Edição de Notícias da UFSCar Categoria Selecione um ou mais campus que a notícia deve ser exibida. São CarlosArarasSorocabaLagoa do Sino Título Informe o título da notícia. Subtítulo Informe o subtítulo Texto Informe o texto da notícia. A madrepérola - substância calcária que recobre a concha de vários moluscos, também conhecida como nácar - é um material natural com propriedades verdadeiramente fantásticas, considerando a simplicidade da sua composição (95% de carbonato de cálcio e 5% de proteína). Sua energia de fratura - energia necessária para "quebrar" o material -, por exemplo, não é alcançada pelos materiais mais avançados produzidos pelo ser humano, e, por isso, já há alguns anos pesquisadores vêm buscando desvendar os segredos da madrepérola e aplicá-los ao desenvolvimento de novos materiais, em um processo conhecido como biomimetização ou bioinspiração.<br><br>Um grupo liderado e com participação de vários pesquisadores brasileiros conseguiu os melhores resultados até o momento, em um material que mantém suas propriedades de resistência mecânica em temperaturas da ordem de 1.200°C - antes, o máximo a que se tinha chegado era a valores similares na faixa dos 600ºC. O artigo reportando esses resultados foi publicado em 2018 no <u><a target="_blank" href="https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0955221917307227?via%3Dihub">Journal of the European Ceramic Society</a></u> e acaba de ser reconhecido como o melhor artigo do biênio 2017-2018 na publicação, considerada a de maior impacto na área de Materiais Cerâmicos e Vítreos em todo o mundo.<br><br>"A biomimetização parte da observação da Natureza, como ela funciona e quais são suas estratégias de sobrevivência, para tentar transportar seus modelos", situa Victor Carlos Pandolfelli, docente do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar que coordena o grupo brasileiro. "A madrepérola é considerada um modelo áureo de engenharia de microestrutura, pois, com materiais muito comuns, mas estruturados de modo bastante específico, alcança propriedades que o ser humano raramente obtém, mesmo com toda a sua engenharia e a diversidade de materiais disponíveis. Para se ter uma ideia, ela tem uma energia de fratura superior ao sistema de frenagem de um A380, que é o maior avião comercial disponível e utiliza materiais que são fruto de tecnologia avançada", complementa o pesquisador, destacando o papel de milhões de anos de experimentação na obtenção desses resultados. "A ideia de mimetizar é trazer essa arquitetura, fruto dessa longa experimentação na Natureza, para materiais que possam ser sintetizados no laboratório e, depois, produzidos industrialmente", conclui.<br><br>Assim, o trabalho realizado pelo grupo de pesquisadores propõe um material cerâmico avançado inédito, com alta resistência mecânica e alta energia de fratura para aplicações em temperaturas de até 1.400°C. Sua microestrutura é bioinspirada na madrepérola e seu processamento é mais simples que o de soluções anteriores, gerando um produto com menor custo e com desempenho próximo aos compósitos cerâmicos complexos usados na indústria aeroespacial. Para tanto, foram utilizadas placas de alumina - material sintético mais produzido no mundo - e nanopartículas (de sílica e de ferro) e aditivos (contendo boro) comercialmente disponíveis e comuns, ficando a novidade a cargo da composição proposta e do processo de fabricação utilizado.<br><br>A pesquisa é parte do doutorado de Pedro I. B. G. B. Pelissari, em fase de conclusão no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da UFSCar, sob a orientação de Pandolfelli e coorientação de André R. Studart, graduado e doutor em Engenharia de Materiais pela UFSCar e, hoje, docente da <u><a target="_blank" href="https://www.ethz.ch/en.html">ETH Zürich</a></u>, na Suíça. Parte do trabalho de Pelissari foi, inclusive, realizada na Suíça, em parceria com o docente Florian Bouville, que acaba de ser contratado pelo Imperial College London, no Reino Unido. A parceria incluiu experimentos conduzidos no <u><a target="_blank" href="https://www.imperial.ac.uk/">Imperial College London</a></u>, com participação adicional de Davide Carnelli, Finn Giulianic e Eduardo Saiz. Assina o artigo também Ana Paula da Luz, docente do DEMa.<br><br>A premiação para o artigo, intitulado <u><a target="_blank" href="https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0955221917307227">"<em>Nacre-like ceramic refractories for high temperature applications</em>"</a></u>, é inédita, já que, nas quatro edições anteriores, apenas pesquisadores da Europa e da China haviam sido contemplados. A premiação será entregue aos autores durante a <em><u><a target="_blank" href="https://www.ecers2019.org/">16th Conference and Exibition of the European Ceramic Society</a></u></em>, que acontece na cidade de Turim, Itália, entre os dias 16 e 22 de junho de 2019. Os trabalhos continuam, buscando o escalonamento - ou seja, a obtenção de peças maiores a partir do mesmo material - e, também, a realização de testes com foco em outras propriedades.<br><br>"A notícia do reconhecimento foi uma surpresa altamente positiva para todos nós, inclusive porque esta não é uma premiação na qual você se inscreve. O conselho editorial da revista olha para o que foi publicado nos últimos dois anos, seleciona os artigos melhor avaliados pelos pareceristas e, a partir dessa seleção, considera o impacto das pesquisas", expressa Pandolfelli. "Eu acredito que, além da qualidade do conhecimento científico e tecnológico produzido, também foi levada em consideração a colaboração estabelecida entre as instituições. Diferentemente do que muitas vezes acontece, a ideia original partiu do grupo de pesquisadores brasileiros, estabeleceu-se uma cooperação de fato, um trabalho em equipe no qual pudemos usufruir, por exemplo, de equipamentos não disponíveis no nosso laboratório. Este é um modelo muito frutífero, que se torna ainda mais relevante diante da situação que estamos vivenciando agora no Brasil, com cortes drásticos de recursos para a pesquisa nas universidades", finaliza. text/htmltext/plain Data Selecione a data da notícia. Atualizado em Selecione a data de atualização da notícia. Hora Informe a hora utilizando o formato HH:MM:SS. Data de Expiração Selecione uma data para a notícia expirar. Horário de Expiração Informe o horário que a notícia deve expirar utilizando o formato HH:MM:SS. Autor Informe o nome do autor Destaque Marque se a notícia é um destaque. Expira Marque se a notícia deve expirar. Perfil Escolha um perfil ou mais. 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