nos desenhos animados carregando bebês. Uma das características da Cabeça-seca que a diferencia das demais espécies é a sua forma de pescar. Essa cegonha pesca em lagoas que possuem entre 20 e 40 centímetros de profundidade; com o bico aberto, caminha nas lagoas rasas e, quando bate no peixe, o captura pelo reflexo tátil. Por pescar assim, ela depende da integridade do sistema do Pantanal e de uma boa quantidade de peixes para sustentar seus filhotes. Para se ter uma ideia, para alimentar um só filhote, durante as oito semanas que permanece no ninho, os pais Cabeças-secas têm de pescar cerca de 120 quilos de peixe e, normalmente, no ninho há dois ou três filhotes.
A escolha do cenário também é proposital. O Pantanal é uma das maiores áreas úmidas do mundo. Está localizado na região Centro-Oeste e compreende uma planície de 140 mil quilômetros quadrados. Mais de 95% da área é propriedade privada. Para conservar esse ambiente, importante para a reprodução de mais de 300 espécies de aves e outros organismos, é necessário um movimento que dissemine a ideia de que nessa área existe uma riqueza ambiental ímpar que precisa ser preservada. "Escrever histórias para crianças, que são tão abertas à aprendizagem, e tentar estabelecer vínculos entre elas e as espécies brasileiras de toda nossa fauna é um caminho promissor. Espero que outras pessoas se sintam motivadas a fazer o mesmo, porque temos de trabalhar pela conservação e, de alguma forma, achar caminhos diferentes para implementá-la", sugere a autora.
Dirigida principalmente ao público infantil, a história conta com muitas ilustrações de autoria do biólogo Karl Mokross. "Como biólogo, tomei muito cuidado para manter uma representação fiel às espécies que aparecem no livro. Nunca gostei como alguns animais eram retratados nas obras infantis. Para fazer diferente, usei como base livros sobre aves do Pantanal e fotos que a própria Silvia tirou em suas viagens", conta Mokross. As ideias para as ilustrações e o que elas deveriam representar foram sugeridas pela autora, que deu liberdade ao ilustrador para definir a forma como implementá-las.
O pontapé inicial para o desenvolvimento do livro foi há 14 anos, quando Del Lama contou com a colaboração de dois voluntários, à época estudantes de graduação da UFSCar: Alexandre dos Santos Cristino e Magno Botelho Castelo Branco. A obra, agora finalizada, será doada a 100 escolas do Ensino Fundamental da região do Pantanal.
Lançamento
O livro "João Paizão" será lançado no dia 18 de abril, data em que se comemora o Dia Nacional do Livro Infantil. O lançamento contará com duas atividades. Às 14h30, será a vez do "Bom de Bico", encontro experimental para explicar porque os bicos das aves são tão diferentes. Essa atividade é direcionada a alunos convidados de duas escolas de São Carlos e contará com a participação de oito ornitólogos. Já às 16 horas, em um evento aberto ao público, haverá contação de histórias sobre o tema do "João Paizão", com Sonia Pinheiro, contadora de histórias, e a atriz Daniela Soledade. Ambas acontecem no Espaço Infantil da Biblioteca Comunitária (BCo) da UFSCar, na área Norte do Campus São Carlos. Mais informações no site da EdUFSCar.
13/04/2017
13:00:00
06/05/2017
9:00:00
Fabricio Mazocco
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Livro será lançado no dia 18, no Campus São Carlos da UFSCar. Imagem: Reprodução.
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