Exposição fotográfica e debates visam aproximar brasileiros e birmaneses
Sorocaba, São Carlos
Atividades partem da compreensão de que Turismo tem papel relevante na promoção da paz
Partindo da compreensão de que viajar e, consequentemente, diversificar as formas como vemos o mundo, são formas importantes de promoção da paz, bem como da constatação de que temos, no Brasil, uma distância psicológica e simbólica grande da Ásia, professores e estudantes do Campus Sorocaba da UFSCar têm promovido uma série de atividades voltadas à aproximação dos países asiáticos. Essas atividades estão articuladas na disciplina optativa "Leste e Sudeste Asiático: Turismo e suas interfaces", oferecida no curso de Bacharelado em Turismo, sob a orientação de Maria Helena Mattos Barbosa dos Santos e Cesar Alves Ferragi, docentes do Departamento de Geografia, Turismo e Humanidades (DGTH).
Uma dessas atividades é a exposição fotográfica "Mianmar - Vozes que Escutam Caladas", com 24 imagens de autoria de Ferragi - que assina sua produção artística como Zare Ferragi -, produzidas durante sua estada como professor de Inglês voluntário no Mianmar (país do Sudeste Asiático também conhecido como Birmânia) em 2007. A exposição, que já foi apresentada em outras cidades e, inclusive, no exterior, está prevista para acontecer em Sorocaba no segundo semestre, mas uma prévia foi realizada no dia 27 de junho, no bar Shot 912. "Fizemos essa prévia, juntamente com os estudantes, inspirados na experiência do Pint of Science, evento que leva a conversa sobre Ciência para a mesa do bar e, portanto, para fora da Universidade. Eu fui lá, contei da minha experiência, debatemos e esta foi uma nova e rica experiência de comunicação e compartilhamento de conhecimentos", avalia Ferragi.
O Mianmar foi colônia britânica até 1948 e, a partir de 1962, foi governado por uma ditadura militar violenta, que só terminou recentemente. O País está atualmente em transição democrática, com seu primeiro presidente civil tendo sido eleito em 2016. Em 2007, enquanto realizava pós-graduação no Japão, Cesar Ferragi passou um período ensinando Inglês a monges budistas no Mianmar e conta que eles desempenham papel de liderança não apenas espiritual, mas também política no país asiático em que a maior parte da população é adepta do budismo e é muito grande o número de monges e monastérios. "Eu estive lá em março e, naquele mesmo ano, a partir de agosto, os monges lideraram protestos importantes contra os militares, que foram reprimidos com muita violência. Foi, portanto, um momento histórico importante. Na exposição, parte das imagens retrata essa minha convivência com os monges e uma outra parte é de cenas cotidianas de Mianmar", revela o professor da UFSCar. As manifestações de 2007 ficaram conhecidas como "Revolução Açafrão", devido justamente à cor dos hábitos dos monges, cuja liderança em movimentos contra o autoritarismo é histórica, desde as lutas pela independência da dominação britânica.
"Os monges são as 'vozes que escutam caladas' porque eles têm uma posição de aprendizado e ensino, eles escutam as pessoas, estudam muito e ajudam as pessoas, que confiam neles. Eles acreditam na democracia e sempre tiveram consciência de seu papel ativo na exigência de um governo melhor. Além disso, na oportunidade que tive de visitar alguns monastérios e conversar com muitos monges, pude notar que eles têm muitas questões e curiosidades sobre o 'mundo lá fora', incluindo o Brasil. Eles querem saber sobre o nosso estilo de vida, nossos sonhos e esperanças. A exposição lança, portanto, uma provocação sobre como esse aprendizado poderia ser aplicado aqui, na nossa realidade brasileira e paulista", registra Ferragi, referindo-se justamente às transformações pelas quais passamos quando olhamos para o mundo de outra forma. "É a metáfora do óculos azul. Se eu vivo no 'país do óculos azul' e vou para o 'país do óculos amarelo', eu não vou enxergar em amarelo como os moradores desse outro país, mas sim em verde. E quando eu voltar para o meu país, o meu olhar para ele também vai ser diferente", conclui ele.
A exposição "Mianmar - Vozes que Escutam Caladas" está prevista para estrear em Sorocaba entre setembro e outubro, em local ainda ser definido, e conta com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da Universidade. Posteriormente, a ideia é que ela possa ser exibida também nas demais cidades em que a Universidade tem campi. Até lá, as atividades continuam na disciplina do curso de Turismo, que busca ampliar o repertório dos participantes e promover a compreensão do Turismo como forma de contato com outros países e novas realidades. Para tanto, são realizados, por exemplo, encontros culinários e debates, a partir de notícias publicadas em veículos de imprensa dos próprios países do Sudeste Asiático, dentre outras atividades. Ferragi e Maria Helena dos Santos também desenvolvem pesquisas sobre a temática do turismo sustentável no Sudeste Asiático e, nos planos, está uma mostra de filmes da região. "É assim que a universidade se torna de fato um centro internacional, quando ela é o lugar das múltiplas visões. Nossos referenciais teóricos, por exemplo, ainda são eurocêntricos e é importante que possamos ver o mundo com outros olhares", defende Ferragi.
