Pesquisa avalia treino que auxilia bebês com alterações neurológicas

São Carlos
Um estudo desenvolvido na UFSCar tem como objetivo verificar a eficácia de um treino específico de alcance manual em bebês com alterações neurossensoriomotoras e analisar se ocorrem mudanças nessa habilidade após a aplicação do treino. A pesquisa "Efeito do treino específico no alcance de lactentes de risco para atraso no desenvolvimento neurossensoriomotor" é realizada pela aluna de doutorado Ana Luiza Righetto Greco, do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UFSCar, sob orientação da docente Eloisa Tudella, do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da Universidade.

Ana Luiza Greco explica que o treino de alcance manual é uma adaptação de um protocolo já desenvolvido no Núcleo de Estudos em Neuropediatria e Motricidade (NENEM) da UFSCar, em que o bebê repete o movimento de alcançar um objeto maleável na linha média, com auxílio de uma fisioterapeuta, durante 10 minutos por dia, por quatro dias consecutivos. Esse tipo de treinamento é indicado para bebês de risco, ou seja, aqueles que apresentem algum risco biológico que possa causar atraso no desenvolvimento neurossensoriomotor, como em casos de bebês prematuros, com síndromes genéticas, como o Down, por exemplo, paralisia cerebral, baixo peso ao nascer, malformações congênitas e genéticas. De acordo com a pesquisadora, "quando os bebês apresentam indicadores de risco para essas alterações, é necessário que os profissionais realizem um acompanhamento dessas crianças e as encaminhe para programas de intervenção precoce".

"O treino de alcance manual pode ser benéfico, já que a repetição do movimento de alcançar um objetivo pode fazer com que o bebê adquira experiências sensoriomotoras importantes para o ganho do controle motor", destaca Greco, reforçando o benefício do protocolo proposto em sua pesquisa. "Com esse estudo estaremos ajudando no entendimento de como a estimulação ambiental pode influenciar o desenvolvimento de bebês com alterações neurológicas e, a partir disso, como aplicar essa estimulação neles. Além disso, poderemos ajudar na orientação das mães sobre como estimular a exploração do ambiente por meio do alcance em seus bebês, favorecendo não só o desenvolvimento motor, mas também a interação mãe-filho", relata Greco.

Com a expectativa de bons resultados da pesquisa, Greco afirma que a ideia é divulgar o protocolo por meio de mídias, folders e cartilhas para toda a comunidade, desde pais/cuidadores até profissionais da área da saúde (fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, por exemplo), para que estes apliquem os exercícios em ambiente domiciliar e na prática clínica.

A pesquisadora destaca um importante diferencial do estudo que envolve a tecnologia que será utilizada na avaliação dos bebês. "Faremos, em laboratório, uma análise do movimento por meio de uma avaliação cinemática que permite mensurar a velocidade médica e duração do movimento, dentre outras variáveis importantes para a compreensão do movimento. Para isso, utilizamos um sistema de câmeras altamente tecnológico e sofisticado utilizado em todo o mundo, que rastreia o movimento de forma minuciosa e acurada, a partir de sensores que serão colocados nos bebês. Esse sistema pode ser utilizado para detectar desvios no movimento e verificar melhora no desempenho motor após o treino", ressalta Greco.

Para desenvolver a pesquisa estão sendo convidados voluntários que precisam ser bebês prematuros e/ou de baixo peso por volta dos dois meses de idade. Os participantes passarão por quatro sessões de fisioterapia gratuitas e os pais/responsáveis receberão informações sobre a estimulação dos bebês em casa. Bebês a partir dos dois meses e que não sejam prematuros também podem participar do estudo, mas não receberão o treinamento, e formarão um grupo para comparação com aqueles que foram estimulados. Nestes casos, os pais também receberão informações sobre o desenvolvimento motor atual dos filhos e dicas de estimulação domiciliar.

A previsão é que a fase de aplicação do treino seja realizada até o próximo ano. Os interessados podem entrar em contato com a pesquisadora Ana Luiza Greco pelos telefones (16) 98208-8604 (também por Whatsapp) e (16) 3351-8407 ou pelo e-mail analuiza.nenem@gmail.com.

Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 66858517.1.0000.5504).
13/06/2017
13:00:00
25/06/2017
23:59:00
Gisele Bicaletto
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Pesquisa é realizada no Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UFSCar. Foto: Gabrielli Turman
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