Edição de Notícias da UFSCar Categoria Selecione um ou mais campus que a notícia deve ser exibida. São CarlosArarasSorocabaLagoa do Sino Título Informe o título da notícia. Subtítulo Informe o subtítulo Texto Informe o texto da notícia. A partir de crenças enraizadas na cultura popular, muitas pessoas associam a presença de água nos rios e reservatórios à bondade de São Pedro, conhecido popularmente como regente das chuvas. Mas seria mesmo simples assim? Será que o aumento e a diminuição da quantidade de água disponível na superfície terrestre estariam unicamente associados aos índices pluviométricos? Pesquisas realizadas pela professora Kelly Tonello, do Centro de Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade (CCTS) do Campus Sorocaba da UFSCar, no escopo do Grupo de Pesquisa de Hidrologia em Ecossistemas Florestais, o Hidrolef, revelam que, para além das chuvas, a preservação e o adequado manejo das áreas de recarga são fundamentais para a conservação dos recursos hídricos no Planeta.<br><br>De acordo com a pesquisadora, as dúvidas em torno da origem e conservação da água das nascentes e dos rios já preocupavam os filósofos gregos, que devotaram muito tempo no estabelecimento de hipóteses para explicar o fenômeno. Aristóteles e Vitruvius (382 a.C.) acreditavam que a água subterrânea derivava, em sua maior parte, da infiltração da água da chuva no solo. Esses filósofos diziam que as montanhas seriam os lugares ideais para a preservação das águas já que recebem grande quantidade de chuva e neve e não permitem grandes perdas por evaporação, pois a presença da cobertura florestal torna impossível aos raios solares atingirem a superfície e a cobertura de neve permanece por mais tempo em função da floresta densa, conta Tonello.<br><br>No entanto, as explicações não eram unânimes e continuaram envoltas a muita controvérsia ao passar dos anos. Antes do final do século XVII, por exemplo, acreditava-se que a água das nascentes não poderia ser originada das chuvas porque se julgava que os volumes não seriam suficientes e que a terra era demasiadamente impermeável para possibilitar a infiltração e a percolação da água das chuvas, relembra a pesquisadora.<br><br>Ao longo dos séculos XVIII e XIX, como o conhecimento científico ainda não dava conta de responder satisfatoriamente aos questionamentos sobre a origem e conservação da água na superfície terrestre, órgãos governamentais - baseados em especulações e opiniões pessoais - começaram a criar "florestas de proteção", considerando que as florestas estavam sendo derrubadas para dar lugar à agricultura e já havia quem defendesse, seguindo o exemplo dos filósofos gregos, a importância das reservas naturais na manutenção dos recursos hídricos.<br><br>Com o objetivo de embasar cientificamente a opinião daqueles que defendiam o papel protagonista das florestas na origem e conservação das águas, na década de 1930, em Wagon-Wheel Gap, Estado do Colorado (EUA), duas microbacias, adjacentes e florestadas, foram instrumentadas para a medição precisa da chuva e da produção de água (deflúvio). Durante um período inicial, em que ambas as microbacias permaneceram inalteradas do ponto de vista da cobertura florestal, estes dois processos hidrológicos foram monitorados, a fim de se obter uma equação de calibração de uma microbacia em função da outra. Ao término do período de calibração, uma das áreas sofreu o corte raso da floresta, enquanto a outra permaneceu inalterada. Após o tratamento experimental, as medições se prolongaram em ambas as bacias por mais um determinado número de anos. Com o corte da floresta, houve a diminuição da perda de água pelo processo de transpiração, afinal de contas, as florestas também consomem água. Contudo, o solo exposto e sem proteção, tornou-se pobre e compactado, dificultando a infiltração de água da chuva no seu interior, diz a professora da UFSCar.<br><br>A partir desta experiência, ficou mais evidente o papel das florestas na conservação dos recursos hídricos já que em um sistema em equilíbrio, com a preservação da cobertura florestal, a retirada e a reposição da água acontecem de modo sintonizado e todas as perdas são compensadas. Com a preservação das florestas que abrem canais naturais pelo crescimento de suas raízes e interação com microrganismos do solo , o solo permanece em condições ideais para a retenção da água nos volumes necessários para a conservação das nascentes, afirma Tonello.<br><br>Por volta de 1950, todas as unidades do Serviço Florestal Americano possuíam um setor de microbacias experimentais. À época, havia nos Estados Unidos mais de 150 microbacias florestadas experimentais instaladas, e até 1970 haviam sido publicados mais de 2 mil trabalhos sobre estas pesquisas. Das certezas: de todas as influências diretas da floresta, a sua influência sobre os rios e sobre a regularidade de seus escoamentos é das mais significativas para a economia humana, enfatiza a pesquisadora.<br><br><strong>Crise hídrica</strong><br>Recentemente, o Estado de São Paulo enfrentou a pior crise hídrica de sua história. Uma das soluções propostas pelo governo foi realizar obras de transposição de água de uma bacia hidrográfica para outra - do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira. Mas seria essa mesmo uma solução? questiona Tonello. Para a pesquisadora, a crise que enfrentamos está diretamente relacionada com a degradação dos solos, que dificulta a infiltração de água da chuva para recarga da água subterrânea, além da falta de planejamento para o uso sustentável dos recursos hídricos. Fazer a transposição não é a solução mais viável, temos que cuidar e reabilitar todo o sistema, a partir de seu reflorestamento, por exemplo, acredita ela.<br><br>Nessa direção, pesquisas do Hifrolef-UFSCar começam a investigar quanto tempo é necessário para que ações de recuperação florestal possam restabelecer o equilíbrio para o aumento da produção de água na região. Várias são as pesquisas que buscam associar o desenvolvimento da estrutura florestal com indicadores hidrológicos e sua consequência na produção de água em microbacias. Além disso, são desenvolvidos estudos de caracterização da paisagem e nascentes, para um melhor planejamento com vistas à conservação de solo e água. O grupo de pesquisadores da UFSCar conta com diversas parcerias, tanto de empresas privadas, como a International Paper do Brasil, como de organizações não-governamentais, agências de fomento e outras instituições de pesquisa. text/htmltext/plain Data Selecione a data da notícia. 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