Edição de Notícias da UFSCar Categoria Selecione um ou mais campus que a notícia deve ser exibida. São CarlosArarasSorocabaLagoa do Sino Título Informe o título da notícia. Subtítulo Informe o subtítulo Texto Informe o texto da notícia. Diferente do que sempre se pensou, os lagartos Teiús, espécie de réptil tipicamente brasileira, são capazes de controlar sua própria temperatura corporal, sem a ajuda de fontes de calor externas, durante seu período de acasalamento. Essa descoberta é de pesquisadores da UFSCar em parceria com cientistas da Unesp, e de duas universidades Canadenses <em>The University of British Columbia e Brock University</em>.<br><br>O descobrimento ocorreu quando os pesquisadores estudavam esses lagartos para analisar sua alteração metabólica, que ocorre durante todo o ano, ou seja, a quantidade de energia que eles produzem para se manterem vivos. Essa alteração no metabolismo acontece porque os Teiús ficam inativos durante o inverno, quando dormem e não respondem a estímulos por quatro meses. Logo após esse período, entram na época de reprodução, que é quando ficam muito ativos. É nesta época que os machos disputam as fêmeas, que por sua vez começam a produzir ovos.<br><br>Para que a análise da variação do metabolismo dessa espécie de lagarto ocorresse, foram implantados equipamentos nos animais para medir, durante um ano, a frequência cardíaca, a respiração e também a temperatura dos corpos dos lagartos. Foi quando os pesquisadores descobriram que durante o período reprodutivo a temperatura dos animais não se igualava a de ambientes frios, o que não fazia sentido, já que até então se acreditava que os répteis não tinham como conservar o calor que eles mesmos produzem.<br><br>O professor Cleo Leite, docente do Departamento de Ciências Fisiológicas (DCF) da UFSCar e um dos coordenadores do estudo, explica que mamíferos e aves, por exemplo, produzem muito calor e ambos têm estrutura para conserva-lo. Ele afirma que os mamíferos têm pelos, aves têm penas, e ambos conservam o calor que produzem para manter a temperatura do corpo estável, sem a necessidade de algo externo para mantê-la. Já os répteis não contam com esse recurso. Eles precisam de uma fonte externa de calor para ajustar sua temperatura corporal.<br><br>A partir de então, foram realizados vários outros experimentos para verificar como esse processo acontecia dentro do organismos destes lagartos. Foram implantados outros equipamentos para monitorar a temperatura corpórea deles e medir a dispersão de calor pela superfície do corpo. Os lagartos foram colocados em câmaras, com temperatura e luminosidade controlada. E o que aconteceu foi que após vários dias dentro desses locais, os lagartos conseguiam manter sua temperatura, ou seja, eles estavam produzindo calor do mesmo jeito que os mamíferos e as aves produzem, para um ajuste de temperatura corpórea.<br><br>Os testes ocorreram no Laboratório Jacarezário no Departamento de Zoologia da Unesp, em Rio Claro, interior de São Paulo, local com estrutura única no mundo, no qual são reproduzidas e mantidas diversas espécies de répteis para estudos, como jacarés, iguanas, serpentes, além dos Teiús, que vivem em condições semi naturais para pesquisa.<br><br>Segundo o professor Cléo Leite, um dos pontos mais interessantes deste estudo é que ele começou com algo muito difícil de ser feito até muito pouco tempo atrás, que foi o monitoramento de parâmetros fisiológicos desses animais em ambientes semi naturais. Os animais não estavam com fios ou conectores, e os dados foram coletados sem a presença de pesquisadores no local, por isso a qualidade desses números é melhor. A mudança de tecnologia fez com que se conseguisse ao invés de conectar o animal ao aparelho, se conectar o aparelho ao animal, que fica completamente recuperado, sem stress de conexão, ou qualquer tipo de influência, o que proporciona uma visão melhor de como seria o animal, realmente, no ambiente natural, explica o docente.<br><br>A descoberta dos pesquisadores é de grande importância, pois pode colaborar com o teste de algumas hipóteses relacionadas à evolução dos animais vertebrados. Os mamíferos e as aves, que conseguem manter sua temperatura corpórea de forma constante, são grupos que não têm os mesmos ancestrais em comum. E agora, encontrado um lagarto que consegue manter sua temperatura, mesmo que por um período e não como os mamíferos e as aves fazem hoje, mas como isso provavelmente surgiu, ou um dos modos, pode se ter alguma pista.<br><br>Cléo Leite explica que uma das hipóteses é que o maquinário para aumentar esse metabolismo surgiu como recurso para o período reprodutivo, já que a produção de espermatozoides e ovos requer muita energia. As enzimas por trás desse trabalho têm uma temperatura de funcionamento em que elas atuam melhor. Talvez se a temperatura cair muito, a eficiência reprodutiva diminui. Ou seja, se gasta mais energia para manter a temperatura corpórea elevada para se ter mais eficiência reprodutiva, relata o pesquisador. Essa seria uma das hipóteses, mas existem outras para o surgimento da homeotermia, que é a característica do que possui temperatura constante. A partir de agora, os pesquisadores pretendem testar o motivo e o mecanismo utilizado por esse lagarto para produzir mais calor, se ele altera a produção de ovos, ou ainda se há alguma outra vantagem reprodutiva.<br><br><strong>INCT</strong><br>O estudo só foi possível graças a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Fisiologia Comparada, que estabeleceu uma rede de colaborações entre laboratórios no Brasil e do exterior. Hoje, os participantes do INCT têm como investigar o que vai além do que o seu laboratório consegue, por causa dessas parcerias, comemora Cléo. Financiada pelo INCT, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) também contribuíram para a pesquisa.<br><br>Cleo Leite ressalta que com o INCT em Fisiologia Comparada foi possível aumentar a capacidade investigativa do Brasil. De dois laboratórios grandes e estruturados, que eram o da UFSCar e o da UNESP, foi possível montar outros dez, com pesquisadores jovens da área e que se associaram à essa rede de colaboração, celebra o pesquisador. E segue, por causa dessa rede de associação, professores, mesmo sem recursos, podem desenvolver pesquisas, pois as realiza em colaboração. Ele pode treinar estudantes em laboratórios que já estavam estruturados.<br><br>Com o INCT também foi possível reduzir o tempo de implantação de laboratórios de 20 anos para cinco. Segundo o professor da UFSCar, isso causou um impacto muito grande na qualidade dos trabalhos e no número de projetos produzidos e na formação dos estudantes, pois a rede conta com grandes laboratórios de vasta influência no mundo. Ao invés de mandar o estudante para fora, nós trazemos esse pessoal para trabalhar aqui no Brasil, e essa troca é muito importante para melhorar a formação dos estudantes, concluí. text/htmltext/plain Data Selecione a data da notícia. Atualizado em Selecione a data de atualização da notícia. Hora Informe a hora utilizando o formato HH:MM:SS. Data de Expiração Selecione uma data para a notícia expirar. Horário de Expiração Informe o horário que a notícia deve expirar utilizando o formato HH:MM:SS. Autor Informe o nome do autor Destaque Marque se a notícia é um destaque. Expira Marque se a notícia deve expirar. Perfil Escolha um perfil ou mais. 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