Pesquisadores criam cerâmica sustentável com emissão reduzida de CO2
São Carlos
Tecnologia foi desenvolvida na Universidade em parceria com o Centro de Revestimento Cerâmico (CRC), empresa criada por ex-aluno
Uma cerâmica do tipo monoporosa, utilizada para o revestimento de paredes internas de edificações, que emite cerca de 50% a menos de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera durante a sua fabricação, quando comparada com um azulejo tradicional. Se configura, dessa maneira, como um produto de maior sustentabilidade ambiental, tendo em vista que as emissões de dióxido de carbono estão diretamente associadas com o efeito estufa e o aquecimento global. Essa tecnologia é fruto de um trabalho desenvolvido pelos pesquisadores Anselmo Ortega Boschi e Fábio Gomes Melchiades, do Laboratório de Revestimentos Cerâmicos do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar, em parceria com o Centro de Revestimento Cerâmico (CRC), empresa privada criada por Melchiades, que é ex-aluno da UFSCar. A tecnologia foi originalmente desenvolvida por meio de trabalhos exploratórios no CRC durante um ano e, posteriormente, contou com o apoio de um projeto de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A patente, intitulada "Processo de fabricação de material cerâmico com emissão reduzida de CO2", possui a mesma aplicação e desempenho técnico de azulejos cerâmicos utilizados para o revestimento de paredes internas de ambientes residenciais, comerciais e industriais. Entretanto, para que as emissões de CO2 sejam reduzidas, a tecnologia apresenta dois diferenciais em relação aos revestimentos cerâmicos convencionais: é fabricada por um processo denominado via seca, que consome aproximadamente 25% menos de gás natural, e sua composição de massa é isenta de carbonatos, já que as monoporosas tradicionais costumam utilizar de 10% a 15% de carbonatos.
Como a queima do gás natural emite CO2 na atmosfera, além da redução dos custos de fabricação por conta do menor consumo de gás, as emissões atmosféricas de CO2 também diminuem. No caso dos carbonatos, que se decompõem durante a queima, aproximadamente metade de suas massas se converte em CO2 que é emitido na atmosfera após a reação. Como o produto desenvolvido não utiliza carbonatos em sua formulação, as emissões de CO2 acabam sendo consideravelmente reduzidas.
De acordo com Melchiades, a patente, que levou cerca de três anos para ser desenvolvida, foi inspirada pela experiência dos pesquisadores na área de revestimentos cerâmicos, identificando a necessidade de criar produtos que tivessem menos impacto no meio ambiente. "Durante o meu doutorado na UFSCar, nosso grupo de pesquisa já havia trabalhado com a adaptação do processo via seca para a fabricação de porcelanatos, o que nos indicou a possibilidade de fabricação de produtos mais sustentáveis e competitivos", conta ele.
Em termos de qualidade, a tecnologia apresenta as mesmas propriedades de azulejos convencionais e atende todos os requisitos especificados pela normalização. Entretanto, o pesquisador explica que seu grande diferencial está na sustentabilidade ambiental: as emissões atmosféricas de CO2 associadas à fabricação das monoporosas convencionais são da ordem de 250 g CO2/Kg de produto fabricado, ao passo que o novo produto deve emitir cerca de 110 g CO2/Kg. "Ou seja, isso representa uma redução superior a 50% das emissões de CO2 envolvidas na fabricação de um produto que apresenta propriedades semelhantes. Em função do menor consumo de gás natural, estimamos que os custos de fabricação também sejam menores", afirma Melchiades.
Considerando que o desenvolvimento da patente foi recentemente concluído e a tecnologia já está disponível para fabricação, neste momento, os pesquisadores buscam a realização de testes industriais para despertar o interesse das indústrias cerâmicas em seu potencial mercadológico. Eles já receberam contato de empresas da cidade de Santa Gertrudes, a 70 Km de São Carlos, que é o maior polo de fabricação de revestimentos cerâmicos da América Latina, e constitui o ambiente ideal para a disseminação desse tipo de tecnologia. Além disso, os pesquisadores acreditam que a consciência ambiental dos consumidores está mudando e fazendo com que esses produtos sejam cada vez mais valorizados no mercado nacional. "A sustentabilidade é uma necessidade global. Por isso, diversas legislações estão impondo limites para as emissões atmosféricas de gases ligados ao efeito estufa. Isso torna a nossa tecnologia ainda mais atrativa no mercado brasileiro e também internacional", conclui Melchiades.
