Projeto de restauração em Sorocaba recria área florestal em poucos anos
Sorocaba, São Carlos
Com cinco anos de plantio, área restaurada já apresentava características de floresta de 20 anos, afirma pesquisadora da UFSCar
Recriar uma floresta nativa em suas funções ecológicas, beleza e diversidade e em curto espaço de tempo. Foi com esse objetivo que a UFSCar, em parceria com a montadora Toyota, iniciou um projeto, há seis anos, no entorno da fábrica de automóveis em Sorocaba. Hoje, a área que foi restaurada já apresenta características de uma floresta de 20 anos, segundo avaliação da equipe do Campus Sorocaba da Universidade liderada pela professora Fátima Piña-Rodrigues, do Departamento de Ciências Ambientais (DCA).
"Antes chamávamos o projeto de 20 anos em 10. No entanto, em cinco anos, já atingimos as condições que uma floresta de 20 anos teria", comemora Piña-Rodrigues, que chegou a essa conclusão após comparar a área, no ano passado, a outras florestas. "Os processos ecológicos na região já são similares aos de uma floresta com mais de 20 anos. A quantidade de matéria orgânica no solo e a quantidade de carbono acumulada na vegetação são alguns desses indícios. Antes da nossa intervenção, tratava-se de uma área muito perturbada, degradada, pois a cobertura de solo original havia sido removida para construir a fábrica. Se não tivéssemos feito nada, mesmo em cem anos nada cresceria lá", afirma a pesquisadora.
O projeto Morizukuri (termo japonês que significa "criar floresta") foi adaptado do método do botânico Akira Miyawaki, professor da Universidade de Hiroshima, no Japão. Foi ele, pessoalmente, quem pediu para que a Toyota entrasse em contato com Piña-Rodrigues. "Eu já conhecia o Miyawaki porque trabalhamos juntos na Amazônia e também no Japão. Por uma feliz coincidência, a Toyota se instalou em Sorocaba e ele solicitou para a fábrica fazer contato comigo para estabelecermos uma parceria", conta a professora.
Para restaurar a área no entorno da montadora, em Sorocaba, foram escolhidas espécies que poderiam exercer diversas funções, tais como fornecimento de frutos para alimentar animais, interação com micro-organismos para melhorar a qualidade do solo, maior volume de folhas etc. "Entre as plantas recolocadas na área, estão a aroeira pimenteira, usada para atrair a fauna, em especial, aves; a imbaúba, que foi plantada para atrair morcegos e aves frugívoras muito importantes na dispersão de sementes; e as acácias, com lindas flores, que foram selecionadas pela função de embelezamento e, também, por atrair abelhas responsáveis por cruzamento entre plantas", descreve a pesquisadora.
Para selecionar as espécies, Piña-Rodrigues conta que foi realizado um levantamento histórico da vegetação local, desde a época do Brasil Império, no século XIX, até os dias de hoje, em parceria com a Floresta Nacional de Ipanema. Esse estudo foi, inclusive, feito antes da construção da fábrica da Toyota. "Quando iniciamos nossas atividades na UFSCar, não havia trabalhos sobre as florestas da região. Com o apoio da Prefeitura de Sorocaba, iniciamos, em 2006, o Projeto Verde - o primeiro do curso de Engenharia Florestal da UFSCar -, que consistiu em um levantamento dos fragmentos florestais e da biodiversidade no Município", relembra a docente.
Além da pesquisa detalhada sobre plantas nativas da região a fim de recriar uma parte da floresta, a UFSCar também participou do preparo do solo e da produção das mudas. O plantio no entorno da unidade da Toyota foi realizado no dia 16 de outubro de 2011, quando mais de três mil funcionários e colaboradores plantaram 45 mil mudas de espécies nativas. "Não é, simplesmente, um plantio, pois no processo de restauração a preocupação é, justamente, restaurar funções da floresta, tais como atrair a fauna, proteger o solo de erosão, reduzir nível de ruído, repor a capacidade do solo de absorver água. É diferente do reflorestamento, no qual podemos usar qualquer espécie", explica a professora.
Manutenção da área
Mesmo após seis anos, a área recebe atenção permanente por parte dos pesquisadores, com medições para avaliar o desenvolvimento de espécies. Atualmente, a equipe da professora tem focado no monitoramento do acúmulo de carbono. O objetivo, segundo ela, é verificar o quanto de carbono esse plantio está resgatando da atmosfera. "O gás carbônico na atmosfera, emitido pelos carros, fábricas e pessoas, altera as condições climáticas. E as plantas resgatam esse carbono do ambiente, impedindo processos de aquecimento", diz Piña-Rodrigues.
Com o sucesso do projeto, a área já é utilizada para pesquisas da UFSCar, desde iniciação científica até estudos de doutorado, e também para atividades do curso de MBA em Restauração, Licenciamento e Adequação Ambiental. Os resultados da restauração também já foram replicados em outros locais, todos com parceria da UFSCar, em diversas áreas de Sorocaba e também de outras cidades, como Itu. "Nosso método é sempre feito com pessoas. Não é um trabalho só de plantio. É um trabalho social e de meio ambiente. As pessoas se sentem donas dessas florestas", destaca a pesquisadora.
