Pesquisa inova no uso de plantas como indicadores de conservação
Araras, Lagoa do Sino, Sorocaba, São Carlos
Método desenvolvido no Campus Sorocaba é mais barato, rápido e fácil do que a utilização de animais como indicadores
Contribuir com a preservação de áreas ambientais, por meio da identificação de indicadores naturais das condições da vegetação, tem sido um dos objetivos dos estudos desenvolvidos pela professora Eliana Cardoso Leite, do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Gestão Ambiental (PPGSGA) do Campus Sorocaba da UFSCar. A ecologia florestal e o estudo das áreas protegidas são as principais linhas de atuação da pesquisadora, que já trabalha com o assunto há mais de 15 anos. "Essas pesquisas ajudam a identificar quais são as espécies raras, ameaçadas que necessitam de maior proteção, e também espécies e/ou condições da vegetação que podem ser utilizadas como indicadores de conservação ou de degradação do meio ambiente". Segundo Leite, esse conhecimento é útil, por exemplo, para que o gestor ou administrador de uma área protegida possa tomar as medidas necessárias para reverter a situação de degradação ambiental.
No caso dos estudos que selecionam indicadores da vegetação, com o objetivo de monitorar áreas protegidas, a pesquisadora enfoca plantas trepadeiras, samambaiçus e espécies do sub-bosque como as palmeiras, por exemplo. A partir dessas plantas como indicadores, Leite concluiu que as trepadeiras lenhosas com mais de 4 centímetros de diâmetro só ocorrem em áreas bem conservadas. "O mesmo vale para samambaiçus de grande porte, com mais de 4 metros de altura, e para algumas espécies como Euterpe edulis (palmito juçara) no sub-bosque. Todas indicam áreas bem conservadas", afirma ela. Por outro lado, segundo a docente, a ausência desses indicadores, somada à presença de espécies de Piper sp., no sub-bosque, evidenciam áreas degradadas.
Os estudos em conservação e biodiversidade da UFSCar são inovadores considerando que, de acordo com Leite, no Brasil não existem trabalhos com indicadores vegetais. A pesquisadora afirma que a grande vantagem desse método, quando comparado ao uso de espécies de fauna como indicadores (aves e pequenos mamíferos), é a facilidade de observação. "No caso da vegetação, facilmente os técnicos poderiam ser treinados e conseguiriam identificar no campo os indicadores. Isso tornaria o monitoramento mais fácil, mais rápido e mais barato", afirma a professora, alertando que, no País, apesar da existência de estudos com fauna, a grande maioria da Unidades de Conservação não faz nenhum monitoramento.
Conservação em Sorocaba
Parte dos estudos da professora da UFSCar tem analisado a situação da conservação ambiental em Sorocaba. A partir de uma pesquisa no município, foi desenvolvido um Índice Prioritário de Conservação de Floresta (FCPI) que consiste, basicamente, em analisar tamanho, forma e conectividade de fragmentos florestais.
Os esforços em pesquisa buscam apontar possíveis soluções para problemas de conservação que, segundo Leite, ainda existem em Sorocaba. Um deles é a falta de vegetação ao redor de nascentes, nas margens dos cursos d'água, tanto em áreas públicas quanto privadas. "Uma solução seria a Prefeitura implantar restauração na áreas públicas e cobrar dos proprietários que o façam nas áreas privadas, por meio de fiscalização e penalização", indica ela. Outro desafio apontado é a falta de entendimento sobre Unidades de Conservação por parte dos gestores públicos municipais em geral. "Eles deveriam se aproximar da academia. A política deveria levar em conta a pesquisa científica para o bem da coletividade, considerando critérios científicos no planejamento, criação e gestão de Áreas Protegidas", defende a professora da UFSCar.
No caso de Sorocaba, a pesquisadora destaca também a falta de uma política pública de incentivo à criação de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPNs). "Essa é uma categoria pouco divulgada, pouco conhecida. O poder público não tem gasto financeiro, porque se trata de uma Reserva Particular, e o responsável continua sendo o proprietário. Isso seria bem interessante, visto que a maioria dos fragmentos florestais de Sorocaba está dentro de propriedades particulares", conclui a docente.