A patente, intitulada "Processo de fabricação de material cerâmico com emissão reduzida de CO2", possui a mesma aplicação e desempenho técnico de azulejos cerâmicos utilizados para o revestimento de paredes internas de ambientes residenciais, comerciais e industriais. Entretanto, para que as emissões de CO2 sejam reduzidas, a tecnologia apresenta dois diferenciais em relação aos revestimentos cerâmicos convencionais: é fabricada por um processo denominado via seca, que consome aproximadamente 25% menos de gás natural, e sua composição de massa é isenta de carbonatos, já que as monoporosas tradicionais costumam utilizar de 10% a 15% de carbonatos.
Como a queima do gás natural emite CO2 na atmosfera, além da redução dos custos de fabricação por conta do menor consumo de gás, as emissões atmosféricas de CO2 também diminuem. No caso dos carbonatos, que se decompõem durante a queima, aproximadamente metade de suas massas se converte em CO2 que é emitido na atmosfera após a reação. Como o produto desenvolvido não utiliza carbonatos em sua formulação, as emissões de CO2 acabam sendo consideravelmente reduzidas.
De acordo com Melchiades, a patente, que levou cerca de três anos para ser desenvolvida, foi inspirada pela experiência dos pesquisadores na área de revestimentos cerâmicos, identificando a necessidade de criar produtos que tivessem menos impacto no meio ambiente. "Durante o meu doutorado na UFSCar, nosso grupo de pesquisa já havia trabalhado com a adaptação do processo via seca para a fabricação de porcelanatos, o que nos indicou a possibilidade de fabricação de produtos mais sustentáveis e competitivos", conta ele.
Em termos de qualidade, a tecnologia apresenta as mesmas propriedades de azulejos convencionais e atende todos os requisitos especificados pela normalização. Entretanto, o pesquisador explica que seu grande diferencial está na sustentabilidade ambiental: as emissões atmosféricas de CO2 associadas à fabricação das monoporosas convencionais são da ordem de 250 g CO2/Kg de produto fabricado, ao passo que o novo produto deve emitir cerca de 110 g CO2/Kg. "Ou seja, isso representa uma redução superior a 50% das emissões de CO2 envolvidas na fabricação de um produto que apresenta propriedades semelhantes. Em função do menor consumo de gás natural, estimamos que os custos de fabricação também sejam menores", afirma Melchiades.
Considerando que o desenvolvimento da patente foi recentemente concluído e a tecnologia já está disponível para fabricação, neste momento, os pesquisadores buscam a realização de testes industriais para despertar o interesse das indústrias cerâmicas em seu potencial mercadológico. Eles já receberam contato de empresas da cidade de Santa Gertrudes, a 70 Km de São Carlos, que é o maior polo de fabricação de revestimentos cerâmicos da América Latina, e constitui o ambiente ideal para a disseminação desse tipo de tecnologia. Além disso, os pesquisadores acreditam que a consciência ambiental dos consumidores está mudando e fazendo com que esses produtos sejam cada vez mais valorizados no mercado nacional. "A sustentabilidade é uma necessidade global. Por isso, diversas legislações estão impondo limites para as emissões atmosféricas de gases ligados ao efeito estufa. Isso torna a nossa tecnologia ainda mais atrativa no mercado brasileiro e também internacional", conclui Melchiades.
07/06/2017
13:00:00
17/06/2017
23:59:00
Adriana Arruda
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
O CRC está localizado no Parque Ecotecnológico Damha. Foto: Tatiane Liberato/AIn UFSCar
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