Pessoas ou empresas interessadas em replicar a ideia podem entrar em contato com a equipe do Campus Sorocaba da UFSCar liderada pela professora Fátima Piña-Rodrigues pelo e-mail lasem.ufscar@gmail.com.
"Antes chamávamos o projeto de 20 anos em 10. No entanto, em cinco anos, já atingimos as condições que uma floresta de 20 anos teria", comemora Piña-Rodrigues, que chegou a essa conclusão após comparar a área, no ano passado, a outras florestas. "Os processos ecológicos na região já são similares aos de uma floresta com mais de 20 anos. A quantidade de matéria orgânica no solo e a quantidade de carbono acumulada na vegetação são alguns desses indícios. Antes da nossa intervenção, tratava-se de uma área muito perturbada, degradada, pois a cobertura de solo original havia sido removida para construir a fábrica. Se não tivéssemos feito nada, mesmo em cem anos nada cresceria lá", afirma a pesquisadora.
O projeto Morizukuri (termo japonês que significa "criar floresta") foi adaptado do método do botânico Akira Miyawaki, professor da Universidade de Hiroshima, no Japão. Foi ele, pessoalmente, quem pediu para que a Toyota entrasse em contato com Piña-Rodrigues. "Eu já conhecia o Miyawaki porque trabalhamos juntos na Amazônia e também no Japão. Por uma feliz coincidência, a Toyota se instalou em Sorocaba e ele solicitou para a fábrica fazer contato comigo para estabelecermos uma parceria", conta a professora.
Para restaurar a área no entorno da montadora, em Sorocaba, foram escolhidas espécies que poderiam exercer diversas funções, tais como fornecimento de frutos para alimentar animais, interação com micro-organismos para melhorar a qualidade do solo, maior volume de folhas etc. "Entre as plantas recolocadas na área, estão a aroeira pimenteira, usada para atrair a fauna, em especial, aves; a imbaúba, que foi plantada para atrair morcegos e aves frugívoras muito importantes na dispersão de sementes; e as acácias, com lindas flores, que foram selecionadas pela função de embelezamento e, também, por atrair abelhas responsáveis por cruzamento entre plantas", descreve a pesquisadora.
Para selecionar as espécies, Piña-Rodrigues conta que foi realizado um levantamento histórico da vegetação local, desde a época do Brasil Império, no século XIX, até os dias de hoje, em parceria com a Floresta Nacional de Ipanema. Esse estudo foi, inclusive, feito antes da construção da fábrica da Toyota. "Quando iniciamos nossas atividades na UFSCar, não havia trabalhos sobre as florestas da região. Com o apoio da Prefeitura de Sorocaba, iniciamos, em 2006, o Projeto Verde - o primeiro do curso de Engenharia Florestal da UFSCar -, que consistiu em um levantamento dos fragmentos florestais e da biodiversidade no Município", relembra a docente.
Além da pesquisa detalhada sobre plantas nativas da região a fim de recriar uma parte da floresta, a UFSCar também participou do preparo do solo e da produção das mudas. O plantio no entorno da unidade da Toyota foi realizado no dia 16 de outubro de 2011, quando mais de três mil funcionários e colaboradores plantaram 45 mil mudas de espécies nativas. "Não é, simplesmente, um plantio, pois no processo de restauração a preocupação é, justamente, restaurar funções da floresta, tais como atrair a fauna, proteger o solo de erosão, reduzir nível de ruído, repor a capacidade do solo de absorver água. É diferente do reflorestamento, no qual podemos usar qualquer espécie", explica a professora.
Manutenção da área
Mesmo após seis anos, a área recebe atenção permanente por parte dos pesquisadores, com medições para avaliar o desenvolvimento de espécies. Atualmente, a equipe da professora tem focado no monitoramento do acúmulo de carbono. O objetivo, segundo ela, é verificar o quanto de carbono esse plantio está resgatando da atmosfera. "O gás carbônico na atmosfera, emitido pelos carros, fábricas e pessoas, altera as condições climáticas. E as plantas resgatam esse carbono do ambiente, impedindo processos de aquecimento", diz Piña-Rodrigues.
Com o sucesso do projeto, a área já é utilizada para pesquisas da UFSCar, desde iniciação científica até estudos de doutorado, e também para atividades do curso de MBA em Restauração, Licenciamento e Adequação Ambiental. Os resultados da restauração também já foram replicados em outros locais, todos com parceria da UFSCar, em diversas áreas de Sorocaba e também de outras cidades, como Itu. "Nosso método é sempre feito com pessoas. Não é um trabalho só de plantio. É um trabalho social e de meio ambiente. As pessoas se sentem donas dessas florestas", destaca a pesquisadora.
Pessoas ou empresas interessadas em replicar a ideia podem entrar em contato com a equipe do Campus Sorocaba da UFSCar liderada pela professora Fátima Piña-Rodrigues pelo e-mail lasem.ufscar@gmail.com.
29/05/2017
13:00:00
09/06/2017
23:59:00
Denise Britto
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Em 5 anos, área apresenta características de floresta de 20. Foto: Acervo pessoal
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