Edição de Notícias da UFSCar Categoria Selecione um ou mais campus que a notícia deve ser exibida. São CarlosArarasSorocabaLagoa do Sino Título Informe o título da notícia. Subtítulo Informe o subtítulo Texto Informe o texto da notícia. O processo de reconstrução e recuperação do município de São Luiz do Paraitinga (SP), atingido por inundações em janeiro de 2010, é o foco de interesse de uma pesquisa de doutorado na UFSCar que, agora, é divulgada no livro "Processos de recuperação em desastres: discursos e práticas", publicado pela Editora Rima.<br><br>Analisei os discursos e práticas dos diferentes sujeitos ao longo do período de janeiro de 2010 a junho de 2013, entendendo que o processo de recuperação vai além desse período, explica o autor <u><a target="_blank" href="http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4718337Y5">Victor Marchezini</a></u>, que desenvolveu o trabalho no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade, fruto das reflexões científicas emergidas no Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (NEPED/UFSCar), extinto recentemente. A pesquisa foi orientada pela professora aposentada da UFSCar, <u><a target="_blank" href="http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4793525A2">Norma Valencio</a></u>, com apoio da Fapesp.<br><br>Segundo o sociólogo, o tema de reconstrução e recuperação em desastres não era analisado cientificamente no Brasil e, no âmbito da literatura internacional, os estudos sobre esse processo de recuperação no longo prazo eram muito escassos. No período analisado, Marchezini conta que visitou São Luiz do Paraitinga em quatro ocasiões para realizar pesquisa de campo de base qualitativa, incluindo observação direta, entrevistas e fotodocumentação. O que mais me chamou a atenção foram os contrastes entre os discursos e as práticas dos diferentes agentes sociais que compõem a cena de um desastre e como essa dinâmica se altera ao longo do tempo, resume. Em um primeiro momento, as notícias sobre a inundação de São Luiz do Paraitinga ganharam visibilidade nos meios de comunicação e mobilizaram uma série de ações governamentais e sociais. Produziu-se uma história oficial sobre o desastre, falaram-se sobre os danos materiais e humanos, a comoção social e a solidariedade entraram em cena, milhares de donativos foram enviados em prol dos 'desabrigados'", complementa Marchezini. <br><br><strong>Deixar morrer</strong><br>Segundo o autor, essa seria a lógica do fazer viver, que na cena do desastre se entrecruza com outras lógicas, como a do deixar morrer, no transcorrer do processo de recuperação. Vários agentes saem paulatinamente de cena, embora o desastre continue a ser vivenciado pelos moradores da cidade. É quando se inicia a lógica do deixar morrer e que muitos chamam de 'pós-desastre'. Esse é o contexto em que o desastre não é mais pauta, cai na invisibilidade e as populações atingidas são deixadas à deriva quanto à sua recuperação, explica.<br><br>Marchezini observou, no estudo, que as necessidades de reconstrução e recuperação das populações não são consideradas na formulação dos planos de reconstrução, não encontram canais para verbalizar seu sofrimento social, a comoção social e a solidariedade social se dissipam, e, em geral, encontram alternativas precárias de trabalho e renda. Isso ocorre porque as políticas públicas neste tema são, em grande parte, caracterizadas por um assistencialismo esporádico, e não por políticas e programas de recuperação socioeconômica frente a desastres. No transcorrer da lógica do 'deixar morrer', os discursos das pessoas não ganham visibilidade na história oficial, as populações são paulatinamente abandonadas e vêem seu futuro ser decidido por atores que não têm nenhuma relação com o lugar, completa. <br><br>Em meio a essa lógica do "deixar morrer", as populações atingidas também procuram formas de se fazer resistir, de seguir adiante, de fugir ao abandono, conforme explica Marchezini. No caso de São Luiz do Paraitinga, essa resistência se expressou principalmente por meio de expressões culturais, tais como poemas, músicas, pinturas, manifestações culturais como o Carnaval e a Festa do Divino. Um exemplo é o <u><a target="_blank" href="https://www.youtube.com/watch?v=2uGmySvki34">"Poema da Enchente"</a></u>, de autoria do poeta caipira Ditão Virgílio, cujo trecho mais emblemático para o sociólogo é "O sorriso esconde a lágrima, o coração apertado (...) Mas o luizense tem força, traz a raça do passado (...) Nossa cultura ainda está viva, essa água não levou". <br><br><strong>Perspectivas</strong><br>O livro não apenas ressalta os desdobramentos dos desastres mas, também, aponta práticas e políticas que deveriam ser implantadas para soluções mais efetivas e permanentes. É preciso reconhecer que desastres possuem impactos de curto, médio e longo prazo para, a partir disso, desenvolver estratégias de recuperação para os diferentes setores da economia, com vistas a reduzir os danos socioeconômicos e psicossociais vivenciados, além de promover a geração de trabalho e renda, destaca o sociólogo. O planejamento dessas ações deveria ser baseado na consulta, por meio de audiências públicas deliberativas, sobre as necessidades de reconstrução e recuperação dos atingidos, além de incorporar o princípio da transparência no decorrer do processo de recuperação, permitindo o acompanhamento do cronograma das ações, da prestação dos investimentos realizados, alerta. <br><br>Segundo ele, também seria preciso promover uma discussão ampla sobre os desastres no Brasil. A Lei nº 12.608/2012, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, embora tenha avançado em muitas ações, é muito precária na dimensão da redução do risco de desastres, prevenção, reconstrução e recuperação. No livro, o pesquisador também analisa formas para encaminhamento das doações monetárias feitas em prol dos desabrigados pelos desastres. Para ele, esses recursos deveriam ser direcionados com base nas decisões de audiências públicas deliberativas, com prioridade para o provimento de moradias em locais seguros. <br><br>Além disso, a União, os Estados e o Distrito Federal deveriam divulgar seus canais de ouvidoria para recebimento de denúncias de corrupção, desvio de recursos, obras mal executadas e de outras irregularidades que venham a ser cometidas no decorrer do processo de recuperação.<br><br><strong>Serviço</strong><br>A obra "Processos de recuperação em desastres: discursos e práticas" pode ser adquirida no site da <u><a target="_blank" href="http://www.rimalivraria.com.br/Processos-de-Recuperacao-em-Desastres--discursos-e-praticas/prod-3646192/">Editora Rima</a></u> e no site da <u><a target="_blank" href="http://www.abrascolivros.com.br/index.php?route=product/product&product_id=14063">Associação Brasileira de Saúde Coletiva</a></u> (Abrasco). Para saber mais sobre a trajetória de pesquisa do sociólogo Victor Marchezini e seus estudos em desastre, acesse <u><a target="_blank" href="https://www.youtube.com/watch?v=vd5ebVLZYiw.">https://www.youtube.com/watch?v=vd5ebVLZYiw.</a></u> text/htmltext/plain Data Selecione a data da notícia. Atualizado em Selecione a data de atualização da notícia. Hora Informe a hora utilizando o formato HH:MM:SS. Data de Expiração Selecione uma data para a notícia expirar. Horário de Expiração Informe o horário que a notícia deve expirar utilizando o formato HH:MM:SS. Autor Informe o nome do autor Destaque Marque se a notícia é um destaque. Expira Marque se a notícia deve expirar. Perfil Escolha um perfil ou mais. 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