Edição de Notícias da UFSCar Categoria Selecione um ou mais campus que a notícia deve ser exibida. São CarlosArarasSorocabaLagoa do Sino Título Informe o título da notícia. Subtítulo Informe o subtítulo Texto Informe o texto da notícia. A religião parece estar sendo vista no Brasil, em grande medida, não mais como uma aliada na luta por direitos humanos e cidadãos, mas sim, contrariamente, como empecilho a eles. Essa é a análise do professor do Departamento de Sociologia da UFSCar, <u><a target="_blank" href="http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4763074E8">André Ricardo de Souza</a></u>. Ele publicou um artigo sobre o tema na <u><a target="_blank" href="http://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/issue/view/15">revista Contemporânea</a></u>. <br><br>Segundo o pesquisador, no Brasil de hoje, há indivíduos, grupos e instituições contribuindo para uma imagem negativa da religião como um todo em diversas vertentes religiosas. Entre o segmento mais afetado por essa interpretação negativa, o pesquisador aponta os evangélicos. Embora sem exclusividade, atualmente, há predominância em determinados indivíduos e grupos evangélicos. São exemplos os ativistas que exercem importantes cargos parlamentares, como o atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o deputado que presidiu a Comissão de Direitos Humanos daquela casa, o pastor Marco Feliciano.<br><br>Isso ocorre, segundo André, porque algumas lideranças religiosas ainda cultivam posturas no limite da beligerância. Alguns grupos ameaçam e chegam a cometer crime por intolerância religiosa. Esse é o lado negativo de algumas religiões, sobretudo das que não se pautam pela alteridade e respeito ao outro, mas no proselitismo, explica.<br><br>Para ilustrar esses posicionamentos autoritários, André cita a militância política, feita principalmente por parlamentares que representam grupos religiosos. Tornam-se parlamentares, muitas vezes, devido à projeção obtida por meio da aparição constante em programas de rádio e televisão. Por sua vez, as emissoras religiosas e os horários alugados de emissoras laicas decorrem de intensa arrecadação financeira, fechando assim o ciclo entre religião, economia e política, analisa.<br><br>Os agentes que contribuem para um quadro negativo das religiões se caracterizam, segundo André, pelos traços de intolerância, intransigência e homofobia. A intolerância se refere à rejeição do diferente e sua discriminação por ser considerado pecaminoso ou impuro. Por sua vez, intransigência significa a recusa da busca de diálogo pautado por parâmetros respeitosos e democráticos devido à prevalência do pensamento e do discurso dogmático e autoritário. Já a homofobia diz respeito não só à discriminação, mas também à perseguição, até violenta, de membros da população LGBT, diferencia André. Tais posturas, porém, são encontradas também em indivíduos não religiosos, complementa.<br><br><strong>Religião e religiosidade</strong><br>Para analisar o fenômeno religioso e suas conexões com outras dimensões da vida em sociedade, André desenvolve, na UFSCar, pesquisa em sociologia da religião. Segundo ele, esses estudos, atualmente, voltam-se não só para a religião enquanto algo que abarca instituições, grupos e doutrinas, mas também para a religiosidade, que é algo próprio do indivíduo, a despeito desses itens. Há muitas pessoas que declaram ao Censo do IBGE serem ´sem religião´, mas que efetivamente têm religiosidade. <br><br>Um exemplo disso é Adilson Sanches Marques. Ele se considera espiritualista e não tem nenhuma religião específica. Eu vou com a mesma disposição participar de uma missa em uma igreja católica, tomar um passe e ouvir uma palestra em um centro espírita ou mesmo ir bater um papo com um preto-velho em um terreiro de umbanda. Eu respeito todas as religiões e formas de manifestação do sagrado, explica Adilson, que é coordenador do Programa Homospiritualis, por meio do qual é mantido o Observatório Social da Liberdade Religiosa, em São Carlos.<br><br>Apesar das críticas que vêm sofrendo ao longo da história, as religiões podem, segundo André, ajudar na luta pelos direitos humanos e cidadãos. Elas contribuem na medida em que pregam e efetivamente promovem a reconciliação, a tolerância, o diálogo inter-religioso, o auxílio a pessoas necessitadas e também a proposição e reivindicação de políticas públicas igualitárias e democráticas, afirma o professor.<br><br>É o que pensa, também, a católica Maria Lúcia Paganelli, que durante sua graduação em História, pesquisou o Padre Teixeira, já um santo do catolicismo popular de São Carlos. Ela acredita que o fenômeno da construção negativa das religiões acontece não só no Brasil, mas no mundo todo, principalmente, por conta do fanatismo religioso que leva à contramão o sentido da religião. Ligar os povos, unir os irmãos em busca da paz, transformou-se em ódio porque o outro não pensa como eu. O estrangeiro desesperado, que foge de uma situação de guerra, não encontra em novas terras dignidade, mas desconfiança e indiferença por causa da sua religião. Extremismo religioso é sempre a violência contra a paz, conclui. Adilson também reforça a importância do diálogo inter-religioso e da tolerância. O principal deveria ser fortalecer o contato com o sagrado e o espiritual e auxiliar na construção de uma cultura de paz. Os diálogos inter-religiosos deveriam focar nesta questão.<br><br><strong>Sociologia da Religião</strong><br>Para o pesquisador da UFSCar, a compreensão sociológica dos fenômenos religiosos contribui para uma visão objetiva e crítica desse importante traço da vida social que é a religiosidade em face do Estado laico, além de fornecer elementos para o pensamento contrário à intolerância e à discriminação, tanto de pessoas religiosas, quanto das não religiosas.<br><br>As pesquisas sobre religião desenvolvidas na UFSCar estão concentradas no <u><a target="_blank" href="http://www.ufscar.br/nerep/">Núcleo de Estudos de Religião, Economia e Política</a></u> (Nerep), fundado em 2010 e que conta, atualmente, com seis pesquisadores doutores, 16 estudantes de pós-graduação e dois de graduação, sob a coordenação do professor André. <br><br>Entre os temas que estão sendo pesquisados pelo Nerep estão o trabalho assistencial feito por espíritas kardecistas, católicos e evangélicos; a expansão de religiões amazônicas no Sudeste; e a relação entre sexualidade e prática religiosa. Também há pesquisas que focam o respaldo político para emissoras televisivas ligadas a igrejas; e as implicações do turismo religioso como atividade econômica. Tais estudos geram conhecimento qualificado sobre o modo como os indivíduos e grupos vivenciam sua religiosidade, inclusive na intersecção com outras dimensões sociais, como a sexualidade, a política e a economia, afirma André. A relação entre religião e política é mais evidente, por isso mesmo, mais pesquisada pela sociologia da religião. Já a relação entre religião e economia é menos explorada cientificamente, portanto, havendo no Nerep certo pioneirismo quanto a isso. A religião influencia condutas políticas e também econômicas de indivíduos e grupos, porém, é pautada por essas duas esferas, que são as de maior força no mundo moderno, conclui o docente. text/htmltext/plain Data Selecione a data da notícia. Atualizado em Selecione a data de atualização da notícia. Hora Informe a hora utilizando o formato HH:MM:SS. 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