A professora Eliana Cardoso Leite é líder do Núcleo de Estudos em Áreas Protegidas e Sustentabilidade (Neaps), um grupo de pesquisas que se reúne quinzenalmente, integrando estudantes de graduação e de pós-graduação em trabalhos sobre conservação ambiental. Saiba mais sobre as pesquisas e outras atividades na página do Neaps no Facebook.
No caso dos estudos que selecionam indicadores da vegetação, com o objetivo de monitorar áreas protegidas, a pesquisadora enfoca plantas trepadeiras, samambaiçus e espécies do sub-bosque como as palmeiras, por exemplo. A partir dessas plantas como indicadores, Leite concluiu que as trepadeiras lenhosas com mais de 4 centímetros de diâmetro só ocorrem em áreas bem conservadas. "O mesmo vale para samambaiçus de grande porte, com mais de 4 metros de altura, e para algumas espécies como Euterpe edulis (palmito juçara) no sub-bosque. Todas indicam áreas bem conservadas", afirma ela. Por outro lado, segundo a docente, a ausência desses indicadores, somada à presença de espécies de Piper sp., no sub-bosque, evidenciam áreas degradadas.
Os estudos em conservação e biodiversidade da UFSCar são inovadores considerando que, de acordo com Leite, no Brasil não existem trabalhos com indicadores vegetais. A pesquisadora afirma que a grande vantagem desse método, quando comparado ao uso de espécies de fauna como indicadores (aves e pequenos mamíferos), é a facilidade de observação. "No caso da vegetação, facilmente os técnicos poderiam ser treinados e conseguiriam identificar no campo os indicadores. Isso tornaria o monitoramento mais fácil, mais rápido e mais barato", afirma a professora, alertando que, no País, apesar da existência de estudos com fauna, a grande maioria da Unidades de Conservação não faz nenhum monitoramento.
Conservação em Sorocaba
Parte dos estudos da professora da UFSCar tem analisado a situação da conservação ambiental em Sorocaba. A partir de uma pesquisa no município, foi desenvolvido um Índice Prioritário de Conservação de Floresta (FCPI) que consiste, basicamente, em analisar tamanho, forma e conectividade de fragmentos florestais.
Os esforços em pesquisa buscam apontar possíveis soluções para problemas de conservação que, segundo Leite, ainda existem em Sorocaba. Um deles é a falta de vegetação ao redor de nascentes, nas margens dos cursos d'água, tanto em áreas públicas quanto privadas. "Uma solução seria a Prefeitura implantar restauração na áreas públicas e cobrar dos proprietários que o façam nas áreas privadas, por meio de fiscalização e penalização", indica ela. Outro desafio apontado é a falta de entendimento sobre Unidades de Conservação por parte dos gestores públicos municipais em geral. "Eles deveriam se aproximar da academia. A política deveria levar em conta a pesquisa científica para o bem da coletividade, considerando critérios científicos no planejamento, criação e gestão de Áreas Protegidas", defende a professora da UFSCar.
No caso de Sorocaba, a pesquisadora destaca também a falta de uma política pública de incentivo à criação de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPNs). "Essa é uma categoria pouco divulgada, pouco conhecida. O poder público não tem gasto financeiro, porque se trata de uma Reserva Particular, e o responsável continua sendo o proprietário. Isso seria bem interessante, visto que a maioria dos fragmentos florestais de Sorocaba está dentro de propriedades particulares", conclui a docente.
A professora Eliana Cardoso Leite é líder do Núcleo de Estudos em Áreas Protegidas e Sustentabilidade (Neaps), um grupo de pesquisas que se reúne quinzenalmente, integrando estudantes de graduação e de pós-graduação em trabalhos sobre conservação ambiental. Saiba mais sobre as pesquisas e outras atividades na página do Neaps no Facebook.
28/04/2017
13:00:00
12/05/2017
23:59:00
Denise Britto
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Professora Eliana durante atividade de pesquisa sobre conservação. Foto: Acervo pessoal
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