Uma dessas atividades é a exposição fotográfica "Mianmar - Vozes que Escutam Caladas", com 24 imagens de autoria de Ferragi - que assina sua produção artística como Zare Ferragi -, produzidas durante sua estada como professor de Inglês voluntário no Mianmar (país do Sudeste Asiático também conhecido como Birmânia) em 2007. A exposição, que já foi apresentada em outras cidades e, inclusive, no exterior, está prevista para acontecer em Sorocaba no segundo semestre, mas uma prévia foi realizada no dia 27 de junho, no bar Shot 912. "Fizemos essa prévia, juntamente com os estudantes, inspirados na experiência do Pint of Science, evento que leva a conversa sobre Ciência para a mesa do bar e, portanto, para fora da Universidade. Eu fui lá, contei da minha experiência, debatemos e esta foi uma nova e rica experiência de comunicação e compartilhamento de conhecimentos", avalia Ferragi.
O Mianmar foi colônia britânica até 1948 e, a partir de 1962, foi governado por uma ditadura militar violenta, que só terminou recentemente. O País está atualmente em transição democrática, com seu primeiro presidente civil tendo sido eleito em 2016. Em 2007, enquanto realizava pós-graduação no Japão, Cesar Ferragi passou um período ensinando Inglês a monges budistas no Mianmar e conta que eles desempenham papel de liderança não apenas espiritual, mas também política no país asiático em que a maior parte da população é adepta do budismo e é muito grande o número de monges e monastérios. "Eu estive lá em março e, naquele mesmo ano, a partir de agosto, os monges lideraram protestos importantes contra os militares, que foram reprimidos com muita violência. Foi, portanto, um momento histórico importante. Na exposição, parte das imagens retrata essa minha convivência com os monges e uma outra parte é de cenas cotidianas de Mianmar", revela o professor da UFSCar. As manifestações de 2007 ficaram conhecidas como "Revolução Açafrão", devido justamente à cor dos hábitos dos monges, cuja liderança em movimentos contra o autoritarismo é histórica, desde as lutas pela independência da dominação britânica.
"Os monges são as 'vozes que escutam caladas' porque eles têm uma posição de aprendizado e ensino, eles escutam as pessoas, estudam muito e ajudam as pessoas, que confiam neles. Eles acreditam na democracia e sempre tiveram consciência de seu papel ativo na exigência de um governo melhor. Além disso, na oportunidade que tive de visitar alguns monastérios e conversar com muitos monges, pude notar que eles têm muitas questões e curiosidades sobre o 'mundo lá fora', incluindo o Brasil. Eles querem saber sobre o nosso estilo de vida, nossos sonhos e esperanças. A exposição lança, portanto, uma provocação sobre como esse aprendizado poderia ser aplicado aqui, na nossa realidade brasileira e paulista", registra Ferragi, referindo-se justamente às transformações pelas quais passamos quando olhamos para o mundo de outra forma. "É a metáfora do óculos azul. Se eu vivo no 'país do óculos azul' e vou para o 'país do óculos amarelo', eu não vou enxergar em amarelo como os moradores desse outro país, mas sim em verde. E quando eu voltar para o meu país, o meu olhar para ele também vai ser diferente", conclui ele.
A exposição "Mianmar - Vozes que Escutam Caladas" está prevista para estrear em Sorocaba entre setembro e outubro, em local ainda ser definido, e conta com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da Universidade. Posteriormente, a ideia é que ela possa ser exibida também nas demais cidades em que a Universidade tem campi. Até lá, as atividades continuam na disciplina do curso de Turismo, que busca ampliar o repertório dos participantes e promover a compreensão do Turismo como forma de contato com outros países e novas realidades. Para tanto, são realizados, por exemplo, encontros culinários e debates, a partir de notícias publicadas em veículos de imprensa dos próprios países do Sudeste Asiático, dentre outras atividades. Ferragi e Maria Helena dos Santos também desenvolvem pesquisas sobre a temática do turismo sustentável no Sudeste Asiático e, nos planos, está uma mostra de filmes da região. "É assim que a universidade se torna de fato um centro internacional, quando ela é o lugar das múltiplas visões. Nossos referenciais teóricos, por exemplo, ainda são eurocêntricos e é importante que possamos ver o mundo com outros olhares", defende Ferragi.
04/07/2017
16:00:00
18/07/2017
23:59:00
Mariana Pezzo
Não
Não
Estudante, Docente/TA, Pesquisador, Visitante
Quantidade de monges e monastérios é muito grande no País. Foto: Zare Ferragi.
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